17/Jun/2020
Os valores do algodão em pluma seguem relativamente estáveis no mercado interno há quase um mês. Desde a primeira quinzena de abril, as cotações domésticas estão abaixo da paridade de exportação, fato incomum para um longo período. Isso significa que as exportações são muito mais rentáveis do que as vendas internas, mas os dois mercados operam com relativa baixa liquidez. Na semana passada, especificamente, o feriado nacional no dia 11 de junho reforçou ainda mais o já fraco ritmo de vendas no varejo, limitando as negociações envolvendo a pluma no mercado doméstico. De um lado, os compradores seguem adquirindo apenas o produto para renovar estoques, mas ainda buscam ampliar os prazos de pagamentos. De outro, a recuperação da taxa de câmbio eleva a paridade de exportação, deixando vendedores resistentes em novas ofertas. No campo, aos poucos, a colheita da nova safra se intensifica, o que indica que a nova oferta chegará ao mercado em breve.
Entretanto, os primeiros lotes são direcionados para o cumprimento de contratos, especialmente para exportação. Agentes sinalizam melhora no interesse de indústrias asiáticas, em especial da China. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra leve alta de 0,31% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,71 por libra-peso. A média mensal parcial está em R$ 2,70 por libra-peso, 2,33% maior que a média de maio/2020, mas 3% abaixo da de junho/2019, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de maio/2020). Quanto à exportação, o ritmo de negócios permanece lento para a pluma das safras 2018/2019, 2019/2020 e 2020/2021. Na parcial de junho, o preço médio de exportação da temporada 2018/2019 está em 55,85 centavos de dólar por libra-peso, 2,76% acima da média de maio (de 54,35 centavos de dólar por libra-peso). Para o segundo semestre, o algodão de 2019/2020 está cotado a 57,17 centavos de dólar por libra-peso, 1,52% abaixo da do mês anterior (58,05 centavos de dólar por libra-peso).
No mesmo período de comparação, a pluma da safra 2020/2021 apresenta média de 58,73 centavos de dólar por libra-peso para o segundo semestre de 2021, queda de 0,66% frente aos 59,12 centavos de dólar por libra-peso de média no mês passado. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,01 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão em queda. A pressão vem da desvalorização do petróleo, de estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando menor consumo de pluma da temporada norte-americana de 2020/2021 e de projeções de maior estoque. O vencimento Julho/2020 registra desvalorização de 2,96% nos últimos sete dias, cotado a 59,01 centavos de dólar por libra-peso e o Outubro/2020 apresenta recuo de 4,04%, a 58,65 centavos de dólar por libra-peso.
O contrato Dezembro/2020 acumula baixa de 3,35% nos últimos sete dias, a 58,35 centavos de dólar por libra-peso e o Março/2021, queda de 3,17%, cotado a 59,01 centavos de dólar por libra-peso. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USA) divulgados no dia 11 de junho indicam que a produção mundial 2019/2020 será de 26,8 milhões de toneladas, 3,6% maior que a anterior. O consumo foi reajustado negativamente por mais um mês, em 2,2% frente ao relatório anterior, e apresenta queda de 14,7% se comparado ao de 2018/2019, a 22,4 milhões de toneladas, o menor volume desde a temporada 2003/2004. Assim, o estoque global 2019/2020 está previsto em 21,9 milhões, elevação de 3,5% frente à projeção do mês anterior e 25% superior ao da safra passada. A comercialização mundial está estimada em 8,6 milhões de toneladas, com recuos de 6,6% nas importações e de 3,2% nas exportações frente à temporada passada.
Quanto à safra 2020/2021, a produção poderá ficar em 25,85 milhões de toneladas, 3,4% menor que o volume da safra anterior. O consumo global, por sua vez, pode crescer 11,5%, indo para 24,9 milhões de toneladas, mas apresentou queda de 1,8% frente ao apontado em maio. O estoque mundial foi estimado em 22,8 milhões de toneladas, 5,3% acima do da primeira estimativa e 4,1% maior que o da safra 2019/20. A comercialização poderá subir para 9,3 milhões de toneladas (+7,9% nas importações e +7,8% nas exportações). Para Índia, em especial, o maior volume produzido, a queda no consumo e a baixa nas exportações pressionaram os valores do algodão em mais de 20% em relação a junho/2019. Nos primeiros seis meses, as exportações da Índia caíram quase um quinto frente ao mesmo período do ano anterior, devido ao fechamento da fronteira com o Paquistão, um dos principais importadores, a problemas de qualidade e a restrições impostas pela quarentena. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.