07/Mai/2021
Os preços do algodão seguem firmes no mercado brasileiro, mas o ritmo de alta está reduzido em relação ao observado na semana passada, com fábricas já mais abastecidas para as suas necessidades de entressafra e tradings ofertando algodão no mercado interno. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 5,20 por libra-peso. A alta no acumulado de maio é de 0,67%. Em abril, os preços subiram 7,52%. A maioria das fábricas está começando a fechar as posições de entressafra e isso significa não precisar de algodão até agosto. As indústrias que consomem maior volume e demandam fibra de maior qualidade estão praticamente abastecidas, enquanto as que consomem menos algodão e necessitam de qualidade não tão alta seguem comprando da mão para a boca.
A movimentação de fábricas após a retomada do comércio nos grandes centros para garantir suprimento vinha dando suporte aos preços até a semana passada, assim como a escassez de ofertas de produtores. Fábricas, principalmente as que demandam qualidade mais alta, chegaram a ficar um pouco preocupadas com o que ia acontecer na entressafra e acabaram tentando se proteger. Mas, uma parte importante na formação desse preço é a situação privilegiada de produtor. Nesta semana, o mercado tem liquidez entre R$ 5,10 e R$ 5,20 por libra-peso, com negócios de tradings para o mercado interno sendo reportados no piso desse intervalo para entrega no mês que vem. Os produtores têm pouco volume armazenado de algodão de qualidade superior e estão capitalizados, sem pressa para desovar os lotes remanescentes.
Boa parte do algodão agora está nas mãos de tradings, que, apesar de continuarem embarcando grandes volumes para o exterior, também apresentam alguns lotes internamente porque os preços domésticos estão acima da referência para exportação. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão somaram 176,99 mil toneladas em abril, 95,44% mais do que em igual mês de 2020, quando foram embarcadas 90,56 mil toneladas do produto. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o País embarcou 908,33 mil toneladas de algodão, volume 28,01% maior em relação ao acumulado dos quatro primeiros meses de 2020, quando o País exportou 709,56 mil toneladas. Mesmo com o dólar operando em alto patamar, as vendas internas de algodão em pluma vêm remunerando mais que as externas.
Em abril, a média do Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias ficou 12,5% acima da paridade de exportação, a maior vantagem da venda interna sobre as externas desde junho de 2018, quando a diferença atingiu 17%. Para a safra 2021/2022, as fábricas que fecharam suas compras para a entressafra indicam R$ 4,80 por libra-peso para o segundo semestre por algodão 31.4, mas nesse valor não surge interesse de venda. Entre os grandes produtores, a Bahia deve ter algodão pronto no fim de junho, mas restam dúvidas sobre quanto chegará ao mercado interno, uma vez que grande parte da safra é negociada antecipadamente. Além disso, tradings pagam prêmio para receber antes, aproveitando para embarcar volumes enquanto a concorrência da safra do Hemisfério Norte não se intensifica. Apesar do clima seco em áreas produtoras, por enquanto a leitura do mercado é de que não há comprometimento da 2ª safra de algodão como ocorre com a de milho, ainda que sejam necessárias chuvas mais adiante.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) reduziu a previsão de produção de algodão em pluma em Mato Grosso na safra 2020/2021, que está no campo, para 1,641 milhão de toneladas, contra 1,657 milhão de toneladas previstas até abril. O novo número representa redução de 24,05% ante a temporada anterior. A produção é a menor desde a safra 2017/2018, quando o Estado colheu 1,362 milhão de toneladas. Mesmo com as lavouras apresentando desenvolvimento satisfatório até o momento em grande parte das regiões, as chuvas para o mês de maio tendem a diminuir consideravelmente, de acordo com as previsões e como é historicamente observado no Estado. Boa parte (68,29%) das áreas foram plantadas fora da janela ideal, por isso as lavouras plantadas mais tarde poderão sofrer com falta de chuva e baixa umidade no solo, limitando o potencial produtivo e se refletindo em redução na produtividade esperada para a safra. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.