11/Mai/2020
De acordo com estudo realizado pela McKinsey & Company, os produtores brasileiros de algodão são os que mais utilizam tecnologias digitais e são pioneiros na adoção destas soluções. Uma pesquisa entrevistou 750 produtores de onze Estados, que representam 80% da área plantada no Brasil, e ao fim os separou em "clusters comportamentais". Do cluster dos "mais antenados", 62% são produtores de algodão e o restante, de grãos. Chama a atenção o fato de a pesquisa ter sido feita antes da chegada do novo coronavírus ao Brasil. A pandemia da Covid-19 deve acelerar as tendências identificadas pelo estudo. Os produtores "antenados" também são os mais interessados em expandir suas operações, realizar vendas online e comprar maquinário. Quase metade deles tem menos de 35 anos e 40% já busca negociar créditos de carbono (por captura de gases de efeito estufa). Além de produtores de algodão e de grãos (separados nas regiões do Cerrado, MATOPIBA e Sul), o levantamento também ouviu representantes das culturas de legumes e verduras, cana-de-açúcar e café).
Outros "clusters" identificados no estudo foram: "empreendedores de grãos", produtores sofisticados estabelecidos nas três regiões (MATOPIBA, Cerrado e Sul), com idade de 35 a 55 anos e que já fazem compras online para a fazenda (metade deles); "jovens agricultores de hortifruti", pequenos produtores que conhecem tecnologias digitais, planejam comprar insumos online mas são avessos ao risco e compram principalmente orientados por preço; "agricultores artesanais", majoritariamente produtores de café, conservadores em relação a tecnologias, orientados pela qualidade e que não demonstram interesse em vender a produção de forma online; e os "membros maduros de cooperativas" (54% de cana-de-açúcar, 29% de café e 15% grãos da Região Sul), a maioria com mais de 55 anos e que são os que menos investem em maquinário.
O estudo traz três importantes mensagens: os produtores do Brasil estão mais conectados e fazendo ativamente gestão digital, 85% usam WhatsApp diariamente para interagir com fornecedores e clientes e 71% usam tecnologia para fazer algo relacionado à gestão da fazenda. O uso de compras online de itens para a fazenda, como peças, insumos etc, é maior no Brasil do que nos Estados Unidos. Segundo a pesquisa, 36% dos entrevistados brasileiros alegam fazer algum tipo de compra online para a propriedade, contra 24% nos Estados Unidos. Esse um terço quer vender de forma online e também comprar insumos da mesma forma. A pandemia vai impulsionar a busca por esses canais. O percentual (de 36%) não é maior por falta de infraestrutura digital nas áreas de lavoura, receio quanto à segurança digital e pela experiência do usurário com os aplicativos.
O estudo levantou ainda características e preferências dos produtores entrevistados com relação a crédito, aquisição de insumos, agricultura de precisão e outros temas. Quanto ao primeiro item, 36% dos participantes disseram usar barter para se financiar e mitigar riscos (travar o preço do produto antecipadamente). Os produtores de algodão são os que mais usam barter. Além disso, 64% dos entrevistados fazem hedge de preços (travamento do preço da commodity e também do câmbio), com destaque para os produtores de grãos do Cerrado, de algodão e de grãos do MATOPIBA, nesta ordem. Em relação à aquisição de insumos, o levantamento identificou que os produtores cada vez dão menos valor à marca do produto, e mais ao preço e sua performance. Eles estão extremamente abertos a testar novos produtos.
Do total de entrevistados, 19% já fizeram parte de algum grupo de compras e outros 18% querem entrar em um grupo nos próximos meses. Ainda sobre insumos, 90% dos agricultores não contratam serviços externos de maquinário para a preparação da safra e utilizam suas próprias máquinas. A pesquisa questionou também quais ferramentas de agricultura de precisão os produtores brasileiros mais usam, e o perfil dos usuários. Produtores de grandes culturas e mais jovens utilizam mais estes recursos do que os de pequenas propriedades. As tecnologias relacionadas à taxa variável de aplicação (VRA) e drones são hoje as mais utilizadas, enquanto telemetria, sensoriamento remoto e internet das coisas (IoT) ainda têm espaço para crescer. Isso ocorre porque a conexão no campo ainda não é tão boa. É uma barreira para o uso das tecnologias de agricultura de precisão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.