16/Jul/2021
A negociação de algodão avança pouco no Brasil, com poucas ofertas para pronta entrega de produtores e tradings ofertando mais no mercado interno de agosto em diante. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 5,02 por libra-peso e acumula alta no mês de 7,10%. As indústrias compram apenas o necessário para manter atividades enquanto aguardam maior volume da safra 2020/2021. A disponibilidade de algodão de Mato Grosso, maior produtor, ainda é restrita. Os agentes estão preocupados com a produtividade e a qualidade da safra. Surgem ofertas de algodão da Bahia para pronta entrega, mas acima do Esalq, e de tradings abaixo do Esalq, só que para os próximos meses. Tradings indicam R$ 4,95 por libra-peso, para entrega na Região Sudeste em agosto e setembro. Os comerciantes oferecem fibra da Bahia a R$ 5,10 por libra-peso no disponível posto em São Paulo. A maior parte das fábricas está abastecida, mas as que trabalham da mão para a boca estão tendo que pagar mais caro pela fibra neste momento.
O volume disponível só deve aumentar a partir de 15 de agosto. Mas, deve ser um volume inicial pequeno, porque tem contrato para cumprir. Agora, o que preocupa mais é que a safra atrasou e apresenta perdas de produtividade e qualidade em Mato Grosso. Mato Grosso do Sul está colhendo e beneficiando, mas sobra pouco volume para ofertar no disponível, pois praticamente todo o algodão que está sendo beneficiado é endereçado para cumprir contrato de exportação. Há pouco interesse de compra, com a maioria das fábricas reduzindo o consumo. Os compradores consideram os preços muito altos. Os vendedores, por outro lado, não disponibilizam algodão pelo índice Esalq. A oferta da fibra tende a crescer só a partir de setembro. Antes disso o foco deve ser o cumprimento de contratos. A expectativa é de redução na produção de Mato Grosso do Sul em virtude da diminuição de área e do clima seco no mês de maio.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o ritmo lento na colheita do algodão em Mato Grosso e a preocupação quanto aos resultados das lavouras fizeram com que a venda da pluma da safra 2020/2021 não avançasse no mês de junho. Até o momento, 78,02% da produção prevista está comercializada, avanço de 0,59% ante maio. O valor médio da fibra recuou 4,09% na comparação mensal devido à desvalorização do dólar em junho. Ainda assim as negociações seguem adiantadas ante a média de cinco anos (74,95%). Em relação à safra 2021/2022, até o mês de junho a comercialização da pluma alcançava 31,02% da produção, avanço de 3,08% na comparação mensal. Há atraso de 4,70% ante a temporada 2020/2021 e de 6,98% ante a média dos últimos cinco anos. Isso se deve à incerteza quanto à produção em 2022 e à concorrência por área com o milho na 2ª safra. O preço médio negociado no mês passado fechou em R$ 129,82 por arroba no Estado.
Segundo o Itaú BBA, os preços na Bolsa de Nova York devem seguir firmes nos próximos meses, sustentados pelo aperto no balanço de oferta e demanda global na safra 2020/2021 e pela expectativa de pouca mudança nesse cenário na safra 2021/2022. Combustível adicional para a sustentação das cotações da fibra no curto prazo deve vir da esperada firmeza das cotações do petróleo. Sinais de piora das condições climáticas nos Estados Unidos também podem abrir espaço para altas. As cotações têm encontrado sustentação nos últimos dados de oferta e demanda apresentados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que reduziu a estimativa de estoques da pluma na temporada 2020/2021. Em contrapartida, a parcela da safra de algodão 2021/2022 dos Estados Unidos classificada como em condições "boas" ou "excelentes" aumentou em 4% na última semana, para 56%. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.