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03/Mar/2021

Tendência de alta do algodão com demanda firme

As cotações da pluma fecharam fevereiro com elevação expressiva, superando os R$ 5,00 por libra-peso. Entre o dia 29 de janeiro e 26 de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registrou avanço de 10,72%. Nos últimos sete dias, especificamente, a elevação é de 5%, a R$ 5,12 por libra-peso. O movimento de alta do Indicador tem sido crescente, de modo geral, desde meados de 2020. A média do Indicador em fevereiro/2021 foi de R$ 4,78 por libra-peso, 10,8% maior que a do mês anterior e expressivos 68% superior à média nominal de fevereiro/2020. Quando deflacionado pelo IGP-DI de janeiro/2021, o valor de fevereiro/2021 está 32,7% acima do valor de fevereiro/2020 e é o maior desde junho/2018, quando foi de R$ 5,20 por libra-peso. O aumento vem da recuperação do consumo em toda a cadeia têxtil, inclusive acima das expectativas de agentes do setor, o que acaba pressionando os estoques de passagem em relação ao que se esperava.

Como resultado, os preços internacionais subiram, aumentando a paridade e elevando os valores no Brasil. Em fevereiro, o Indicador esteve, em média, 9,8% maior que a paridade de exportação. Entretanto, ainda está bem abaixo da paridade de importação, que, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi de R$ 5,96 por libra-peso entre os dias 18 e 22 de fevereiro, considerando-se o produto CIF São Paulo, com operação de drawback. No mês passado, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Shipe) foi de R$ 4,79 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 4,80 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. A principal sustentação veio da alta do preço internacional. O dólar aumentou 1,8% frente ao Real de 29 de janeiro a 26 de fevereiro. Os contratos da Bolsa de Nova York também subiram em fevereiro, impulsionados principalmente pelo avanço do valor do petróleo no mercado internacional. Em fevereiro, o vencimento Março/2021 subiu 8,9%, para 87,82 centavos de dólar por libra-peso; o Maio/2021 reagiu 8,5%, a 88,83 centavos de dólar por libra-peso.

O contrato Julho/2021 fechou o período a 89,71 centavos de dólar por libra-peso, alta de 8,4%, e o contrato Outubro/2021, a 85,18 centavos de dólar por libra-peso, aumento de 7,5%. No geral, o que se observa é uma intensificação das vendas antecipadas por parte dos produtores. Apesar disso, esses agentes estão apreensivos quanto ao ritmo da semeadura da nova temporada, que, especialmente para a 2ª safra de 2021, está sendo efetuada em períodos mais tardios que nas anteriores, devido ao atraso na colheita de soja. Quanto ao cumprimento dos contratos, os agentes relatam aumento no valor do frete, e, em alguns casos, dificuldade de encontrar caminhões disponíveis. Do lado comprador, há acirramento da disputa quanto aos preços com vendedores no mercado spot, uma vez que buscam aquisições a preços estáveis e/ou menores. Os segmentos de tecidos e tecelagens têm sido prejudicados pela dificuldade de repasse de maiores custos de fios para os elos seguintes.

Agentes também relatam enfraquecimento das vendas ao consumidor final. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), até o dia 25 de fevereiro, o beneficiamento da safra 2019/2020 havia sido finalizado em todo o Brasil. Para a temporada 2020/2021, a semeadura está no fim, com 99% do total alcançado no País. Restam apenas Mato Grosso, Bahia e Minas Gerais para finalizarem as atividades. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a exportação brasileira de algodão em pluma no mês de fevereiro totalizou 235,5 mil toneladas, recuo de 14% frente ao mês anterior, mas ainda 38,6% maior que o volume registrado em fevereiro do ano passado. O preço médio de exportação em fevereiro, em dólar, foi de 72,74 centavos de dólar por libra-peso, 3,3% maior que o valor de janeiro/2021 (70,39 centavos de dólar por libra-peso) e 1,7% acima do preço de um ano atrás (71,54 centavos de dólar por libra-peso).

Em moeda nacional, a média foi de R$ 3,94 por libra-peso (considerando-se o dólar de R$ 5,42 em fevereiro), elevações de 4,6% sobre o mês anterior e de expressivos 27% frente a fevereiro/2020 (R$ 3,10 por libra-peso). Esse preço é 17,6% inferior ao verificado no spot nacional (Indicador), a maior diferença negativa desde janeiro/2017 (18,2%). De acordo com informações divulgadas no dia 1º de março pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), a produção mundial na temporada 2020/2021 está estimada em 24,2 milhões de toneladas, queda de 8,2% no comparativo com a safra passada, mas com reajuste positivo de 0,4% frente ao relatório anterior. O consumo foi elevado em 1,5% frente aos dados de fevereiro, indo para 24,46 milhões de toneladas, 7,4% superior à temporada 2019/2020.

Dessa forma, mesmo com os sinais de recuperação, esse aumento no consumo não compensaria totalmente as perdas ocorridas em decorrência da pandemia. No entanto, o consumo ultrapassa a produção na temporada 2020/2021. A exportação mundial, por sua vez, subiu 0,6% frente a janeiro e pode aumentar 4,1% frente à safra anterior, ficando em 9,39 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 21,11 milhões de toneladas, recuo de 1,2% na comparação com a temporada 2019/2020. Quanto aos preços, a estimativa divulgada em março para o final da temporada 2020/2021 indica média do Índice Cotlook A de 75,70 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3% frente ao relatório anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.