15/Mai/2020
A negociação de algodão segue lenta no Brasil, já que as fábricas continuam com atividade reduzida e consumindo a fibra que têm em estoque. Grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, mantêm o comércio fechado. O cenário para a demanda é desafiador com os efeitos da pandemia do novo coronavírus. O indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 2,59 por libra-peso e acumula queda de 2,67% no mês de maio. Há retração de compradores no mercado interno. Boa parte das indústrias está com a produção paralisada e/ou reduzida, consumindo a matéria-prima estocada. Assim, os fechamentos no spot ocorrem de forma pontual, apenas para atender à necessidade de curto prazo. Alguns contratos a termo programados para meses anteriores ainda não foram entregues. O fechamento de shoppings, as restrições à circulação de pessoas e a insegurança sobre emprego e renda têm se refletido negativamente sobre as vendas de vestuário.
Se o varejista não está vendendo roupa, ele não encomenda as roupas para o fabricante, que não encomenda os tecidos e os fios, e, por consequência, o algodão, produzido principalmente na Bahia e em Mato Grosso, não é demandado. A situação atual é de quase paralisia da demanda global de algodão. Mesmo quem já havia negociado a fibra a preços mais altos do que os atuais, está enfrentando adiamento de contratos. Com esse problema da demanda, que está afetando o algodão no mês de maio e vai afetar no mês de junho, julho e agosto, mesmo os produtores que tinham contratos negociados acabaram tendo um risco para gerenciar. Os principais riscos para o mercado de algodão estão relacionados à renegociação de prazos de contratos e à negociação do algodão ainda não fixado. Essa situação gera muitas dúvidas no mercado de algodão.
Obviamente, será possível ter uma visão mais clara de como esse tema vai ser resolvido ao longo dos próximos meses, conforme a pandemia se dissipar. A diminuição de área plantada no mundo não ocorrerá na mesma proporção da redução da demanda. Ao longo do ano de 2020 e começo de 2021 deve ocorrer um ciclo de formação de estoques de algodão e provável pressão sobre os preços. Os preços mais baixos do algodão podem levar a uma redução de área plantada com a fibra na Bahia, devido ao algodão estar com margem mais apertada neste momento. As áreas de redução de algodão vão migrar para a soja. A redução de área deve se limitar de 15% a 20% porque os produtores têm investimentos em máquinas e beneficiamento que limitam a troca de cultura. A rentabilidade do algodão está bastante apertada neste momento.
Sendo assim, não é racional que o produtor mantenha ou aumente a área se tem a possibilidade de plantar soja com boa rentabilidade e custo de produção menor. Entretanto, o algodão ainda gera maior valor por hectare do que a soja. Essa matriz permite redução de área plantada, mas não tanto quanto já se ventilou, de 40% a 50%. Dois fatores favorecem o produtor brasileiro: a redução do custo em dólar e o fato de que 75% a 80% da safra que está no campo foi comercializada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou, em seu relatório mensal de oferta e demanda de maio, que a produção do país em 2020/2021 deve somar 4,246 milhões de toneladas. O estoque final foi projetado em 1,676 milhão de toneladas. Quanto à safra 2019/2020, o governo norte-americano aumentou a estimativa de produção para 4,336 milhões de toneladas. A previsão de estoque final aumentou de 1,46 milhão de toneladas para 1,54 milhão de toneladas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.