ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Mar/2021

Preços do algodão em baixa com a fraca demanda

O preço do algodão no mercado disponível registra novas quedas no Brasil. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, apresenta sua terceira baixa seguida, de 0,39%, para R$ 4,89 por libra-peso. No mês, a perda já chega a 3,26%. A combinação de queda dos preços futuros na Bolsa de Nova York, recuo do dólar ante o Real, demanda mais fraca de indústrias e aumento das ofertas tem pressionado as cotações. Nos últimos sete dias, o contrato maio na Bolsa de Nova York acumula baixa de mais de 4%, enquanto o dólar tem queda de menos de 0,50% no período. Há registro de negócios pontuais a R$ 170,00 por arroba com impostos para retirada em fazenda da Região Centro-Oeste no spot. Hoje, a oferta supera a demanda. A situação mudou em relação ao observado no mês passado não só em virtude dos recuos dos futuros e do dólar, mas também devido às restrições de atividades comerciais em São Paulo e no Rio de Janeiro por causa das medidas de controle da pandemia de Covid-19.

Com isso, a cadeia têxtil já começa a perceber sinais de enfraquecimento similares aos observados há um ano, durante a primeira onda da pandemia. Há solicitações de prorrogação de prazo de pagamentos ou contas a pagar e até mesmo alguns cancelamentos de pedidos. É um sinal de que a ponta do varejo travou. Uma combinação de fatores pressiona as cotações: aumento de oferta, recuo da demanda e do dólar, e preços mais fracos na Bolsa de Nova York mais fracos. Tudo isso pressiona o mercado interno. O viés é de baixa no curto prazo para o algodão. A diferença em relação a igual período do ano passado é que fábricas estão mais bem abastecidas. A indústria está com estoques maiores e isso pode impactar com relação à retomada. Em 2020, após a flexibilização dos bloqueios, quase todas as fábricas voltaram às aquisições. Hoje, as indústrias têm um estoque maior do que no ano passado. Com a queda recente dos preços, produtores e cooperativas com necessidade mais imediata de recursos para pagar contas ofertavam lotes para não ter de vender a fibra mais barata depois.

Dependendo do momento do mercado, tradings também apresentam volumes internamente abaixo do Esalq. À medida que a pandemia de Covid-19 se agrava no Brasil, resultando em restrições mais severas no comércio, as indústrias se afastam das compras de novos lotes de algodão em pluma. Em especial, apenas as indústrias que produzem itens hospitalares estão mais ativas, mas estas representam pequena parcela do mercado. Assim, os fechamentos são pontuais e envolvem baixos volumes. Contudo, o Indicador ainda está em média 11% maior do que a paridade de exportação. Conforme o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a paridade de exportação do algodão em pluma em Mato Grosso recuou 1,23% e 2,63% nos últimos sete dias para os contratos com vencimento em julho e dezembro de 2021. Desta forma, o preço médio para esses contratos é de, respectivamente, R$ 159,06 e R$ 153,30 por arroba.

Os principais motivos para o recuo estão atrelados à desvalorização da pluma na Bolsa de Nova York, como reflexo das condições climáticas nos Estados Unidos, e à queda do dólar ante o real, em razão do aumento da taxa básica de juros no Brasil. Apesar das quedas semanais, as cotações ainda estão acima de igual período de 2020, com diferenças de +76,42% e +65,3% para os contratos julho/2020 e dezembro/2020. Com a demanda aquecida e o dólar acima de R$ 5,00, os preços tendem a se manter firmes. Enquanto isso, os embarques seguem aquecidos. O País superou em três semanas deste mês todo o volume embarcado em março do ano passado. Foram 153,804 mil toneladas nos 15 dias úteis. Em março de 2020, saíram do País 140,323 mil toneladas. A média diária de exportação, de 10,253 mil toneladas, segue acima das 6,378 mil toneladas de março de 2020. A receita obtida até o momento com os embarques totaliza US$ 254,87 milhões. Em março de 2020, foram US$ 222,28 milhões.

Para negociação futura da safra 2021/2022, saíram em torno de 10 a 15 dias atrás negócios a fixar pelo Esalq do dia do faturamento e a preço fixo por R$ 4,90 por libra-peso, para embarques de agosto a dezembro. Atualmente, contudo, as indústrias indicam R$ 4,80 por libra-peso, mas os produtores não aceitam fechar acordos por esse valor. As negociações também estão travadas em virtude do receio quanto ao efeito da semeadura tardio sobre a produção. Agora, as indústrias estão procurando mais algodão a preço fixo. Mas, o produtor está em dúvida com relação ao atraso no plantio. Como plantou atrasado, precisa contar com chuvas prolongadas para ter qualidade no algodão. Ainda assim, as chuvas intensas na Região Centro-Oeste nas últimas semanas favoreceram a cultura até agora. Em relatório divulgado nesta semana, o Rabobank estimou que a produção de algodão do Brasil em 2020/2021 deve ficar entre 2,3 milhões e 2,6 milhões de toneladas.

A queda na área plantada de algodão deve ser de 14% devido à concorrência com soja e milho, que estão com preços elevados. O número de produção foi estimado com base em linha de tendência de produtividade, mas, com o atraso da semeadura, há risco climático relacionado à produtividade e à qualidade da fibra. Além da redução de área no Brasil, a perspectiva de plantio nos Estados Unidos ainda é incerta. Por enquanto, a expectativa é de estabilidade na área plantada. A melhora das margens tem levado a uma disputa acirrada entre as principais commodities (soja, milho, algodão). Após o baque na demanda global de algodão em 2020 em decorrência da pandemia de Covid-19 e da retração econômica, o ano de 2021 deve ser de recuperação. A previsão para 2020/2021 é de um aumento de 13% na demanda no mundo em relação ao ciclo anterior, para um total de 24,6 milhões de toneladas de algodão. Para a safra 2021/2022, é projetado aumento de 4%, o que deve indicar uma recuperação total da demanda pós-Covid-19. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.