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08/Abr/2020

Preços do algodão oscilam diante da baixa liquidez

Neste início de abril, o mercado de algodão em pluma segue em ritmo bastante lento, com os preços registrando pequenas oscilações. No geral, os vendedores estão mais ativos do que os compradores. Agentes de indústrias não demonstram interesse por novas aquisições, devido à baixa demanda do varejo e às incertezas sobre vendas nas próximas semanas. Com isso, nem mesmo os comerciantes conseguem realizar negócios, como as vendas “casadas”. A maioria das indústrias (fiações, tecelagens, malharias ou confecções) está paralisada e/ou reduziu significativamente a produção. Os vendedores, por sua vez, disponibilizam lotes no spot e esperam ofertas de preços de compradores. Alguns produtores estão flexíveis nos valores, mas outros estão firmes, especialmente para a pluma de qualidade superior. Vale considerar que há vendedores que buscam por pagamentos rápidos (sobre rodas) para garantir o recebimento. Neste cenário, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 2,8% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,84 por libra-peso.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), algumas indústrias estão convertendo parte de suas produções para fabricação de máscaras e outros produtos hospitalares para doação. Além disso, as empresas também estão tomando outras medidas para contribuir neste momento de pandemia. Os negócios para exportação também estão lentos, com alguns pedidos de adiamentos por parte dos clientes internacionais que também estão parados ou com restrição nos portos. Assim, poucos fechamentos para o mercado externo foram captados para entregas nos próximos meses. Os baixos patamares de preços internacionais também reforçam a lentidão. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,77 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão recuperando parte das expressivas perdas registradas em março, influenciados por compras de oportunidade, pelo aumento no valor do petróleo e pelo otimismo dos mercados financeiros globais, dada a desaceleração nos registros de casos de infectados com o novo coronavírus nos Estados Unidos e na Europa.

Nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2020 registra alta de 4,64%, cotado a 53,05 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Julho/2020 apresenta avanço de 4,98%, a 53,08 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2020 acumula alta de 1,9% no período, a 54,08 centavos de dólar por libra-peso e Dezembro/2020, 1,27%, para 54,12 centavos de dólar por libra-peso. De acordo com informações divulgadas no dia 1º de abril pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), a pandemia tem trazido grande incerteza a todos os elos da cadeia e, em meio ao isolamento, a comercialização de algodão e têxteis estão praticamente paralisadas. Por medidas de saúde pública, na Ásia e no sudeste asiático, houve desaceleração nas atividades de manufatura e cadeia de suprimentos, conforme os pedidos foram reduzidos ou cancelados. A situação pode piorar nos próximos meses. No curto prazo, a estimativa é de que deve haver impactos negativos significativos no crescimento do PIB em muitas economias importantes, causados pela Covid-19.

Quanto aos preços, a projeção mais atualizada do Índice Cotlook A para o final da temporada 2019/2020 está em média 73,50 centavos de dólar por libra-peso e a primeira estimativa para o final da 2020/2021 é de 64,00 centavos de dólar por libra-peso. Para a produção mundial, a estimativa é de 25,9 milhões de toneladas na temporada 2019/2020, enquanto o consumo teve reajuste negativo e deve chegar a 24,6 milhões de toneladas. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos no dia 31 de março, a intenção de semeadura nos Estados Unidos para o ano-safra 2020/2021 é de 5,55 milhões de hectares, apenas 0,3% inferior à área cultivada em 2019/2020 (5,56 milhões de hectares) e 2,8% abaixo da semeada na temporada 2018/2019 (5,71 milhões de hectares). Vale considerar que o Texas segue como o principal estado produtor norte-americano. Além disso, o USDA apontou em relatório divulgado no dia 6 de abril que 7% da área dos Estados Unidos já havia sido semeada, contra 5% registrado no mesmo período do ano anterior e na média dos últimos cinco anos.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 140,7 mil toneladas em março/2020, o menor volume em sete meses. No entanto, é a maior quantidade já embarcada em um mês de março. O volume ficou 17,2% inferior ao do mês anterior, mas ainda está 33,7% acima da de março/2019. Na temporada 2019/2020 (de agosto/2019 a março/2020), já foram exportadas 1,65 milhão de toneladas, 26% acima do total embarcado na safra anterior (agosto/2018 a julho/2019), de 1,3 milhão de toneladas. Em março, o faturamento totalizou US$ 222,9 milhões e o valor médio da pluma exportada ficou em 71,85 centavos de dólar por libra-peso (FOB porto brasileiro), aumento de apenas 0,4% no mês, mas queda de 6,7% em um ano. Esse preço médio da pluma exportada seria equivalente a R$ 3,51 por libra-peso, 20,5% maior que a média do Indicador, de R$ 2,91 por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.