28/Ago/2020
A negociação no mercado de algodão está mais aquecida, com preços firmes, diante da demanda de fábricas por fibra para retomar produção após períodos de interrupção de atividades ou operação parcial nos últimos meses. A valorização do dólar também dá suporte às cotações no País. Do lado da oferta, apesar de metade da safra já colhida, o beneficiamento ainda está em curso e os produtores seguem privilegiando o cumprimento de contratos. O Indicador do algodão em pluma Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 3,35 por libra-peso. No mês, o ganho é de 17,50%. As fábricas precisaram repor estoques porque estão retomando operações na totalidade. A expectativa era de que haveria uma sobra grande de algodão da safra 2018/2019, mas isso não se confirmou. A maior parte do algodão que sobrou da temporada anterior está nas mãos das tradings e esses volumes até agora vinham sendo direcionados para embarques ao exterior.
O algodão a R$ 3,30 por libra-peso é considerado barato em dólar e isso distorce o mercado. Ainda assim, com os preços superando agora a paridade de exportação, tradings começam a mostrar interesse em ofertar internamente, embora ainda em situações pontuais. Por outro lado, o dólar fortalecido inibe a importação de fios e produtos acabados de confecção, o que cria demanda pela mercadoria brasileira. Muitas fiações estão operando com toda capacidade. Mas, há receio quanto ao preço da matéria-prima. Os valores indicados para algodão destinado à produção de fio penteado estão acima de R$ 3,38 por libra-peso e para o algodão destinado à produção de toalhas, os preços estão próximos do Esalq. Os produtores, por sua vez, continuam cumprindo contratos fechados por valores mais altos e, capitalizados, veem pouca necessidade de vendas para pagar despesas da colheita e do beneficiamento. A colheita da nova safra 2019/2020 já passou da metade no Brasil, mas o beneficiamento ainda está em baixo ritmo.
Esse cenário mantém limitada a oferta de algodão em pluma no mercado spot nacional, especialmente de lotes de maior qualidade. Os vendedores continuam firmes nos valores indicados para novas negociações, atentos à valorização do dólar ante o Real e à alta nas cotações externas. O fato de uma boa parcela da produção desta temporada já estar comprometida em contratos também reforça a menor disponibilidade de pluma no Brasil. Há demanda de tradings para comprar algodão para retirada em janeiro no sudeste de Mato Grosso entre 59,00 e 60,00 centavos de dólar por libra-peso, mas os produtores consideram que os preços no disponível no começo do ano que vem poderão estar mais altos e preferem aguardar. Para a safra 2020/2021, a indicação está entre 59,00 e 60,00 centavos de dólar por libra-peso FOB ou 500 pontos abaixo do vencimento dezembro de 2021, para retirada na região sudeste de Mato Grosso a partir de agosto. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.