12/Ago/2020
Nesta semana, os preços domésticos do algodão em pluma voltaram a fechar nos patamares nominais verificados em meados de março deste ano, quando a pandemia de coronavírus começou a ganhar força no Brasil e as cotações da pluma iniciaram movimento de queda. No geral, a sustentação aos valores vem da oferta abaixo da demanda. Apesar de a colheita brasileira da safra 2019/2020, que deve registrar produção recorde, seguir avançando, os vendedores estão firmes nos valores indicados nas negociações de novos lotes. Os produtores estão atentos ao dólar e ao cumprimento de contratos a termo, principalmente para exportação, mantendo reduzida a disponibilidade da pluma no spot nacional, sobretudo de algodão de maior qualidade. Os compradores, por sua vez, estão mais ativos no spot e, para adquirir pequenos novos volumes, precisam ser mais flexíveis nos valores pagos.
Uma parcela das empresas, contudo, ainda está à espera de preços menores para fechar negócios, fundamentada na intensificação do beneficiamento e do possível crescimento da oferta. Esse contexto tem elevado o ritmo de comercialização neste início de agosto e os preços da pluma. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 2,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,93 por libra-peso. A última vez que o Indicador operou nesse patamar foi na segunda quinzena de março. Relatório divulgado nesta terça-feira (11/08) pela Companhia Nacional de Abastecimento estima que a área semeada na safra 2019/2020 no Brasil aumentou 0,15% frente ao relatório anterior, a 1,67 milhão de hectares (+3,3% frente à temporada 2018/2019). Com o clima favorável, a produtividade cresceu 1,19%, indo para 1,753 quilos por hectare (+2,1% na comparação com a safra passada).
Assim, a produção é estimada em 2,93 milhões de toneladas, altas de 1,33% em relação ao relatório anterior e de 5,4% frente a 2018/2019, e alcançando um novo recorde. Em Mato Grosso, a área semeada na temporada 2019/2020 se manteve em 1,17 milhão de hectares, mas a produtividade e a produção seguiram apresentando melhoras (ambos com alta de +1,32% frente ao relatório de julho), indo para, respectivamente, 1.747 quilos por hectare e 2,04 milhões de toneladas (em relação à temporada 2018/2019, observam-se elevações de 5,2% na produtividade e de 9% na produção). Na Bahia, a área cresceu 0,1% frente aos dados de julho, com 313,7 mil hectares semeados, mas teve queda de 5,5% em relação à safra passada. A produtividade avançou 1,66% e a produção, 1,74% em relação ao relatório anterior, indo para respectivos 1.842 quilos por hectare e 577,8 mil toneladas.
No comparativo com a safra passada, houve aumento de 2,3% da produtividade, porém, baixa de 3,3% na produção. Em relatório divulgado no dia 7 de agosto, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apontou que a colheita no Brasil havia chegado a 56,3% da área. Em Mato Grosso, a área colhida chegou a 58%; na Bahia, em 44%; em Goiás, em 68%; em Minas Gerais, em 60%; em Mato Grosso do Sul, em 90%; no Maranhão, em 50%; no Piauí, em 63%; em São Paulo, em 95%; no Tocantins, em 44% e no Paraná, em 99%. No mercado internacional, para exportação, a reação nos contratos da Bolsa de Nova York e no dólar nos primeiros dias do mês estimularam novos fechamentos, inclusive algumas das negociações estão sendo baseadas nos vencimentos da ICE Futures, a serem fixados posteriormente.
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto e Paranaguá (PR) é de R$ 3,38 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos vinham operando em alta, mas caíram com força na sexta-feira (07/08). Devido à valorização do dólar, os produtos dos Estados Unidos estão menos atraentes para compradores estrangeiros. Assim, os vencimentos registram queda nos últimos sete dias. O contrato Outubro/2020 está cotado a 62,34 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 1,87% no período, e o de Dezembro/2020, em 62,80 centavos de dólar por libra-peso, retração de 1,68%. Na mesma comparação, Março/2020 apresenta desvalorização de 1,46%, a 63,60 centavos de dólar por libra-peso e Maio/2020, 1,14%, a 64,21 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.