01/Jul/2020
As negociações envolvendo algodão em pluma registraram leve melhora em junho frente aos dois meses anteriores. Ao longo do período, entregas de contratos que estavam postergadas foram realizadas e negócios envolvendo a pluma da nova safra, fechados. Os compradores seguiram pressionando as cotações, pedindo maiores prazos para pagamentos e buscando o produto de melhor qualidade. Os vendedores estiveram mais atentos aos trabalhos de campo, na expectativa de poder cumprir os contratos já efetuados anteriormente. Ressalta-se que os contratos antecipados devem gerar receita maior que a obtida com as vendas nos atuais patamares de preços. Neste cenário, os preços seguiram estáveis ao longo de todo o mês passado. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, oscilou entre R$ 2,69 e R$ 2,72 por libra-peso em junho, ou seja, com o valor mínimo sendo apenas 1,3% menor que o máximo.
Em junho, a média está em R$ 2,71 por libra-peso, 2,3% maior que a média de maio/2020, mas 3% inferior à de junho/2019 e 7,1% abaixo da média de março/2020, quando a pandemia de coronavírus começou a ganhar força no Brasil , todas em termos nominais. O Indicador em moeda norte-americana esteve em 52,12 centavos de dólar por libra-peso em junho, 23% abaixo do Índice Cotlook A e 14,3% inferior ao valor do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York. Isto indica os deságios que o produto brasileiro está sofrendo no mercado internacional, diante do excedente expressivo ainda disponível e da chegada de uma nova safra brasileira quase em patamar recorde. A demanda internacional e o consumo mundial de algodão também estão se alterando de forma expressiva com a pandemia.
No início de 2020, as estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicavam consumo de algodão na temporada 2019/2020 (até julho/2020, praticamente) de 26,2 milhões de toneladas, em linha com o observado das duas últimas temporadas. Desde então, todos os relatórios do USDA mostraram diminuição na estimativa de consumo, sendo de 1% em fevereiro, de 0,7% em março, de 6,4% em abril, de 5,1% em maio e de 2,2% em junho. Assim, em relação às estimativas registradas em janeiro/2020, as previsões atuais estão 14,6% menores. Há expectativa de recuperação parcial da demanda para a temporada 2020/2021. Até a terceira semana de junho, os embarques brasileiros de algodão em pluma somaram 33,6 mil toneladas, com média diária de 2,4 mil toneladas, contra 3,42 mil toneladas em junho/2019, queda de 29,7%.
O preço médio diário também está 11,1% inferior na mesma comparação. O valor médio para exportação da safra 2018/2019 captado ainda em junho/2020 e com entregas até setembro/2020 ficou em 55,55 centavos de dólar por libra-peso, alta de 2,2% frente ao de maio (54,35 centavos de dólar por libra-peso). O da temporada 2019/2020 caiu 1,75%, a 57,03 centavos de dólar por libra-peso, com entregas entre junho/2020 e dezembro/2020, contra média de 58,05 centavos de dólar por libra-peso em maio/2020. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside), Porto de Paranaguá (PR), subiu 3,26% nos últimos sete dias e 5,06% no mês de junho, a R$ 3,22 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
A média de junho (R$ 3,04 por libra-peso) é 5,76% inferior à de maio (R$ 3,22 por libra-peso). Os primeiros vencimentos de contratos da Bolsa de Nova York registram queda, pressionados pelo avanço do dólar frente a outras moedas e por oscilações do petróleo. Assim, Julho/2020 está cotado a 59,62 centavos de dólar por libra-peso, queda de 4,64% nos últimos sete dias, e o Outubro/2020, a 60,13 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 1,07%. Os contratos Dezembro/2020 e Março/2021 registram desvalorizações leves de 0,37% e 0,48%, cotados, respectivamente, a 59,63 centavos de dólar por libra-peso e a 60,29 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.