02/Set/2020
Em agosto, os vendedores estiveram firmes no mercado de algodão em pluma. Mesmo assim, novos negócios foram registrados no spot, devido à necessidade de indústrias de repor estoques. A maioria, no entanto, envolveu volumes pequenos, de modo geral. Diante dessa maior movimentação e da retração vendedora, as cotações subiram no mercado interno. De 31 de julho a 31 de agosto, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta expressiva de 16%, cotado a R$ 3,31 por libra-peso no dia 31 de agosto. Esta é a maior variação mensal desde janeiro/2016, quando o Indicador subiu 16,91%. A média de agosto foi de R$ 3,09 por libra-peso, 12,2% acima da de julho/2020 e 25,47% maior que a média de agosto/2019. Em termos nominais, é a maior média desde setembro/2018 (R$ 3,18 por libra-peso).
Com a retomada da economia, aos poucos, as indústrias precisam repor estoques da matéria-prima, uma vez que, tradicionalmente, optam por compras conforme a necessidade e em períodos de maior oferta. Do lado vendedor, os produtores seguem priorizando o cumprimento de contratos a termo, especialmente para exportação, aproveitando a rentabilidade mais atrativa. Entretanto, a recuperação dos preços internos contribuiu para reduzir a diferença entre os valores domésticos e a paridade de exportação. Apesar de a colheita ter avançado rapidamente no Brasil, favorecida pelas condições climáticas, o beneficiamento ainda é pouco representativo.
Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que, até o dia 27 de agosto, a média da área colhida no País esteve em 83,5% e do beneficiamento, em 25%. Ainda há indústrias que estão fora do mercado para novas negociações, devido ao recebimento de embarques fechados anteriormente e/ou porque estão consumindo estoques. Boa parte das empresas sinalizou recuperação da demanda, melhorando a liquidez no mercado de fios. Além disso, em agosto, algumas empresas voltaram a realizar novos contratos a termo para entrega programada nos próximos meses. Contudo, os agentes permanecem cautelosos em ampliar o ritmo de produção, receosos de que o crescimento do consumo possa não se sustentar e/ou se recuperar de forma mais intensa. Ainda há preocupação das fiações quanto ao repasse do aumento do custo da matéria-prima para seus produtos.
No mercado internacional, boa parte dos agentes está focada nos embarques dos contratos a termo destinados à exportação. Além disso, há novas efetivações envolvendo as temporadas passada (2018/2019), atual (2019/2020) e próxima (2020/2021), tanto a preços fixos como baseados nos vencimentos da Bolsa de Nova York. A média mensal da paridade de exportação em agosto na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR) foi de R$ 3,32 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente, a maior desde março/2011. Dessa forma, a média de agosto do Indicador CEPEA/ESALQ ficou 7% inferior à paridade. A média do dólar foi de R$ 5,45 no mês passado, alta de 3,4% frente a julho/2020 e 35,7% maior que em agosto/2019.
Em agosto, os contratos na Bolsa de Nova York subiram, influenciados pelo aumento da cotação do petróleo e pelo recuo do dólar no mercado internacional, que elevam a atratividade da pluma norte-americana. Além disso, players acompanham atentamente as condições das lavouras nos Estados Unidos. O vencimento Outubro/2020 finalizou agosto a 64,41 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3,39% no acumulado do mês, e o Dezembro/2020 encerrou agosto a 65,16 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 3,99%. Na mesma comparação, Março/2020 se valorizou 4,43%, a 66,05 centavos de dólar por libra-peso, e Maio/2020, 4,76%, a 66,75 centavos de dólar por libra-peso. Vale considerar que a média dos contratos em agosto foi a maior desde fevereiro/2020.
De acordo com as primeiras perspectivas da safra 2020/2021, divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 25 de agosto, estima-se que a área de algodão possa diminuir 10,5% frente à anterior, indo para 1,49 milhão de hectares. A produção no Brasil deve totalizar 2,56 milhões de toneladas e o consumo, 690 mil toneladas, aumentos respectivos de 12,4% e 21,05% na mesma comparação. As exportações estão previstas em 2,01 milhões de toneladas (elevação de 4,69% frente à safra 2019/2020), mas o estoque final pode cair 6,88%, para 1,79 milhão de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.