17/Abr/2020
A negociação de algodão no disponível segue em ritmo lento. Os corretores que estão atuantes no mercado relatam não ver propostas firmes de fábricas. Muitas indústrias deram licenças ou férias coletivas aos funcionários e interromperam a produção por causa das medidas de contenção do coronavírus e agora aguardam para ver como ficará o cenário de consumo de têxteis quando o comércio reabrir. É difícil encontrar compradores atuantes para pronta entrega. No disponível, não ocorrem negócios. As fábricas estão em grande parte paradas por pelo menos mais 15 dias. Há dúvidas se poderá haver alguma retomada de operações em maio. Se forem dois meses de fábricas paradas, o consumo interno de algodão pode ter redução de cerca de 100 mil toneladas. A estimativa inicial para a temporada era de uso doméstico até 700 mil toneladas. As indústrias não querem comprar algodão e nem receber agora o volume já adquirido, uma vez que não sabem quando o comércio vai reabrir e como será o ritmo de consumo quando essa reabertura ocorrer.
As regiões que tinham indicações mais recentes no spot eram Primavera do Leste (MT), com média de preço de R$ 2,66 por libra-peso, e Campo Novo do Parecis, com média de preço de R$ 2,63 por libra-peso. A incerteza também predomina nas negociações para a safra 2019/2020, que deve ser colhida no fim do primeiro semestre. Para a safra nova, não tem movimentação. Todos estão em compasso de espera para ver como vai ser a volta, como vai ficar o consumo. Na Bahia, os compradores também estão fora do mercado tanto no disponível quanto nas negociações futuras, e vendedores aguardam para ver como ficará o cenário da Bolsa de Nova York. Os produtores locais também estão focados na colheita de soja. Há dúvidas ainda se as exportações chegarão aos 2 milhões de toneladas previstos para a temporada que vai de junho do ano passado a julho deste ano. Segundo a Apex-Brasil, as fábricas do setor têxtil chinesas enfrentam problemas de escassez de trabalhadores por causa do coronavírus e, ao mesmo tempo, há incerteza sobre novos pedidos e cancelamentos de aquisições de produtos têxteis.
A indústria têxtil da China não está muito otimista sobre performance de exportação. A Embaixada do Brasil em Pequim afirmou que, antes da Covid-19, a expectativa era de estabilidade na importação chinesa de algodão, mas agora o próprio setor têxtil local vê queda de 20% na compra chinesa da fibra no exterior no primeiro semestre de 2020. Em março, o principal parceiro comercial do Brasil em algodão já foi o Vietnã. Para o Ministério da Agricultura, preocupa mais a “Fase 1” do acordo comercial China-Estados Unidos do que o impacto do coronavírus. O algodão brasileiro foi beneficiado pelo conflito comercial entre Estados Unidos e China. Havia referência de compra 200 pontos acima do contrato dezembro para entrega no Porto de Santos (SP) a partir de agosto, porém, com a Bolsa de Nova York em torno de 54,00 centavos de dólar por libra-peso, vendedor não se interessa em fechar negócio. Para a safra 2020/2021, especula-se que a área plantada poderia diminuir 20% no País, dependendo do que acontecerá com a safra norte-americana nos próximos meses.
Considerando o cenário atual da Bolsa de Nova York, com sinalização de preço ao produtor de US$ 17,00 por saca de 60 Kg na soja e 52,00 centavos de dólar por libra-peso no algodão na Bahia, e expectativa de produtividade de 60 sacas de 60 Kg na oleaginosa e 280 arrobas por hectare na fibra, pequenos e médios produtores do Estado podem migrar do algodão para a soja. Além de não terem estrutura própria de beneficiamento e maquinário, os produtores de menor porte normalmente não fazem negociação futura on call, e sim a preço fixo, que não tem sido considerado remuneradora. Nesse cenário, a área da Bahia pode diminuir de 25% a 30%. A estimativa é de que 12% a 15% da safra 2020/2021 no Estado esteja comercializada, principalmente da produção dos produtores de maior porte. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.