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06/Mai/2020

Tendência de pressão baixista no preço do algodão

O ritmo do mercado de algodão em pluma foi bastante lento nas primeiras semanas de abril, uma vez que grande parte dos agentes esteve afastada das negociações, como reflexo do menor consumo em meio à pandemia do coronavírus. A partir da terceira semana do mês passado, foi verificada certa melhora na liquidez, com vendedores mais ativos e interesse, ainda que pontual, de compras por parte de comerciantes e industriais. Assim, na segunda quinzena de abril, foi captada leve recuperação no número de negócios efetivados. No balanço de abril, no entanto, a oferta superou a demanda, os compradores pressionaram os valores e os vendedores cederam. Assim, mesmo sendo período de entressafra, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu 6,29% no acumulado de abril, fechando a R$ 2,66 por libra-peso, sendo esta a queda mensal mais expressiva desde julho/2019, quando foi de 7,7%. A média mensal foi de R$ 2,77 por libra-peso, 5,06% menor que a média de março/2020 e 10,83% abaixo da média de abril/2019, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de março/2020).

Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra recuo de 3,13%, cotado a R$ 2,64 por libra-peso. No geral, parte dos comerciantes precisou de poucos volumes da pluma para encerrar as entregas de contratos de abril e deste início de maio. Algumas das indústrias ativas, mesmo que com baixa produção, estiveram repondo seus estoques. Vale ressaltar que, frente às incertezas do mercado, a captação de novos contratos a termo destinados a indústrias domésticas está praticamente parada. Estão ativas no spot as indústrias que produzem itens hospitalares, o que representa apenas uma pequena parcela do mercado. Pontualmente, agentes das indústrias repensaram sobre o setor, com indicações, inclusive, de mudança em parte das linhas de produção para atender essa atual demanda, como fabricação de máscaras de tecidos. Vale lembrar também que, com os cancelamentos de pedidos e prorrogações de prazos de vencimentos e entregas, em decorrência do escoamento enfraquecido dos produtos têxteis em geral, o fluxo de caixa das empresas também esteve menor.

Portanto, além de manter funcionários em home office, algumas empresas optaram por férias coletivas e/ou individuais, até redução de carga horária. Na segunda quinzena de abril, os preços internacionais subiram, ao mesmo tempo em que o dólar também se valorizou. Neste cenário, as negociações para exportação voltaram a ganhar ritmo no período. Em abril, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,93 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na comparação mensal, o dólar se valorizou 8,86% frente ao Real e, na anual, 36,9%. No mesmo período, a média do Índice Cotlook A caiu 7,2% frente à de março/2020 e 27,5% se comparada à de abril/2019. Após a forte queda em março, os quatro primeiros contratos na Bolsa de Nova York subiram com força em abril.

Essa recuperação está atrelada ao fortalecimento do petróleo, ao otimismo do mercado financeiro, ao recuo do dólar frente às principais moedas e à expectativa de maior demanda da China. Assim, entre 31 de março e 30 de abril, o vencimento Maio/2020 se valorizou 13,55%, fechando a 58,06 centavos de dólar por libra-peso, enquanto Julho/2020 subiu 12,63%, a 57,33 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2020 avançou 10,36%, para 58,72 centavos de dólar por libra-peso e Dezembro/2020, 10,32%, para 58,92 centavos de dólar por libra-peso. As negociações para embarque ao mercado externo no curto prazo (até julho de 2020) tiveram média de 55,78 centavos de dólar por libra-peso em abril, 15,03% abaixo da registrada no mês anterior (65,64 centavos de dólar por libra-peso), referente à pluma da safra 2018/2019. Para exportação envolvendo a temporada 2019/2020, a média das informações captadas para embarque no segundo semestre de 2020 foi de 60,22 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 11,68% frente à média de março/2020 (68,19 centavos de dólar por libra-peso).

Em relação à safra 2020/2021, a média dos últimos seis meses de 2021 foi de 58,40 centavos de dólar por libra-peso em abril, recuo de 18,27% frente à média do mês anterior (71,46 centavos de dólar por libra-peso). Segundo informações divulgadas no dia 1º de maio pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), com a economia global paralisada e as cadeias de suprimentos quebradas, estima-se que o consumo de algodão deve cair 12%, indo para 22,9 milhões de toneladas na temporada 2019/2020, pressionando o comércio mundial para 8,26 milhões. Quanto à safra 2020/2021, com a Índia ainda liderando. A área mundial semeada está projetada em 33 milhões de hectares, queda de 4% frente à anterior. A produção também deve recuar 4%, totalizando 25 milhões de toneladas. Os preços estimados registraram queda em maio. A projeção mais atualizada do Índice Cotlook A para o final da temporada 2019/2020 está em 71,40 centavos de dólar por libra-peso e, para o final da 2020/2021, em 56,90 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.