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16/Jun/2021

Preço do algodão acima da paridade de exportação

Os preços do algodão em pluma estão relativamente estáveis, mas ainda operando em patamares elevados. Inclusive, há quase dois meses, os valores da pluma no Brasil estão cerca de 23% acima dos da paridade de exportação, indicando a atratividade das vendas domésticas em detrimento das exportações. Entretanto, o mercado brasileiro deve absorver apenas cerca de 17% da disponibilidade interna, o que exige exportações de altos volumes. No geral, os agentes do mercado seguem focados nas negociações de contratos a termo, mantendo baixa a liquidez no spot. As indústrias adquirem apenas o necessário para atender à demanda imediata e/ou para repor estoques. Comerciantes se voltam às compras, no intuito de cumprir contratos firmados anteriormente e/ou tentam realizar vendas “casadas”. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra leve recuo de 0,02%, cotado a R$ 4,98 por libra-peso. Na parcial do mês, o movimento é de baixa, de 1,07%. Enquanto isso, as exportações caminham para um novo recorde mensal.

Em apenas oito dias úteis, foram embarcadas 47,2 mil toneladas, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o que corresponde a 83,2% do volume total escoado em junho/2020 (21 dias úteis). A média diária de exportação está atualmente em 5,9 mil toneladas, 7,5% acima da média diária de maio/2021 (5,5 mil toneladas). Quanto às negociações antecipadas, parte das indústrias busca garantir a matéria-prima por meio de contratos a termo, envolvendo, principalmente, a safra 2020/2021. Vale considerar que os vendedores também aproveitaram o momento de alta nos contratos da Bolsa de Nova York e realizaram fixação de preços de contratos que estavam em aberto. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,25 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,26 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos registram alta nos últimos sete dias, devido ao atraso da semeadura e à menor projeção de estoques da safra 2021/2922 nos Estados Unidos.

Os vencimentos Julho/2021 e Outubro/2021 apresentam valorização de 0,7% no período, fechando respectivamente a 84,95 centavos de dólar por libra-peso e a 86,88 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2021 está cotado a 86,13 centavos de dólar por libra-peso (+ 1%), e o Março/2022, a 85,98 centavos de dólar por libra-peso (+ 0,9%). Em relatório divulgado no dia 10 de junho, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a área de algodão na safra 2020/2021 deve somar 1,37 milhão de hectares, recuos de 17,9% sobre a de 2019/2020 e de 0,8% frente ao relatório anterior. A produtividade é estimada em 1.713 quilos por hectare, 4,9% menor que a da temporada passada. Assim, a produção deve ser de 2,342 milhões de toneladas, retração de 22% frente à safra 2019/2020. O consumo de algodão em pluma deve ficar em 680 mil toneladas na temporada 2020/2021, contra 600 mil toneladas na temporada passada. Entretanto, como a disponibilidade interna está prevista em 4,11 milhões de toneladas, as exportações de 2021 poderão somar 2,23 milhões de toneladas, um recorde.

O estoque previsto para dezembro/2021 é de 1,2 milhão de toneladas, contra 1,7 milhão em dezembro/2020. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), também divulgados no dia 10 de junho, a produção mundial na temporada 2020/2021 está estimada em 24,6 milhões de toneladas, 6,7% menor que a anterior. O consumo deve somar 25,7 milhões de toneladas, aumento de 14,8% em relação ao da safra 2019/2020. As transações entre os países poderão totalizar 10,3 milhões de toneladas em 2020/2021, com altas de 16,5% nas importações e de 14,4% nas exportações se comparadas às da safra 2019/2020. Assim, o estoque mundial da temporada 2020/2021 deve ser de 20,26 milhões de toneladas, queda de 5% frente à safra passada. Para a safra 2021/2022, a produção global deverá ser 5% maior que a da temporada anterior, chegando em 25,9 milhões de toneladas. Vale considerar que a produção da China, até o momento, é a única para a qual está prevista retração (-9,3%).

O consumo global, por sua vez, pode crescer 3,8%, indo para 26,7 milhões de toneladas. A comercialização deve ser de 10,1 milhões de toneladas (com recuos de 1,8% nas importações e de 1,7% nas exportações). Para o Brasil, especificamente, mesmo com o aumento de 2,8% frente a estimativa de maio/2021, as exportações devem cair 15,9% se comparadas às de 2020/2021. Assim, o estoque mundial na safra 2021/2022 foi projetado em 19,4 milhões de toneladas, 4% abaixo do da anterior. Sendo que o USDA estimou que o estoque brasileiro deve ficar em 2,7 milhões de toneladas, queda de 6% frente ao relatório passado, mas ainda 7,9% maior que o da temporada 2020/2021. Os Estados Unidos, por sua vez, tiveram reajuste negativo na previsão de estoque, ficando em 631 mil toneladas, o menor desde a safra 2016/2017, quando foi de 598,75 mil toneladas. Quanto ao preço médio da temporada 2021/2022 nos Estados Unidos, está previsto em 75,00 centavos de dólar por libra-peso, 8,00 centavos de dólar por libra-peso acima do verificado na safra 2020/2021 (67,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.