23/Jul/2021
A negociação de algodão no disponível segue lenta. As fábricas, em sua maioria, se mostram abastecidas para os próximos meses, mas ainda há demanda da mão para a boca. Do lado da oferta, a safra de Mato Grosso, maior Estado produtor, está atrasada, por isso ainda não há grande volume para cumprimento de contratos ou negociação no disponível. Os preços no Brasil têm oscilado entre altas e quedas. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 5,07 por libra-peso e acumula ganho de 8,20% no mês. A movimentação é lenta para entrega imediata e nos próximos meses. A maior parte das indústrias já fez cobertura para metade do que é necessário ou até mais pelo menos até outubro. Não tem saído muitos negócios no disponível. As fábricas aguardam resultados de HVI e entregas de cargas previamente contratadas. A preocupação é com algodão de Mato Grosso, que tem tanto atraso na colheita como problemas de produtividade e qualidade.
O receio no algodão de Mato Grosso é sobre o que vai sair, fala-se em micronaires mais altos. Não é nada que atrapalhe a exportação, mas as indústrias receosas. As fábricas tendem a ficar mais atuantes no disponível em setembro e outubro. Os produtores se dedicam a cumprir contratos, mas podem colocar parte da produção no disponível à medida que a colheita e o beneficiamento evoluírem para aproveitar os valores mais altos atuais e fazer caixa. Existem ainda rumores de pedidos de rolagem de contratos de pequenos e médios produtores para o ano que vem em virtude de os preços atuais estarem acima dos praticados na época em que o algodão foi negociado antecipadamente. Os preços do algodão seguem firmes no Brasil, influenciados pelos aumentos externos (paridade de exportação, Índice Cotlook A e taxa de câmbio) e pela restrição de vendedores no mercado doméstico.
Os preços do algodão posto no Extremo Oriente (China), representados pelo Índice Cotlook A, voltaram aos maiores patamares em quase três anos, se aproximando de 100,00 centavos de dólar por libra-peso. Consequentemente, a paridade de exportação, em dólar, também está nos maiores níveis desde o início de agosto/2018, apesar de, em Reais, ter voltado apenas aos patamares do fim de abril deste ano. Os agentes seguem atentos à colheita da nova temporada e ao cumprimento de contratos. Os estoques da temporada anterior são considerados baixos, havendo especialmente produto de qualidade inferior, o que dificulta as negociações. Entretanto, as indústrias brasileiras estão mais ativas nos últimos dias, elevando os valores para a compra, na tentativa de atrair vendedores ao mercado spot. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) reduziu a previsão de demanda por algodão do Estado em 2020/2021 para 1,632 milhão de toneladas, ante 1,700 milhão de toneladas projetados em abril. A previsão de exportação caiu de 1,117 milhão de toneladas para 1,101 milhão de toneladas.
O consumo interestadual recuou de 542.354 toneladas para 501.754 toneladas, enquanto a demanda dentro de Mato Grosso cedeu para 29.278 toneladas, ante 40.678 toneladas previstas anteriormente. O ajuste se deve principalmente à menor oferta de algodão no Estado. Diante da redução na oferta, as exportações da safra recuaram 1,42% em relação ao primeiro relatório de 2021 e 33,48% ante a safra passada. No cenário nacional, a menor produção também se reflete na estimativa de consumo interestadual e dentro de Mato Grosso. A previsão de oferta caiu de 1,704 milhão de toneladas para 1,634 milhão de toneladas, puxada principalmente pela redução na perspectiva de produção, de 1,657 milhão de toneladas para 1,620 milhão de toneladas. É a menor safra dos últimos dois anos. Há interesse de compra para entrega de janeiro a julho de 2022, mas, por enquanto, sem acordo sobre preços com vendedores.
As fábricas que precisam de algodão de maior qualidade, com HVI mais restrito, estão monitorando basis e vendo preços para tentar garantir qualidade para o primeiro semestre do ano que vem. Tradings oferecem algodão internamente a 95,00 centavos de dólar por libra-peso, posto em São Paulo para esse período, valor que daria em torno de R$ 5,15 por libra-peso. A maior parte das fábricas comprou entre R$ 4,70 e R$ 4,80 por libra-peso. Apesar de as ofertas estarem perto do Esalq, os compradores estão cautelosos. As indústrias preferem aguardar, na expectativa de que os preços caiam abaixo de R$ 5,00 por libra-peso caso o dólar recue ante os níveis atuais. Para a negociação antecipada da safra 2021/2022, há ofertas por 500 pontos acima do contrato dezembro do ano que vem, mas os compradores indicam no máximo entre 350 e 400 pontos FOB Porto de Santos (SP), dependendo da qualidade. Há uma diferença de 100 a 200 pontos entre o que vendedor quer negociar e o que comprador pode pagar. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.