01/Abr/2020

Os valores internacionais do algodão foram pressionados de forma expressiva em março. O primeiro vencimento na Bolsa de Nova York operou no menor patamar desde meados de junho/2009, em termos nominais, e o Índice Cotlook A chegou a 62,20 centavos de dólar por libra-peso na semana passada, o mais baixo desde final de agosto/2009. Apesar desse cenário, os valores da pluma seguiram firmes no mercado doméstico, sustentados especialmente pelo dólar elevado. A moeda norte-americana operou acima de R$ 5,00 ao longo de toda a segunda quinzena do mês de março. A média mensal de março da paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR) foi de R$ 2,89 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos da Bolsa de Nova York, por sua vez, foram pressionados pela pandemia do novo coronavírus, pela queda do petróleo e pelo enfraquecimento da demanda, seja do algodão e/ou de vestuário.

Entre 28 de fevereiro e 30 de março, o vencimento Maio/2020 se desvalorizou 17,55%, fechando a 50,70 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento Julho/2020 caiu 18,81%, para 50,56 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2020 teve queda de 14,36%, a 53,07 centavos de dólar por libra-peso e o Dezembro/2020, baixa de 14,41%, a 53,44 centavos de dólar por libra-peso. Além disso, a demanda externa se enfraqueceu. A diminuição das atividades nos portos de destino influenciou esse contexto. Alguns compradores do exterior também pediram para postergar os embarques. No Brasil, as negociações para embarque ao mercado externo no curto prazo (até maio de 2020) tiveram média de 65,25 centavos de dólar por libra-peso em março, 7,3% abaixo da registrada no mês anterior (70,39 centavos de dólar por libra-peso), referente à pluma da safra 2018/2019. Para exportação envolvendo a temporada 2019/2020, a média das informações para embarque no segundo semestre de 2020 foi de 68,19 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 3% frente à média de fevereiro/2020 (70,30 centavos de dólar por libra-peso).

Em relação à safra 2020/2021, a média dos últimos seis meses de 2021 foi de 71,46 centavos de dólar por libra-peso em março, recuo de 0,65% frente à do mês anterior. Diante do receio de agentes de mercado de que as medidas adotadas por governos para conter o avanço do coronavírus possam dificultar a logística nacional, muitas indústrias têxteis foram interrompendo suas atividades no final de março, exceto as que fornecem produtos hospitalares. Vale ressaltar que, com o fechamento de lojas físicas de produtos não essenciais em diversas cidades, incluindo os shoppings, as demandas por fios e pelo algodão diminuíram significativamente. Do lado comprador, as indústrias que ainda estão operando trabalham com a matéria-prima estocada e muitas reduziram o ritmo de produção. A maioria dos agentes segue adiando o recebimento, solicitando aumento no prazo de pagamento, ou até mesmo, cancelando os pedidos.

Dos poucos vendedores ativos, parte se manteve firme nos valores pedidos. Neste cenário, as efetivações foram pontuais, especialmente na segunda quinzena de março. Vale lembrar que, até fevereiro, os agentes tinham boas expectativas para o setor, fundamentados no forte ritmo das exportações e na melhora na venda de fios. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 0,71%, cotado a R$ 2,92 por libra-peso. No mês de março, o Indicador ficou estável (+0,02%). A média mensal foi de R$ 2,92 centavos de dólar por libra-peso, 2,41% maior que a média de fevereiro/2020, mas 5,13% abaixo da de março/2019. No campo, alguns produtores continuam se capitalizando, especialmente, com as culturas de soja e milho, e relatam que as lavouras de algodão da safra 2019/2020 permanecem em boas condições. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.