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15/Abr/2020

Tendência de baixa do preço do algodão no Brasil

Apesar do atual período de entressafra, a oferta de algodão em pluma está maior que a procura. Alguns vendedores estão mais flexíveis, mas os poucos compradores ativos ofertam valores ainda menores. A maioria das indústrias, que segue paralisada devido à pandemia de coronavírus, aguarda possíveis medidas governamentais para retomar as atividades. Cautelosos, muitos agentes permanecem fora do mercado e, quando ativos, têm dificuldades para se posicionar quanto aos preços da pluma. As empresas seguem com produção reduzida e consumindo matéria-prima estocada. Apenas algumas entregas de fechamentos realizados anteriormente foram confirmadas, sendo que a grande maioria segue adiando. Outras empresas já apontaram que podem parar a produção nos próximos dias, uma vez que estão com estoque e com poucos pedidos. Nesse cenário de demanda doméstica bastante enfraquecida, os preços seguem em queda. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuou de 1,19% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,80 por libra-peso.

Na parcial de abril, o Indicador acumula baixa de 1,11%. Com a demanda e os preços internacionais em queda, os volumes de negócios para exportação também se escassearam. Os embarques de contratos a termo até seguem acontecendo, mas em menor ritmo. Vale considerar que os produtores estão com boa parte da produção de 2019/2020 comprometida. Dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) apontam que ao menos 26,1% da safra brasileira 2019/2020 (estimada em 2,88 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab) teria sido comercializada até o dia 13 de abril. Deste total, 24,9% foram direcionados ao mercado interno, 59%, ao externo e 16,1%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Em Mato Grosso, informações divulgadas no dia 13 de abril pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que já teriam sido comercializadas 76,64% da produção do Estado, estimada em 1,93 milhão de toneladas. Esse volume está superior à média dos últimos cinco anos (59,86%) e acima dos 67,02% registrados no mesmo período do ano passado (referente à safra 2018/2019).

Ressalta-se que o volume apontado pelo Imea já negociado está bem acima do registrado na BBM. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,80 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York estão oscilando nos últimos sete dias. Nos momentos de alta, os valores são influenciados pelo recuo do dólar frente a outras moedas e pela valorização do petróleo (ambos tendem a aumentar a procura pela fibra dos Estados Unidos). As quedas estão atreladas ao relatório baixista divulgado pelo USDA e ao fato de os cancelamentos terem superado as vendas norte-americanas. Nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2020 registra desvalorização de 0,55%, cotado a 52,76 centavos de dólar por libra-peso. O Julho/2020 apresenta queda de 0,02%, a 53,07 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2020 acumula avanço de 1,74%, para 55,02 centavos de dólar por libra-peso e Dezembro/2020, alta de 2,22%, cotado a 55,32 centavos de dólar por libra-peso.

Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USAD) divulgados no dia 9 de abril indicaram que a produção mundial da temporada 2019/2020 pode ficar em 26,5 milhões de toneladas, 2,6% acima do volume anterior, impulsionada pela Índia e pelos Estados Unidos, com respectivas altas de 14,3% e 7,8%. O Brasil, que tinha sua projeção estável de uma safra para outra, teve reajuste positivo de 1,6%, para 2,874 milhões de toneladas na safra 2019/2020. O consumo global, pressionado pelo impacto do rápido avanço da Covid-19, registrou quedas de 6,4% frente à projeção de março/2020 e de 8,1% se comparado ao da temporada 2018/2019, indo para 24,08 milhões de toneladas, o menor em seis safras. Nesse cenário, o estoque mundial foi elevado para 19,87 milhões de toneladas, aumentos de 9,4% frente ao mês passado e de 13,7% acima do da safra 2018/2019. Vale considerar que os crescimentos mais expressivos nos estoques de uma safra para outra foram observados para a Índia (+66,6%), Brasil (+10,8%) e os Estados Unidos (+38,2%).

A comercialização mundial, por sua vez, caiu mais de 6,5% frente aos dados de março/2020. As importações devem totalizar 8,86 milhões de toneladas (queda de 4,2% frente à temporada anterior) e as exportações, 8,85 milhões de toneladas (recuo de 1,2%). As alterações no comportamento e nas regulamentações diante da Covid-19 estão impactando expressivamente todo o setor, da fazenda até os varejistas. Dessa forma, a queda no consumo global de vestuário deve limitar a recuperação global e impactar no PIB. Os varejistas estão tendo respostas rápidas com as quedas nos gastos dos consumidores, reduzindo e cancelando pedidos de têxteis e vestuário em todo o mundo. Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 9 de abril indica que 1,68 milhão de hectares foram semeados no Brasil na temporada 2019/2020, aumentos de 0,4% frente ao publicado em março e de 3,6% em relação à safra 2018/2019 (1,62 milhão de hectares).

A produção seguiu com reajuste proporcional, totalizando 2,88 milhões de toneladas, avanços de 0,9% frente ao relatório anterior e de 3,7% ante à safra passada. A produtividade média da temporada 2019/2020 teve elevação de 0,6% de um mês para o outro, estimada em 1.717 quilos por hectare, se igualando ao da safra anterior. Em Mato Grosso, a nova estimativa aponta crescimento em torno de 7% para a área e para a produção na safra 2019/2020, ficando, respectivamente, em 1,17 milhão de hectares e 2 milhões de toneladas, considerando-se produtividade média de 1,1716 quilos por hectare (+3,2% se comparado à temporada 2018/2019). Para a Bahia, a estimativa é de recuo de 5,1% na área semeada, ficando em 315,1 mil hectares na temporada 2019/2020, contra 332 mil hectares da 2018/2019. A produtividade média esperada é de 1.760 quilos por hectare, elevação de 1,1% frente ao relatório anterior, mas ainda 2,2% inferior à da temporada 2018/2019. Assim, a produção da Bahia deve cair 7,2% frente à safra passada, para 554,6 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.