02/Jun/2021
A acirrada “queda de braço” entre agentes do setor de algodão em pluma limitou as negociações ao longo de maio e resultou em oscilações nos preços. Agentes de indústrias ofertaram valores mais baixos na compra de novos lotes, adquirindo volumes suficientes apenas para atender à necessidade imediata. Esses demandantes estão preocupados com o enfraquecimento das vendas de produtos finais e alegam não conseguir repassar as altas da matéria-prima. Os comerciantes compraram a pluma para cumprimento de suas programações, mas mostraram dificuldades em realizar novos negócios “casados”. Os vendedores estiveram firmes nos preços indicados, mas uma parte das tradings disponibilizou alguns lotes a valores mais atrativos, influenciando a queda no valor médio. Os produtores, por sua vez, voltaram as atenções à temporada 2020/2021, principalmente ao algodão de 2ª safra de Mato Grosso, que deve apresentar menor produtividade.
Além disso, estes agentes já estão com boa parte do volume comprometido e/ou estão capitalizados. As negociações de contratos a termo estiveram mais aquecidas em maio, mesmo com a disparidade de preço entre os compradores e vendedores. Os compradores estiveram mais ativos nas comercializações envolvendo a pluma da safra 2020/2021, especialmente, e da safra 2021/2022. Para exportação, os novos fechamentos apresentaram lentidão, mas os embarques continuam aquecidos. Entre 30 de abril e 31 de maio, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 2,5%. Nos últimos sete dias, a queda é de 2,26%, cotado a R$ 5,04 por libra-peso. A média mensal do Indicador, no entanto, está em R$ 5,15 por libra-peso, 4,44% maior que a média de abril, expressivos 94,71% superior à de média de maio/2020 e um recorde, em termos nominais.
Mas, quando os valores são corrigidos pelo IGP-DI de abril/2021, a média de março está 47,45% acima da média de maio/2020 e é a maior desde junho de 2018 (R$ 5,58 por libra-peso). Segundo dados divulgados no dia 31 de maio pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a produtividade de algodão em caroço em Mato Grosso deve ser de 279,07 arrobas por hectare, queda de 9% frente à temporada anterior e recuo de 1,29% se comparado com os dados do dia 3 de maio. A redução está atrelada ao menor volume de chuvas em maio em várias regiões do estado, contexto que prejudica especialmente as áreas semeadas após a segunda quinzena de fevereiro. A produção do Estado está projetada em 1,62 milhão de toneladas de pluma, 25,03% menor que a da temporada 2019/2020. Em maio, o Indicador ficou, em média, 23% maior que a paridade de exportação. Esta foi a maior vantagem registrada desde janeiro de 2017, quando chegou em 23,3%.
Entre 30 de abril e 31 de maio, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) foi de R$ 4,07 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,08 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. O dólar se desvalorizou 3,85% frente ao Real no mesmo comparativo. Os contratos na Bolsa de Nova York acumularam baixa em maio, pressionados, especialmente, pela desvalorização externa do petróleo e pela alta do dólar frente às principais moedas. De 30 de abril a 28 de maio, o vencimento Julho/2021 caiu 6,77%, fechando a 82,12 centavos de dólar por libra-peso (dia 31 de maio foi feriado nos Estados Unidos). O contrato Outubro/2021 fechou a 83,78 centavos de dólar por libra-peso (-3,11%), o Dezembro/2021, a 83,32 centavos de dólar por libra-peso (-2,05%), e o Março/2022, a 83,31 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.