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07/Mai/2020

Indústria têxtil sentindo os efeitos da pandemia

Um dos setores da economia que mais sentiram o fechamento de lojas causado pela pandemia do novo coronavírus, a indústria têxtil e de confecção registrou demissões em pelo menos metade das empresas no Brasil. É o que aponta pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), realizada na semana passada, entre os dias 27 e 30 de abril, um pouco mais de um mês depois do início das medidas de isolamento social em vários Estados e municípios. Segundo o levantamento, 52% das companhias já demitiram em razão da crise causada pela pandemia. Por enquanto, a maior parte das empresas está entre as que menos demitiram. Em 44% delas, as demissões atingiram até 5% dos trabalhadores. Em 19%, os cortes afetaram entre 6% e 10% dos funcionários. Em outras 19%, algo entre 11% e 15% dos colaboradores foram demitidos. Nas demais, os cortes atingiram mais de 16% dos trabalhadores, sendo que em 4% delas pelo menos 41% dos funcionários foram demitidos.

As demissões, contudo, não são o recurso mais utilizado pelas empresas para enfrentar a crise. De acordo com a pesquisa, 80% recorreram ao chamado home office (regime de trabalho em que o funcionário trabalha de casa). Além disso, cerca de 70% também anteciparam férias, 57% recorreram ao banco de horas e 54% promoveram férias coletivas. A pesquisa também mostra uma adesão de 61% das empresas a reduções de jornadas e salários na mesma proporção, como prevê a Medida Provisória adotada pelo governo federal, com duração de três meses. Sem essa medida, as empresas teriam demitido mais. A maior parte das companhias, em vez de ter cortado até 5% dos colaboradores, teria demitido quatro vezes mais. Muito provavelmente, a medida do governo terá de ser prorrogada, pois, mesmo que haja flexibilização do isolamento social, as empresas não voltarão a produzir a todo vapor.

Se o estado de São Paulo, onde estão 46% das empresas do setor, começar a sair da quarentena no dia 11 de maio, o ritmo de produção, em junho, voltaria em 30% do considerado normal e chegaria ao fim do ano em cerca de 75%. A atividade do setor deve terminar 2020 com uma queda de 10% em relação a 2019. Portanto, é razoável supor, mas não desejável, que cerca de 10% das empresas não consigam terminar o ano, pois muitas podem falir antes do fim de 2020, em razão das dificuldades financeiras causadas pela crise. Hoje, 63% das empresas afirmam que houve diminuição de mais de 50% nos pedidos. Para amenizar a situação, o setor defende uma melhora das condições de crédito, para que as empresas possam ter acesso a financiamento para capital de giro. Segundo a pesquisa, 76% das companhias do setor procuraram os bancos para obter crédito e 59% delas não tiveram suas demandas atendidas.

As garantias exigidas pelos bancos foram consideradas excessivas pela maioria das empresas. O risco da economia aumentou e os bancos, em lugar nenhum do mundo, atuam de forma anticíclica. Portanto, a sugestão é que um fundo de garantia seja criado para que o risco seja reduzido e o crédito seja destravado. Esse dinheiro precisa chegar na ponta para que as empresas tenham condições de honrar seus compromissos. A única linha que tem funcionado é a que foi criada para empresas com faturamento anual de até R$ 10 milhões, para financiar salário de até dois salários mínimos, durante dois meses, com juro igual à taxa Selic, 36 meses de prazo e seis meses de carência. Nenhuma outra linha chegou para dar suporte às empresas com faturamento superior a R$ 10 milhões. O crédito está “empoçado”. Se não destravar o crédito, haverá uma quebradeira geral. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.