24/Mar/2021
À medida que a pandemia de Covid-19 se agrava no Brasil, resultando em restrições mais severas no comércio, incertezas quanto à demanda crescem e mantêm agentes de indústrias afastados das compras de novos lotes de algodão em pluma. Em especial, apenas as indústrias que produzem itens hospitalares estão mais ativas, mas estas representam pequena parcela do mercado. Assim, os fechamentos são pontuais e envolvem baixos volumes. Diante disso, a oferta doméstica, ainda que restrita, já tem superado a demanda. Esse cenário, atrelado às recentes quedas nos preços internacionais da pluma, pressiona os valores do algodão no mercado brasileiro.
O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 2,4% nos últimos sete dias e, na parcial deste mês, 2,9%, cotado a R$ 4,91 por libra-peso. A média do Indicador na parcial de março/2021 está em R$ 5,08 por libra-peso, ainda 6,26% maior que a do mês anterior e expressivos 74,38% superior à média nominal de março/2020. A média atual também é a maior, em termos nominais, de toda a série histórica do Cepea, iniciada em 1996. No entanto, quando deflacionada pelo IGP-DI de fevereiro/2021, a média de março/2021 está 36,38% acima da de março/2020 e é a maior desde junho/2018, quando atingiu R$ 5,34 por libra-peso.
Contudo, o Indicador ainda está, em média, 11% maior que a paridade de exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), é de R$ 4,38 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,39 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. As exportações seguem aquecidas. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nas três primeiras semanas de março, o Brasil embarcou 153,8 mil toneladas, 9,6% superior ao total escoado em março/2020 e o maior volume para um mês de março, considerando-se a série da Secex, iniciada em 1996.
Em 15 dias úteis de março, o preço médio de exportação, em dólar, esteve em 75,17 centavos de dólar por libra-peso, 3,3% maior que o preço médio de fevereiro/2021 (72,74 centavos de dólar por libra-peso) e 4,6% acima do de um ano atrás (71,85 centavos de dólar por libra-peso). Em moeda nacional, a média está em R$ 4,23 por libra-peso (considerando-se o dólar médio de R$ 5,63), elevações de 7,3% sobre o mês anterior e de expressivos 20,3% frente a março/2020 (R$ 3,51 por libra-peso). Esse preço está 17% inferior ao verificado no spot nacional (Indicador). Ainda para a exportação, a média na parcial do mês para os preços pré-fixados para entrega no primeiro semestre de 2021 na condição FOB Porto de Santos (SP), envolvendo o algodão da safra 2019/2020, tem aumentado desde julho/2020.
Para entrega durante o segundo semestre deste ano (algodão safra 2020/2021), em mesma análise, os preços também estão subindo desde julho/2020, pois acompanharam o ritmo de retomada do comércio global. Os contratos na Bolsa de Nova York para 2021 estão em baixa. O vencimento Maio/2021 registra desvalorização de 2,42% nos últimos sete dias, para 84,62 centavos de dólar por libra-peso, e o Julho/2021, 2,45%, para 85,61 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2021 está cotado a 83,08 centavos de dólar por libra-peso, com baixa de 1,28%, e o Dezembro/2021, a 82,20 centavos de dólar por libra-peso, queda de 1,62%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.