26/Ago/2020
A colheita da nova safra 2019/2020 já passou da metade no Brasil, mas o beneficiamento ainda está em baixo ritmo. Esse cenário mantém limitada a oferta de algodão em pluma no mercado spot nacional, especialmente de lotes de maior qualidade. Com isso, os preços domésticos seguem em forte alta. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 7,5% nos últimos sete dias e, na parcial deste mês, 15,62%, cotado a R$ 3,30 por libra-peso, o maior patamar nominal em dois anos e 3,65% acima da paridade de exportação. A média da parcial deste mês está em R$ 3,01 por libra-peso, 9,5% acima da média de julho/2020. Os vendedores, atentos à valorização do dólar frente ao Real e à alta nas cotações externas, continuam firmes nos valores indicados para novas negociações.
O fato de uma boa parcela da produção desta temporada já estar comprometida em contratos também reforça a menor disponibilidade de pluma no Brasil. Do lado da demanda, enquanto parte dos compradores segue realizando carregamentos da pluma já contratada, outros, sem estoques, necessitam adquirir novos lotes e, para isso, precisam pagar valores mais elevados. No geral, há registro de negociação de vários lotes de pequenos volumes. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que a média de área colhida entre os Estados do País esteve em 83,5% até o dia 21 de agosto e o beneficiamento, em 20%. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), no Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,43 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Assim, parte dos produtores brasileiros e tradings se mantém voltada ao comprimento de contratos a termo destinados à exportação. Além disso, diante da maior atratividade, os agentes realizam novos fechamentos para o mercado externo, o que também encarece o produto no mercado interno. Os contratos da Bolsa de Nova York registram alta, impulsionados por sinalizações indicando avanço nas negociações entre Estados Unidos e China, por melhora nas vendas e pela piora do clima na principal região produtora dos Estados Unidos (West Texas). O primeiro vencimento Outubro/2020 está cotado a 65,16 centavos de dólar por libra-peso, alta de 4,06% nos últimos sete dias, e o de Dezembro/2020 está cotado a 65,82 centavos de dólar por libra-peso (+4,01%).
O contrato Março/2021 está cotado a 66,63 centavos de dólar por libra-peso e o de Maio/2021, a 67,17 centavos de dólar por libra-peso, respectivos aumentos de 3,8% e de 3,53% nos últimos sete dias. Dados do Departamento de Alfândegas da China (GACC) indicam que a importação de algodão pelo país totalizou 150 mil toneladas em julho/2020, queda de 9,2% frente ao mesmo período de 2019, mas crescimento de 66,7% em relação a junho/2020. De janeiro a junho deste ano, a China importou 1,05 milhão de toneladas. Vale considerar que, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 8,5 mil toneladas à China em julho/2020, ou seja, representando apenas 5,7% do total reportado como importado pelo GACC. Na parcial de 2020, o percentual é de 21%, com 220,8 mil toneladas de algodão brasileiro enviado à China. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.