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23/Abr/2020

Pressão baixista do algodão limitada pelo câmbio

As negociações de algodão seguem esvaziadas no mercado brasileiro, e a expectativa de participantes é de retomada só quando ocorrer a reabertura de atividades econômicas em alguns Estados. Boa parte das indústrias deu férias coletivas ou licenças, e as que estão em operação evitam comprar mais algodão, porque não conseguem dar vazão aos estoques de fios e tecidos. O fechamento do comércio continua afetando toda a cadeia de têxteis. No dia 20 de abril, o Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, subiu 0,51%, para R$ 2,72 por libra-peso, após cinco dias seguidos de queda. Fábricas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina estão paradas. Começa a haver algum movimento de reabertura em Santa Catarina. Em São Paulo, isso só deve ocorrer depois do dia 10 de maio. Até lá, mesmo a formação de preço está difícil de fazer, porque quase não há demanda pela fibra. As negociações de algodão estão lentas há 40 dias, com o fechamento de fábricas.

Em Mato Grosso do Sul, na região de Chapadão do Sul, tanto indústrias como produtores estão parados. No mercado interno, muitas fábricas deram férias coletivas e pediram suspensão de recebimento de produtos já adquiridos. O fechamento do comércio levou a uma elevação dos estoques ao longo da cadeia. No caso das fábricas de fios e tecidos, não é possível desovar as mercadorias produzidas a partir do algodão e outras fibras. Faz mais de 30 dias que não se tem nem consulta de produtor. As fábricas informam que têm produto estocado e não conseguem vender, porque os compradores estão afastados do mercado. Se as indústrias estão com muito estoque, não faz sentido adquirir novos lotes de algodão. As fiações estão conseguindo entregar pouco do fio. As lojas não estão trabalhando e as tinturarias também estão paradas. Abaixo de 20% a 30% das indústrias estão vendendo neste momento. A expectativa agora é pela retomada das atividades fabris.

O único fator favorável na retomada é que a parada aconteceu num momento em que estoques estavam muito baixos, principalmente os estoques de fiações. Se isso tivesse acontecido com estoques abarrotados, a situação seria mais crítica. O problema é que, quando ocorre uma parada deste tipo, não há recuperação do que não foi consumido e, além disso, as negociações devem retomar em ritmo lento. O mercado de algodão em pluma segue com baixa liquidez, com vendedores atuantes, mas a demanda é restrita. Apenas uma parcela das indústrias está ativa, sendo que muitas utilizam apenas parte da capacidade de produção e dão preferência para a matéria-prima em estoque. Vale considerar que as que produzem itens hospitalares representam uma pequena porção de toda a cadeia têxtil. A expectativa é de que as indústrias possam retomar as atividades nos próximos dias, mesmo que com pequena parcela de sua capacidade produtiva. Para as negociações da safra 2019/2020, o ritmo também é lento.

Além da incerteza sobre a economia doméstica e mundial e o consumo de algodão, o recuo acentuado dos futuros e a forte alta do dólar reforçam o cenário de cautela. Para negociação disponível ou futura, está tudo indefinido. A safra que está no campo tem boas condições. Em Mato Grosso do Sul, as chuvas começaram a diminuir, mas as áreas produtoras receberam bons volumes de janeiro a março. A colheita começa na segunda quinzena de junho, e a produção deve entrar no mercado a partir do início de julho. Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros de algodão fecharam em forte alta nesta quarta-feira (22/04) na Bolsa de Nova York, impulsionados pelo fortalecimento do petróleo, que diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. O vencimento julho da pluma avançou 283 pontos (5,31%) e fechou a 56,14 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.