24/Jul/2020
A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) prevê atingir a marca de 2 milhões de toneladas em exportação de algodão na temporada de comercialização que começou neste mês e se estende até junho do ano que vem (2019/2020), superando o recorde do período anterior, de 1,913 milhão de toneladas. Só em julho, os embarques devem totalizar 80 mil toneladas, acima do exportado em igual mês dos anos anteriores. Apesar do impacto da pandemia do novo coronavírus na demanda global por algodão, a expectativa é de recuperação do consumo nos principais mercados entre o fim deste ano e o começo do ano que vem. Os embarques do Brasil na temporada que se encerrou no mês passado ficaram de 150 mil a 200 mil toneladas abaixo do previsto, mas esse volume deve sair ao longo do segundo semestre juntamente com os embarques da safra 2019/2020, que está sendo colhida. O mês de julho vai ter embarques tanto da safra velha como da safra nova.
Nos próximos meses também vamos continuar embarcando um pouco de algodão da safra velha junto com a safra nova por causa desses alongamentos que ocorreram. Embarques que deveriam ter acontecido em abril, maio e junho foram postergados. Segundo a Anea, as 80 mil toneladas esperadas para julho são um bom número para começar a temporada. Em julho de 2019, o Brasil embarcou 50 mil toneladas e, em 2018, foi um volume menor ainda. Em anos anteriores, os meses de julho eram de embarques fracos, porque o País já quase não tinha algodão da safra anterior e aguardava a entrega da fibra da safra nova. Os embarques começavam a ganhar peso em agosto, com picos em setembro, outubro e novembro. Neste ano devemos ter um julho melhor, mas muito em função do volume de safra velha que ainda está sendo embarcado.
Para este ano, a expectativa também é de que o volume embarcado ganhe força entre setembro e novembro. A pandemia teve um impacto na demanda global e temos visto fábricas consumindo menos que a sua capacidade, com velocidade de consumo mais baixa. O apetite por compra antecipada é mais baixo no curto prazo. Mas existe uma expectativa de retomada para o fim deste ano e começo do ano que vem. A expectativa de retomada já deve ter influência nos embarques da safra 2020 do algodão brasileiro. A perspectiva é de uma safra menor dos EUA e a possibilidade de que o Brasil, segundo maior exportador, ganhe uma fatia de mercados atendidos tradicionalmente pela safra norte-americana.
Por outro lado, com a China comprando mais algodão norte-americano como parte do acordo comercial entre os dois países, isso poderia fazer com que o Brasil exporte menos algodão para a China. O que o Brasil deixar de embarcar para a China vai ter que buscar embarcar em outros mercados, aumentar participação nos outros dois grandes importadores, Vietnã e Bangladesh, mas também aumentar a participação em outros mercados, como Turquia e Paquistão, para que compense essa redução que poderia vir dos embarques para a China. Entretanto, uma possível redução nos embarques para a China não deve ser expressiva. A China entende que o Brasil é um parceiro estratégico e não deixaria de comprar algodão brasileiro. Nos outros mercados além da China, o Brasil ainda tem fatia inferior a 20%. Há condição de aumentar a participação no volume total que eles importam. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.