24/Fev/2021
Desde novembro do ano passado, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma permanece acima da paridade de exportação, após sete meses consecutivos em baixa. Na parcial deste mês, o Indicador está, em média, 10,5% superior à paridade, a maior diferença registrada desde fevereiro/2019, quando era de 12,2%. Em maio/2020, quando o Indicador estava bastante inferior à paridade de exportação, o intervalo entre eles era de 17,9%, a maior diferença negativa de toda a série histórica do Cepea, iniciada em julho de 1996. Na parcial de fevereiro, a média do Indicador está em R$ 4,72 por libra-peso, 9,21% maior que a média de janeiro/2020 e expressivos 30,82% superior à de fevereiro/2020, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de janeiro/2021).
A paridade de exportação, na condição FAS (Free Alongside Shipe), é de R$ 4,52 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,53 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. O Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma, com pagamento em 8 dias, por sua vez, registra alta 6,88% na parcial de fevereiro, cotado a R$ 4,88 por libra-peso, novo recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em julho de 1996. Nos últimos sete dias, o Indicador apresenta alta de 2,57%. Os preços devem se manter firmes nas próximas semanas no Brasil, sustentados pelos altos patamares dos valores internacionais e da taxa de câmbio e pela demanda internacional aquecida.
Mesmo diante de uma safra recorde (2019/2020), a elevada procura externa tem enxugado a disponibilidade de pluma no mercado doméstico, embasando a postura firme de vendedores quanto aos preços pedidos. Até a terceira semana de fevereiro, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram exportadas 179,7 mil toneladas de algodão, 5,8% a mais que o embarcado no mesmo período do ano passado e o maior volume para um mês de fevereiro desde 1996. De agosto/2020 a fevereiro/2021, as exportações já somam 1,56 milhão de toneladas. Os contratos da Bolsa de Nova York apresentam alta de 12% na parcial deste mês.
Preocupado com o repasse de preços ao longo da cadeia têxtil no mercado interno, o lado comprador está recuado nos últimos dias, resultando em baixa liquidez, apesar da necessidade de compra de alguns agentes ainda para o curto prazo. Em paralelo, o interesse por compras antecipadas tem aumentado no mercado doméstico, com alguns fechamentos captados a preços pré-fixados para exportação. Na Bolsa de Nova York, os contratos registram alta por sete dias consecutivos, e, na segunda-feira (22/02), todos os vencimentos renovaram as máximas desde as respectivas aberturas. A firme demanda chinesa, a oferta mundial apertada e a estimativa de estoques mais baixos para a safra 2021/2022 nos Estados Unidos influenciaram no aumento das cotações.
Nos últimos sete dias, o vencimento Março/2021 registra avanço de 3,17%, a 90,91 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2021 tem aumento de 3,14%, a 92,41 centavos de dólar por libra-peso. Os contratos Julho/2021 e Outubro/2021 apresentam valorização de 3,06% e 1,62%, respectivamente, a 93,08 centavos de dólar por libra-peso e a 88,37 centavos de dólar por libra-peso. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) divulgou que, até o dia 18 de fevereiro, o cultivo da temporada 2020/2021 estava, em média, em 96% da área esperada, avanço de 10% frente à semana anterior.
Na Bahia, a área semeada chegou a 98%; em Mato Grosso, a 95%; em Minas Gerais, a 96%; em Mato Grosso do Sul, a 99%; e, em Tocantins, a 98%. Em Goiás, Maranhão, Piauí, São Paulo e Paraná, a semeadura já foi finalizada. A área semeada na temporada 2020/2021 pode ser de 1,356 milhão de hectares, 16% menor que a anterior, enquanto a estimativa de produtividade deve recuar apenas 1,5% (1.770 quilos por hectare). Assim, espera-se que a produção da fibra caia 17% se comparada à temporada 2019/2020, indo para 2,402 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.