05/Ago/2020
Em julho, muitos produtores iniciaram e/ou intensificaram a colheita do algodão da safra 2019/2020. A oferta de pluma no mercado spot nacional, no entanto, seguiu baixa, tendo em vista que o ritmo de beneficiamento esteve lento no período e que os produtores priorizaram o cumprimento de contratos aos mercados domésticos e externo. No caso da pluma com qualidade superior, a disponibilidade foi ainda menor. Do lado da demanda, parte das indústrias trabalhou com a matéria-prima contratada e/ou estocada, mas algumas empresas, especialmente da Região Nordeste, estiveram ativas na busca por novos lotes. Entre 30 de junho e 31 de julho, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 5,31%, encerrando o mês passado a R$ 2,85 por libra-peso. A média de julho foi de R$ 2,75 por libra-peso, 1,73% superior à de junho/2020 e 5,12% acima da de julho/2019, em termos nominais. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra alta de 2,51%, cotado a R$ 2,85 por libra-peso.
No campo, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indica que a colheita da temporada 2019/2020 havia atingido 41% da área estimada até dia o 30 de julho, avanço de 11% frente à semana anterior. Em Mato Grosso, a atividade chegou a 39% da área estimada e na Bahia, em 38%. Em Goiás, a colheita já atingiu 61%, em Minas Gerais, 56%, em Mato Grosso do Sul, 78%, no Maranhão, 40%, no Piauí, 61%, em São Paulo, 95%, em Tocantins, 38%, e no Paraná, 99%. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em julho (23 dias úteis), foram exportadas 77,2 mil toneladas de pluma, elevação de 36,2% frente ao mês anterior e 64,4% acima do volume de julho/19 (46,98 mil toneladas). O faturamento somou U$ 106,9 milhões, altas de 27,8% no comparativo mensal e de 43,6% no anual. O preço médio de julho/2020 foi de 62,81 centavos de dólar por libra-peso, 13% menor que o do mesmo mês de 2019 (71,88 centavos de dólar por libra-peso). Em moeda nacional, a média foi de R$ 3,31 por libra-peso, elevação de 22,1% se comparada à de julho/2019 (R$ 2,71 por libra-peso) e 20,2% acima da verificada no spot nacional em julho (Indicador).
Estudo divulgado em julho pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) sobre o fluxo de visitas em shoppings centers e lojas físicas mostra certa reação no segmento de moda. Em junho/2020, as visitas a shoppings em busca de artigos de moda caíram 76,51% frente ao mesmo mês de 2019, mas reagiram 211,2% em relação a maio/2020. Esses dados reforçam as indicações sobre possível retomada pontual de consumo, escoando os estoques e gerando necessidade de reabastecimento por parte das indústrias. No entanto, agentes ainda mostram incertezas quanto ao fortalecimento dessa reação na demanda. Com os preços internacionais em alta em julho, os agentes também mostram interesse em novas negociações para exportação, especialmente na primeira quinzena. Em julho, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 3,14 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
A média do dólar ficou em R$ 5,27 em julho, alta de 1,52% frente ao mês anterior e 39,7% maior que em julho/2019. Na Bolsa de Nova York, os contratos oscilaram em julho, mas, no balanço, acumularam alta, principalmente devido à valorização do petróleo, ao enfraquecimento do dólar no mercado internacional, à menor área cultivada nos Estados Unidos e à seca em parte do Texas. O vencimento Outubro/2020 finalizou o dia 31 de julho a 62,30 centavos de dólar por libra-peso, alta de 1,33% no acumulado do mês. Dezembro/2020 encerrou o mês a 62,66 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 2,92%. Na mesma comparação, Março/2021 se valorizou 2,78%, a 63,25 centavos de dólar por libra-peso, e Maio/2021, 2,79%, a 63,72 centavos de dólar por libra-peso. Dados do Conselho Consultivo Internacional de Algodão (Icac), divulgados no dia 3 de agosto, apontam que o consumo global para a temporada 2019/2020 deve cair 12%, para 23 milhões de toneladas.
No entanto, se houver recuperação econômica mundial e elevação da demanda, a atual projeção é que o consumo da safra 2020/2021 fique em 23,9 milhões de toneladas, mas ainda continuará enfrentando forte concorrência das fibras sintéticas. Além disso, ainda que os preços estejam em queda, as baixas podem não ser suficientes para estimular a demanda e superar os impactos da pandemia sobre o consumo. A estimativa é de que a média da temporada 2020/2021 do Índice Cotlook A seja de 63,00 centavos de dólar por libra-peso, 8,6% maior que a estimativa de julho/2020, mas 11% abaixo da última média da safra 2019/2020 de 71,00 centavos de dólar por libra-peso, indicado no relatório do mês passado. Quanto à produção, a queda de 2 milhões de hectares na área mundial pode diminuir em 5% o volume produzido, indo para 24,8 milhões de toneladas na safra 2020/2021. Enquanto a exportação deve chegar a 9,07 milhões de toneladas (+5%) e os estoque finais, em 22,9 milhões de toneladas (+4%). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.