27/Mai/2020
O ritmo de negócios envolvendo algodão em pluma no mercado interno segue lento. Agora, a baixa liquidez está sendo influenciada pela retração de alguns vendedores, que, quando ativos, estão firmes nos valores indicados. Esse afastamento de vendedores do mercado está relacionado ao bom ritmo das exportações na parcial de maio, que, inclusive, registram remuneração bem acima da negociação interna. Além disso, a proposta de programa governamental que possibilita crédito aos produtores, visando estoque e comercialização nos próximos meses, também está limitando as vendas de agentes. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, até a terceira semana de maio (15 dias úteis), a média diária das exportações de algodão esteve em 3,9 mil toneladas, 4,4% acima das 3,8 mil toneladas de um ano atrás. Na parcial do mês, foram exportadas 59 mil toneladas de pluma, 29% abaixo do volume total de maio de 2019.
O preço médio de maio em dólar está em 68,27 centavos de dólar por libra-peso, 12% menor que o do mesmo período do ano anterior (77,19 centavos de dólar por libra-peso). Porém, em moeda nacional, o valor médio na parcial de maio está em R$ 3,90 por libra-peso, elevação de 26,5% se comparado ao de maio/2019 (R$ 3,08 por libra-peso), e expressivamente acima da cotação doméstica da pluma. No mercado interno, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 2,04% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,69 por libra-peso. Na parcial de maio, o Indicador acumula alta, de 1,1%. A média mensal está em R$ 2,63 por libra-peso, 4,87% menor que a média de abril/2020 e 13,45% abaixo da de maio/2019, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de abril/2020).
Do lado comprador, com cada vez menos disponibilidade de algodão da safra 2018/2019, alguns têm tido dificuldade em encontrar a pluma dentro das características desejadas no spot, o que também é um fator limitante para a realização de novos fechamentos. Alguns lotes apresentam características de cor avermelhada, baixa resistência e fibra curta. Ainda assim, há relatos de negócios envolvendo a pluma já da safra 2019/2020 com origem em São Paulo. Algumas indústrias que estão ativas buscam prazos maiores de pagamento. De 19 a 25 de maio, o prazo médio foi de 13 dias, atingindo 20 dias no dia 19 de maio. Isso está atrelado à baixa liquidez de seus produtos, o que tem prejudicado o fluxo de caixa. Parte dos vendedores, contudo, receia inadimplência e, por isso, está resistente quanto aos preços e aos prazos pedidos.
Algumas empresas ainda relatam que estão estocadas, fazendo produção sob encomenda, trabalhando com capacidade reduzida e utilizando matéria-prima estocada e/ou de contratos. Ainda no aguardo da retomada das atividades, principalmente no estado de São Paulo, parte dos agentes está pouco otimista com relação à melhora no ritmo de produção, no curto e médio prazos, pois consumidores têm priorizado a compra de bens essenciais, situação que tem se acentuado com a pandemia e com o alto índice de desemprego no Brasil. Com a intervenção do Banco Central, o dólar caiu 4,55% frente ao Real nos últimos sete dias. Assim, as novas negociações voltadas para exportação estão em menor ritmo. Vale considerar que a movimentação está maior para a temporada 2020/2021, visto que tradings relatam que já estão bem compradas para a safra 2019/2020. No entanto, há fechamentos que envolvem ainda a safra 2018/2019, inclusive lotes de qualidade inferior, sendo realizados a valores superiores aos praticados no mercado interno.
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,27 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os quatro primeiros contratos registram quedas, influenciados pela tensão entre os Estados Unidos e a China, pelo enfraquecimento das vendas norte-americanas e pela realização de lucros. Assim, nos últimos sete dias, o vencimento Julho/2020 registra recuo de 1,1%, cotado a 57,61 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o Outubro/2020 apresenta queda de 0,76%, a 57,51 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2020 acumula desvalorização de 0,62%, para 57,81 centavos de dólar por libra-peso e Março/2021, de 0,24%, cotado a 58,73 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.