17/Jun/2021
As negociações de algodão avançam pontualmente no mercado disponível, uma vez que indústrias seguem concentradas em garantir suprimento a partir de agosto e, em alguns casos, do começo de 2022, e têm conseguido originar alguns lotes vendidos por tradings. Para exportação, são reportados negócios de produtores com multinacionais apenas para a safra 2021/2022. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias registra recuo de 0,54%, para R$ 4,96 por libra-peso. O recuo no mês já chega a 1,60%. Para entrega em junho e julho, a negociação está com baixa liquidez, sem negócios novos para mercado interno ou exportação, devido à pouca disponibilidade de algodão da safra 2020. No mercado doméstico, fábricas estão abastecidas. O que tem surgido de mais negócios e consultas é para entrega de agosto em diante no mercado interno. Há fábricas consultando de agosto a dezembro, e algumas para o começo de 2022. Neste caso, não há muita oferta de produtor, principalmente de Mato Grosso, que está com expectativa de produtividade mais baixa e vai ter atraso para colher.
O agente vendedor para esses negócios são as tradings. Têm ocorrido alguns negócios no mercado interno de trading vendendo para indústria esse algodão da safra 2020/2021 para entrega de agosto para frente. Quanto ao disponível, haveria interesse de compra entre R$ 4,80 e R$ 4,90 por libra-peso, para entrega em junho e julho, mas são volumes pequenos e negócios esporádicos. Embora alguns Estados tenham iniciado a colheita em poucas áreas, como Bahia, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, o beneficiamento está começando aos poucos. Ainda não tem volume considerável de oferta. Os preços do algodão em pluma estão relativamente estáveis, mas ainda em patamares elevados. "Há quase dois meses, os valores da pluma no Brasil estão cerca de 23% acima dos da paridade de exportação, indicando a atratividade das vendas domésticas em detrimento das exportações. Os agentes do mercado seguem focados nas negociações de contratos a termo em detrimento do spot.
As indústrias adquirem apenas o necessário para atender à demanda imediata e/ou para repor estoques. Os comerciantes se voltam às compras, no intuito de cumprir contratos firmados anteriormente e/ou tentam realizar vendas 'casadas'. Para entrega a partir de agosto, os acordos ocorrem entre R$ 4,70 e R$ 4,75 por libra-peso posto em fábrica na Região Sudeste. A indicação de indústrias é esse nível de preços, e em alguns momentos as tradings conseguem chegar nesse valor. Como os produtores não estão aceitando negociar em virtude das incertezas sobre a safra, quem oferta internamente são tradings, que receberão em breve algodão adquirido de produtores em contratos flex. O algodão já está contratado de negócios feitos anteriormente. À medida que trading vai receber esse algodão, já está fazendo vendas de parte disso no mercado interno. Há uma dinâmica um pouco diferente comparada aos dois últimos anos, de que as tradings estão participando mais dessas vendas por conta de uma produção menor neste ano e desse atraso na safra de Mato Grosso. Com todos esses fatores, não tem oferta de produtor para indústria.
Para entrega a partir de janeiro, as negociações têm ocorrido mais na modalidade a fixar. Como o prazo está mais distante, tem maior risco de variação na Bolsa de Nova York e câmbio. É mais para a indústria garantir uma programação, mas com a definição do preço podendo ser feita mais para frente. São reportados ainda negócios para exportação, mas apenas para entrega no segundo semestre de 2022, de produtores para tradings. Nesta semana, os acordos estão sendo fechados na faixa de 82,00 a 83,00 centavos de dólar por libra-peso FOB no Porto de Santos (SP). O produtor está fazendo mais vendas para a safra 2022 do que para a pronta entrega e para 2021. A Bolsa Brasileira de Mercadorias informou que já registra negócios de compra e venda da fibra com entrega para 2023 de aproximadamente 10 mil toneladas de algodão negociadas por diferentes corretoras associadas. Os grandes produtores já vão se protegendo e fazendo a antecipação de todo planejamento. Mesmo com os preços não sendo tão convidativos para 2023, os negócios são realizados com 'preços a fixar'.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) destacou que a preocupação quanto à produção de algodão em Mato Grosso da safra que está no campo (2020/2021) limita o avanço das negociações da pluma produzida no Estado. Com os primeiros talhões sendo colhidos no Estado, produtor aguarda os resultados das lavouras para negociar grandes volumes. Em maio, as vendas da pluma alcançaram 77,43% da produção, avanço de 0,11% em relação ao mês de abril. A comercialização está atrasada ante igual período de 2020 (78,42%), mas adiantada ante a média de cinco anos (71,98%). Para a safra 2021/2022, mesmo com o preço médio da pluma apresentando valorização de 10,68% no mês de maio ante o anterior, as negociações avançaram somente 2,65% no período, totalizando 27,94% da produção. Diante desse cenário, a comercialização da fibra está atrasada em 4,5% quando comparada à safra 2020/2021, e 4,31% no comparativo com a média dos últimos cinco anos.
Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa nesta quarta-feira (16/06). O mercado foi pressionado pelo fortalecimento do dólar ante as principais moedas, que torna commodities produzidas nos Estados Unidos menos atraentes para compradores estrangeiros. O vencimento dezembro da pluma, o mais líquido, recuou 85 pontos (0,98%), para 85,95 centavos de dólar por libra-peso. Na semana passada, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), reduziu a sua previsão de estoque final do país em 2021/2022 de 674.932 toneladas para 631.388 toneladas. Quanto à safra 2020/2021, o governo norte-americano cortou sua estimativa de 718.476 toneladas para 685.818 toneladas. Também na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu a previsão de produção do Brasil em 2020/2021 para 2,342 milhões de toneladas, contra 2,441 milhões de toneladas no mês anterior. A queda ante o ciclo passado, quando o Brasil colheu 3,001 milhões de toneladas, é de 22,0%. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.