09/Jul/2021
As negociações de algodão têm evoluído pontualmente com alguns produtores da Região Centro-Oeste ofertando lotes da safra 2020/2021, que está sendo colhida, no mercado disponível e fábricas aproveitando para se abastecer. Altas recentes dos futuros e do dólar reduziram, contudo, a oferta de tradings no mercado interno. A disponibilidade ainda restrita da pluma, com a colheita e o beneficiamento no começo, dá suporte às cotações do cereal. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, registra alta de 1,04% nos últimos sete dias, para R$ 4,86 por libra-peso, na quinta alta consecutiva.
O ganho no mês é de 3,78%. Há registro de negócios pontuais de volumes da safra nova. A indústria que tem demanda está pagando Esalq. Os lotes vêm principalmente de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, direto de produtores e cooperativas. Com a alta na Bolsa de Nova York e do dólar, trading perdeu a janela para colocar algodão internamente. Muitas multinacionais tampouco têm algodão para ofertar para pronta entrega. Os negócios entre produtores e indústrias saíam a fixar pelo Esalq futuro referente ao dia anterior ao do faturamento. Fábricas com necessidade mais urgente estão mais atuantes no mercado spot, mas outras acreditam em uma queda dos preços do algodão e estão consumindo os seus estoques.
O plantio tardio, a prioridade ao cumprimento dos contratos a termo e a preocupação com a qualidade da pluma, aliados à baixa disponibilidade de algodão neste momento e à alta dos futuros e do dólar, têm dado sustentação aos preços. A indústria que não se atentar a esse detalhe pode pagar mais caro. Além disso, o produtor evita comprometer grandes volumes, já que não sabe, devido ao plantio tardio, o que de fato vai colher. O volume de algodão no disponível tende a crescer a partir da segunda quinzena do mês que vem. Os preços internos do algodão estão mais firmes neste início de julho. A sustentação vem da restrição de vendedores, que, neste início de safra, se mostram incertos quanto à produtividade e à qualidade da pluma.
Além disso, muitos produtores já comprometeram bons volumes por meio de contratos a termo, limitando a oferta no spot. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), 5,5% do total da área da safra 2020/2021 havia sido colhida até o dia 1° de julho. Conforme o levantamento, na Bahia e em Tocantins, a área colhida chegou a 12%; em Goiás, a 14%; no Maranhão, a 7%; em Minas Gerais, a 22%; em Mato Grosso do Sul, a 25%; no Piauí, a 15%; em São Paulo, a 65%; no Paraná, a 98% e em Mato Grosso, a 2%. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) manteve a previsão de produção em Mato Grosso 2020/2021 em 3,94 milhões de toneladas de algodão em caroço e 1,62 milhão de toneladas de algodão em pluma.
Nas últimas semanas, a colheita do algodão teve início em Mato Grosso e, até o dia 2 de julho, apenas 2,34% das áreas foram colhidas. As primeiras áreas no Estado são de algodão de 1ª safra, que geralmente apresentam melhor rendimento. As boas condições dessas lavouras já se refletem nos rendimentos dos talhões colhidos. A produtividade dessas áreas ultrapassa 310 arrobas por hectare de algodão em caroço na média do Estado. Contudo, apesar dos altos rendimentos da colheita até aqui, a falta de chuva e a baixa umidade do solo em períodos importantes para o desenvolvimento das plantas prejudicaram as lavouras mais tardias em algumas regiões do Estado, o que tende a se refletir no resultado final da safra.
Além disso, as baixas temperaturas observadas em Mato Grosso e pontos de geada em alguns municípios produtores na última semana também poderão influenciar nas lavouras que ainda estão em desenvolvimento, principalmente nas ponteiras da planta. Para a comercialização futura, foram reportados negócios para 2022 a preço fixo de R$ 4,60 por libra-peso mais ICMS posto nas Região Sudeste e Sul, para entregas entre agosto e dezembro do ano que vem, com algumas indústrias buscando garantir parte do seu suprimento. Para 2023, há registro de negócios a fixar pelo Esalq do dia anterior à data do faturamento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.