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07/Ago/2020

Preços do algodão firmes com demanda aquecida

A demanda de compradores internos por algodão no disponível está maior, porém a oferta ainda é limitada, com a colheita e o beneficiamento em curso e produtores cumprindo contratos fechados antecipadamente. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 2,87 por libra-peso. No mês, o Indicador registra alta de 0,61%. Há muita procura por parte das indústrias por algodão, mas o mercado ainda é pouco ofertado. O produtor não está cedendo abaixo de Esalq para algodão de qualidade. A fibra que abastece São Paulo e Santa Catarina vem em geral da safra que está sendo colhida em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As fábricas ainda não estão operando normalmente, mas a situação está melhor do que nos meses anteriores. Existe uma recuperação de demanda com a abertura do comércio em São Paulo e no Rio de Janeiro. Por enquanto, a maior parte do algodão que está sendo colhido e beneficiado vai para o cumprimento de contratos.

A partir da segunda quinzena de setembro, pode haver maior volume de oferta no disponível. Quanto às próximas safras, a negociação antecipada é lenta. Para 2020, as tradings em geral estão fora do mercado. Tradings querem avaliar a performance dos embarques após atrasos motivados por paradas de indústrias ao redor do mundo em virtude da pandemia do novo coronavírus. Com os lockdowns no mundo, os estoques que deveriam ter sido consumidos não foram, porque as fábricas pararam. Movimento similar ocorreu no mercado interno. Produtores, tradings e indústrias terão que avaliar conjuntamente uma reprogramação para dosar os embarques na retomada das atividades. Segundo a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), podem ocorrer atrasos nos embarques ao exterior de algodão. Com o efeito da pandemia de Covid-19 sobre o consumo mundial, as indústrias que são clientes das tradings no exterior estão revisando contratos.

Obviamente a trading não vai repassar esse default para o produtor, mas vai precisar da ajuda dele para reprogramar as entregas e se adequar. Para a safra 2019/2020, que está sendo colhida, os produtores brasileiros estão em média com 70% da produção projetada já vendida. O Itaú BBA destacou que os preços do algodão no Brasil devem seguir influenciados pelo ritmo da volta das compras das fiações no mercado doméstico e pelo fluxo das exportações antecipadamente negociadas. Apesar dos sinais de recuperação de atividade econômica em algumas regiões do globo, recente pesquisa da Federação Internacional dos Fabricantes de Têxteis (ITMF) com 700 empresas do setor têxtil indicou que a quantidade de contratos cancelados pode alcançar 31% em 2020. Caso não sejam observados cancelamentos, os preços no Brasil podem voltar a ser cotados próximos da paridade de exportação.

Para a safra 2020/2021, a ideia de compradores está 200 pontos abaixo do vencimento dezembro de 2021 na Bolsa de Nova York FOB no Porto de Santos (SP), o que não desperta interesse de venda. Cerca de duas a três semanas atrás chegaram a sair negócios a 350 pontos acima do mesmo contrato por algodão 31.4. Os preços na Bolsa de Nova York subiram, mas ainda estão longe dos 70,00 centavos de dólar por libra-peso. Os produtores acompanham os preços internacionais até uma definição do plantio no fim de setembro e início de outubro. A BBM não acredita em forte redução de área de algodão no Brasil em 2020/2021. Produtores com planejamento adequado já venderam uma parcela significativa da sua produção a preços remuneradores. A dúvida é quanto aos produtores que estão especulando. Segundo o Rabobank, deve haver queda de 16% no plantio de algodão em 2020/2021 em relação ao ciclo anterior, para 1,4 milhão de hectares. Os produtores que migraram para o algodão por preços firmes e boas margens em anos anteriores podem sair da cultura neste ano.

Contudo, os produtores tradicionais de grande escala fortemente investidos no setor não terão a opção de mudar o seu sistema de cultivo. O País tende a permanecer competitivo no mercado de algodão. Apesar da queda de curto prazo da área cultivada, durante a próxima década, a área de produção de algodão do Brasil deve chegar a dois milhões de hectares e que as exportações devem ultrapassar 2,83 milhões de toneladas em 2028/2029. Segundo o Itaú BBA, as cotações na Bolsa de Nova York devem seguir pressionadas nos próximos meses. Ainda deve prevalecer no mercado a expectativa de mais um ano de superávit global na safra 2020/2021 mesmo levando em consideração a projeção de crescimento de consumo global do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de 10% no próximo ano safra, após a queda prevista de 15% na safra corrente, e da queda da produção no mundo de 5,5%. Entretanto, a temporada de furacões nos Estados Unidos pode trazer suporte aos preços caso haja ameaça clara às lavouras norte-americanas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.