13/Mai/2020
As exportações brasileiras de algodão seguem firmes e remunerando mais que as vendas no mercado doméstico. Entretanto, o excedente interno ainda é expressivo e, por isso, o País precisa continuar embarcando volumes ainda mais significativos nos próximos meses. Vale lembrar que, em breve, uma nova safra deve chegar de forma intensa ao mercado, num contexto de baixo ritmo de produção industrial desde março. Com isso, os preços do algodão em pluma estão se descolando dos internacionais. Nesse cenário, enquanto a paridade de exportação segue relativamente firme, sustentada pelos valores externos e pela taxa de câmbio, as cotações domésticas têm sido pressionadas. Entre os dias 4 e 11 de maio, o dólar se valorizou 5,34% frente ao Real, com recorde nominal registrado no dia 7 de maio (R$ 5,858). A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá, é de 63,90 centavos de dólar por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os contratos registram alta, impulsionados por recompras após as quedas registradas anteriormente e pelo aumento do preço internacional do petróleo. O contrato Maio/2020 encerrou no dia 6 de maio, a 54,83 centavos de dólar por libra-peso, com queda de 5,56% entre os dias 30 de abril e 6 de maio. Para os demais contratos, , o vencimento Julho/2020 registra valorização de 4,23% nos últimos sete dias, cotado a 56,63 centavos de dólar por libra-peso; Outubro/2020 apresenta alta de 3,1%, a 57,62 centavos de dólar por libra-peso; e Dezembro/2020 acumula avanço de 2,47% no mesmo comparativo, cotado a 57,63 centavos de dólar por libra-peso. Mas, a atratividade está no cumprimento dos contratos de exportações. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 90,6 mil toneladas em abril/2020, sendo o maior volume já embarcado em um mês de abril.
Dentre os principais destinos estão, respectivamente, Vietnã, Turquia, China, Bangladesh e Indonésia, que juntos representam 77% do que foi exportado. Em abril, o faturamento totalizou US$ 141,4 milhões e o valor médio da pluma exportada foi de 70,82 centavos de dólar por libra-peso (FOB porto brasileiro), recuo de apenas 1,4% no mês e queda de 8,4% em um ano. Esse preço médio da pluma exportada seria equivalente a R$ 3,77 por libra-peso, 36,3% maior que a média do Indicador, de R$ 2,77 por libra-peso. Enquanto isso, no mercado interno há retração de compradores. Boa parte das indústrias está com a produção paralisada e/ou reduzida, consumindo a matéria-prima estocada. Assim, os fechamentos no spot ocorrem de forma pontual, apenas para atender à necessidade de curto prazo. Vale considerar que alguns contratos a termo programados para meses anteriores ainda não foram entregues.
Se para março a situação foi complicada, é de se esperar cenário ainda pior para abril para os compradores. Assim, do lado vendedor, parte está flexível nos preços pedidos neste mês de maio, na tentativa de alguma efetivação de negócios. No entanto, outros agentes estão retraídos das vendas, pois acham baixos os valores praticados, ou ainda se mantêm firmes nos pedidos. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 0,72% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,62 por libra-peso. Neste início de maio, a média do Indicador está 17,7% inferior à paridade de exportação, diferença recorde, considerando-se a série histórica, iniciada em 16 de julho de 2001. No dia 7 de maio, especificamente, a diferença chegou em 18,19%. Esse contexto tem estimulado as negociações voltadas para o mercado externo, envolvendo a pluma das três temporadas (safra 2018/2019, 2019/2020 e 2020/2021).
No relatório divulgado nesta terça-feira (12/05) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), houve recuo de 0,36% na área semeada no Brasil na safra 2019/2020 frente ao relatório anterior, mas, no comparativo com a temporada passada, a alta é de 3,3%, indo para 1,67 milhão de hectares. A produtividade, por sua vez, avançou 0,3% frente à safra passada e frente ao relatório anterior, indo para 1,723 quilos por hectare. Assim, a produção teve leve recuo de 0,05% se comparada aos dados de abril, porém, pode ser 3,6% acima da safra 2018/2019, totalizando 2,88 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, os dados se mantiveram estáveis quando comparados aos do relatório de abril, com a área estimada em 1,17 milhão de hectares, a produtividade, em 1,716 quilos por hectare, e a produção, em 2 milhões de toneladas. Na Bahia, a área semeada também se manteve, em 315,1 mil toneladas, mas a produtividade e a produção tiveram reajustes positivos de 1,59% para ambos em maio, passando para 1,788 quilos por hectare e 563,4 mil toneladas. Com isso, a produção da safra 2019/2020 na Bahia deve cair 5,7% em relação à anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.