15/Jul/2020
O número de agentes ativos no mercado de algodão em pluma é baixo, contexto que tem limitado os negócios no spot. Parte das indústrias trabalha com a matéria-prima recebida por meio de contratos a termo, enquanto os produtores estão focados na intensificação da colheita e no beneficiamento. No geral, os vendedores estão firmes nos valores indicados. Com a oferta restrita, especialmente de lotes com qualidade superior, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra leve alta de 0,12% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,73 por libra-peso. Na parcial do mês, o Indicador apresenta pequeno avanço de 0,77%, com média de R$ 2,71 por libra-peso, 0,32% superior à média de junho/2020 e 3,92% acima da de julho/2019, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de junho/2020).
No dia 8 de julho, a Companhia Nacional de Abastecimento divulgou que a área semeada na safra 2019/2020 no Brasil teve leve recuo de 0,14% se comparada à estimativa de junho/20, indo para 1,67 milhão de hectares (+3,1% frente à temporada 2018/2019). A produtividade aumentou 0,32% entre os relatórios de junho e julho, ficando 0,9% maior que a estimada na safra passada, a 1.733 quilos por hectare. Assim, a produção é estimada em 2,89 milhões de toneladas, altas de 0,18% se comparada ao relatório anterior e de 4% frente a 2018/2019. Em Mato Grosso, a área semeada na temporada 2019/2020 se manteve em 1,17 milhão de hectares, mas a produtividade e a produção tiveram reajustes positivos de 0,51%, indo para, respectivamente, 1.724 quilos por hectare e 2,01 milhões de toneladas (em relação à temporada 2018/2019, observam-se elevações de 3,8% na produtividade e de 7,6% na produção).
Na Bahia, houve queda de 0,54% nas estimativas de área e de produção em relação ao relatório anterior, a 313,4 mil hectares e 567,9 mil toneladas. No comparativo com a safa passada, as quedas são ainda maiores, de 5,6% na área e de 5% na produção. A produtividade ainda é a mesma, de 1.812 quilos por hectare. Quanto à colheita, 9% da área estimada havia sido colhida até o encerramento de junho. No geral, o clima tem favorecido o desenvolvimento das lavouras. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a colheita em Mato Grosso, até o dia 10 de julho, havia atingido 5,16% da área estimada, quase 2% abaixo do mesmo período do ano passado (safra 2018/2019). Mesmo com os prêmios em baixa para o algodão brasileiro, os valores para exportação estão mais atrativos, o que tem feito com que alguns negócios sejam captados envolvendo as safras 2019/2020 e 2020/2021. Neste caso, tradings estão mais ativas nas compras nos últimos dias.
A paridade na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,25 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Para os primeiros vencimentos da Bolsa da Nova York, apesar das quedas do petróleo, as menores projeções de produção e de consumo da safra 2020/2021 dos Estados Unidos estão dando sustentação aos valores. Assim, nos últimos sete dias, o contrato Outubro/2020 está cotado a 63,75 centavos de dólar por libra-peso (+0,28%) e Dezembro/2020, a 63,35 centavos de dólar por libra-peso (+0,33%). O contrato Março/2021 está cotado a 64,04 centavos de dólar por libra-peso (+0,25%) e Maio/2021, a 64,68 centavos de dólar por libra-peso (+0,31%). O vencimento Julho/2020 se encerrou no dia 9, a 63,34 centavos de dólar por libra-peso, com alta de 3,87% entre os dias 30 de junho e 9 de julho.
Em relatório divulgado no dia 10 de julho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reajustou negativamente a produção mundial 2020/2021 frente ao relatório anterior em 2,1%, indo para 25,3 milhões de toneladas (queda de 5,5% em relação à temporada passada). O consumo da safra 2020/2021 está estimado em 24,9 milhões de toneladas, alta de 11,7% frente à temporada anterior. Para o Brasil, o consumo deve cair se comparado a 2017/2018 e 2018/2019 e retomar o patamar da safra 2016/2017, de 697 mil toneladas. A comercialização mundial poderá subir 4,6% na temporada 2020/2021, para 9,1 milhões de toneladas, mas há redução nas estimativas frente ao relatório anterior, indicando recuos de 2,3% nas importações e de 2,5% nas exportações. Neste contexto, o estoque global 2020/2021 está projetado em 22,34 milhões de toneladas, queda de 1,8% em relação ao relatório de junho/2020, mas ainda 1,8% superior ao da safra anterior. Vale considerar que os estoques dos Estados Unidos tiveram reajuste negativo de 15% de um mês para o outro, estimados em 1,48 milhão de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.