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03/Jul/2020

Brasil eleva participação nas importações chinesas

Segundo o Conselho Consultivo Internacional de Algodão (Icac), o Brasil teve um grande salto na participação nas importações chinesas de algodão. O País foi o principal beneficiário dos atritos entre Estados Unidos e China, vendo sua parcela do mercado chinês aumentar 170% na temporada 2018/2019. Para a temporada 2019/20, no período de agosto a abril, os embarques dos Estados Unidos para a China atingiram 277 mil toneladas, um aumento de 29% em relação ao período anterior. A expectativa do conselho para a atual temporada é de que outros fornecedores além de Brasil e Estados Unidos diminuam suas exportações para a China. O destaque nesse sentido seria a África Ocidental, com redução de 48%, enquanto outras origens teriam retrações nos embarques entre 7% e 73%. Em termos de cotações, o valor médio na temporada 2019/2020 do índice Cotlook A deve ficar em 71,00 centavos de dólar por libra-peso. Para a safra 2020/2021, a perspectiva é de 58,00 centavos de dólar por libra-peso.

Segundo o Instituto Insper, a crise entre China e Estados Unidos abriu uma oportunidade para o Brasil assumir pela primeira vez a liderança nas vendas para o gigante asiático, mas a assinatura de um acordo entre as duas potências ainda é uma incógnita. O acordo comercial previa que as exportações norte-americanas iriam chegar a US$ 35 bilhões em 2020, mas, até agora, não chegaram a US$ 5 bilhões. Está bem aquém do que foi prometido. O Brasil se beneficiou da contenda nos últimos anos, tirando cerca de US$ 10 bilhões dos Estados Unidos no mercado chinês. A presença do setor na Ásia é importante para manter mercado. O algodão brasileiro está crescendo de maneira muito pronunciada, e a presença física é uma promoção frente aos Estados Unidos, que já exportam há 200 anos. Em dez anos, o Brasil deve superar o algodão norte-americano em exportações, chegando ao primeiro lugar do ranking. Se o acordo sino-americano não prosperar, o Brasil terá uma vantagem relativa no suprimento de algodão para o mercado chinês.

Mas, sem acordo, a economia chinesa vai sofrer, e a demanda mundial vai diminuir, o que é ruim para todos. Se a primeira fase do pacto se concretizar, a China vai comprar basicamente algodão norte-americano. Nos preços atuais, o Brasil é competitivo frente aos Estados Unidos, mas a demanda das fiações continuará fraca, até o fim da pandemia. Para todos os mercados, e não apenas o asiático. Por isso, o algodão sustentável ABR/BCI é um grande trunfo do Brasil, especialmente porque a BCI não está mais certificando algodão da região de Xinjiang, devido a problemas em questões trabalhistas. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enfatizou o trabalho realizado pelo Ministério da Agricultura na abertura e manutenção de mercados fora do Brasil. A pandemia afetou todas as cadeias produtivas, mas, especialmente, a do algodão. A recuperação da China, com redução dos casos de Covid-19, já justificaria um aumento de importações, apesar de que estamos vendo um movimento diferente da pandemia, com segundas ondas, em lugares que em que já estavam estabilizados.

Essa situação deve ser acompanhada com bastante atenção. As exportações brasileiras de algodão totalizaram 56,704 mil toneladas em junho, uma queda de 12,6% ante igual período do ano passado, quando foram embarcadas 64,884 mil toneladas. O volume também ficou 18,47% abaixo do observado em maio, quando o Brasil vendeu ao exterior 69,553 mil toneladas. Os dados foram divulgados na quarta-feira (1º/07) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia e consideram 21 dias úteis do mês de junho. A receita com exportações somou US$ 83,632 milhões, o que significa um recuo de 22,77% em relação a junho de 2019, quando o faturamento com os embarques chegou a US$ 108,293 milhões. O valor também é 19,72% inferior na comparação com os US$ 104,18 milhões obtidos em maio deste ano.

Em relatório divulgado esta semana com foco em algodão, a Maersk destacou que o segmento de exportação da fibra cresceu 55% ante igual trimestre do ano passado, devido à uma safra maior de algodão do Brasil e à disputa comercial entre Estados Unidos e China, com os principais destinos da fibra brasileira nesse período sendo China, Vietnã e Bangladesh. Da safra 2019/2020, estimada em 2,8 milhões de toneladas, 70%, já está vendida para as tradings. Agora, as tradings estão observando como vai ser a negociação principalmente com a China, devido ao acordo entre China e Estados Unidos. Isso pode ou não impactar a exportação brasileira. A previsão ainda é positiva. A safra de fato começa a ser exportada a partir de fim de agosto e começo de setembro. Serão aproximadamente 200 mil toneladas sendo exportadas por mês a partir de agosto. Isso deve somar de agosto a dezembro aproximadamente 1 milhão de toneladas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.