15/Abr/2021
Os preços do algodão no Brasil avançaram na última semana, revertendo a tendência de recuo observada desde a segunda quinzena de março. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias se mantém praticamente estável, a R$ 4,82 por libra-peso. Nos últimos dias, porém, acumula alta de 1,17%. A sustentação vem da posição mais firme de vendedores, que estão atentos às altas nos preços externos da pluma e nas estimativas indicando menor produção interna e possível novo recorde nas exportações da commodity. Apesar dos preços mais firmes, a comercialização no mercado interno evolui pouco, com indústrias retraídas dos negócios. A liquidez de negócios no spot continua limitada pela baixa demanda das fábricas. As indústrias alegam estar abastecidas frente à demanda atual e receosas diante do arrefecimento das vendas de fios e tecidos. As negociações têm ocorrido pontualmente. Os compradores estão com o pé no freio para efetivar novos contratos e seguem administrando estoques.
A cautela das fábricas deve-se a dois fatores: restrições ao comércio em decorrência das medidas de controle da pandemia de Covid-19 e dúvidas quanto ao funcionamento das plantas diante da mudança nas fases de isolamento social. Enquanto não houver definição ou perspectiva de cenário, as têxteis vão continuar comprando volume estritamente necessário para reposição. Nesse cenário, apenas lotes pontuais e de baixo volume rodam na base do Indicador Esalq. Por outro lado, os vendedores mantêm propostas firmes de preços para lotes remanescentes, sem ceder. Os preços chegaram em um patamar que exigem repasse da indústria ao preço final, porém em momento de alto desemprego e retração no consumo. Os produtores indicam entre R$ 4,80 e R$ 4,81 por libra-peso posto fábrica na Região Sudeste e trading indica em média R$ 4,93 por libra-peso nas mesmas condições. Os preços firmes na Bolsa de Nova York e o dólar acima de R$ 5,60 vêm sustentando as cotações no Brasil.
Com isso, tradings pedem cerca de 300 pontos acima do vencimento julho em na Bolsa de Nova York para mercado interno. Nas exportações, as pedidas variam entre 250 e 450 pontos acima do vencimento julho de Nova York. Para a safra 2020/2021, que entra em julho no mercado, os produtores seguram a oferta em virtude das incertezas climáticas e de produtividade. O produtor está muito receoso e preocupado com a produção aguardando novas chuvas. Fala-se em quebra de 20% que pode significar comprometimento de vendas de 75% da safra para quem já comercializou metade da colheita prevista. Não há sequer referência de preço no mercado em virtude da ausência de propostas. Em relação aos negócios antecipados envolvendo lotes da temporada 2021/2022, as ofertas não atraem vendedores. A indicação do comprador é de 200 pontos acima do vencimento dezembro da Bolsa de Nova York FOB. As dúvidas quanto à safra 2020/2021, que está no campo, foram expostas também pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) em boletim de safra de abril.
O Imea informou que o Estado comercializou 68% de algodão em pluma da temporada 2020/2021. O ritmo segue 8,71% atrasados em relação à safra passada, por causa do receio da menor produção. A produção deve ser de 1,66 milhão de toneladas de pluma de algodão, diminuição de 23% ante 2019/2020. O grande percentual de áreas semeadas fora da janela ideal de cultivo e as previsões climáticas em abril e maio apontando para menores chuvas deixam dúvida sobre o possível impacto na produtividade ou até mesmo na qualidade da fibra até o final do desenvolvimento da cultura. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) também atualizou suas estimativas de safra. A produção brasileira de algodão na temporada 2020/2021 deve somar 2,410 milhões de toneladas, queda de 20% ante o ciclo 2019/2020. A área plantada foi 17% menor, a 1,35 milhão de hectares. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.