19/Ago/2020
O mercado de algodão em pluma vem apresentando maior liquidez nestas primeiras semanas de agosto. Mesmo com o avanço da colheita da safra 2019/2020, a demanda, especialmente por lotes de qualidade superior, supera a oferta, contexto que tem elevado os valores da pluma, que voltaram aos patamares nominais observados no encerramento de 2018. Os vendedores estão firmes nos valores indicados, atentos ao dólar elevado frente ao Real e ao cumprimento de contratos a termo, inclusive, nos primeiros dias de agosto, o volume exportado já superou o total de agosto de 2019. Como o beneficiamento ainda é lento, a oferta no spot nacional é baixa e os fechamentos envolvem lotes com pequenas quantidades. Do lado da demanda, a reação das atividades ao longo da cadeia têxtil tem aumentado o interesse de compradores por novos lotes de pluma.
Os compradores com necessidade imediata precisam ser mais flexíveis para conseguir fechar negócio e, consequentemente, tentam repassar esses reajustes da matéria-prima aos fios. Muitos estão incertos quanto à aceitação desses aumentos. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 4,81% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,07 por libra-peso, o maior valor nominal desde o final de 2018, quando chegou a R$ 3,07 por libra-peso no dia 28 de dezembro. No acumulado do mês, a alta é de 7,58%. A média parcial do mês é de R$ 2,94 por libra-peso, 6,92% maior que a média de julho/2020 (R$ 2,75 por libra-peso) e é também a maior desde a de janeiro/2019 (R$ 2,96 por libra-peso). Em relatório divulgado no dia 14 de agosto, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apontou que a colheita no Brasil havia chegado a 71% da área e o beneficiamento, em 21%.
Em Mato Grosso, a área colhida chegou a 74%; na Bahia, em 57%; em Goiás, em 74%; em Minas Gerais, 64%; em Mato Grosso do Sul, 98%; no Maranhão, 65%; no Piauí, 70%; em São Paulo, 95%; no Tocantins, 57% e no Paraná, em 99%. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em apenas 10 dias úteis de agosto, já foram exportadas 48,4 mil toneladas de pluma, 6,8% acima do volume total de agosto/2019 (45,3 mil toneladas). A média diária está em 4,8 mil toneladas, expressivamente acima das 2,1 mil toneladas de um ano atrás (+135%). O preço médio de agosto em dólar está em 61,90 centavos de dólar por libra-peso, 14% menor que o do mesmo mês de 2019 (72,30 centavos de dólar por libra-peso). Em moeda nacional, a média está em R$ 3,33 por libra-peso, elevação de 14,7% se comparada à de agosto/2019 (R$ 2,90 por libra-peso) e 13,2% acima da verificada no spot nacional atualmente (Indicador).
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR) é de R$ 3,30 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York apresentam oscilações nos últimos sete dias, mas acumulam alta no período, influenciados por compras de oportunidade, pela queda no valor do petróleo e pela piora na qualidade da lavoura norte-americana. O contrato Outubro/2020 está cotado a 62,62 centavos de dólar por libra-peso, alta de 0,45% nos últimos sete dias, e o Dezembro/2020, em 63,28 centavos de dólar por libra-peso, avanço de 0,76%. Março/2021 e Maio/2021 também registram alta, com respectivos fechamentos de 64,19 centavos de dólar por libra-peso (+0,93%) e 64,88 centavos de dólar por libra-peso (+1,04%).
Em relatório divulgado no dia 12 de agosto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reajustou positivamente a produção da Índia em 4,2% e a dos Estados Unidos em 3,3%, mas, ainda assim, o volume produzido mundialmente deve ser 4,4% menor que o da temporada 2019/2020, para 25,6 milhões de toneladas. Para o Brasil, especificamente, é projetada queda de 10,5% na produção, a 2,6 milhão de toneladas. O consumo mundial da safra 2020/2021, por sua vez, está estimado em 24,6 milhões de toneladas, alta de 10,4% frente à temporada anterior. Para o Brasil, o consumo deve aumentar 10,7% (675 mil toneladas), mas o USDA apontou queda de 3,2% frente ao relatório anterior.
A comercialização mundial poderá ficar em 9,1 milhões de toneladas na temporada 2020/2021, indicando recuos de 3,7% nas importações e de 3,2% nas exportações frente à safra passada. Neste cenário, o estoque global 2020/2021 está projetado em 22,8 milhões de toneladas, aumento de 2,1% em relação ao relatório de julho/2020 e 4,3% superior ao da safra anterior. Assim, a relação estoque-consumo saiu de 66,76% na temporada 2018/2019, para 98,2% na 2019/2020 e 92,8% na safra 2020/2021. Além disso, vale considerar que os estoques dos Estados Unidos, que haviam caído 15% no relatório de julho frente ao anterior, voltou a subir em agosto, para 1,66 milhão de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.