19/Mar/2020
Os impactos do coronavírus começam a ser sentidos pela indústria de fios e tecidos, que, em virtude de dificuldades de embarque, fechamento de shoppings e restrições à circulação de pessoas, já reduz as compras de algodão no mercado disponível. O ritmo está bastante lento nas negociações para pronta entrega diante da incerteza sobre os efeitos da pandemia no consumo de produtos considerados não essenciais, como têxteis. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 2,91 por libra-peso e já acumula queda de 0,30% no mês. Em Santa Catarina, o fechamento de novos negócios de algodão no spot está travado e até os embarques do que já havia sido negociado estão sendo prejudicados. Alguns Estados se fecharam com o intuito de prevenir a contaminação comunitária. Em Santa Catarina, as empresas reduziram ao mínimo os funcionários nas fábricas e o governo está permitindo movimentação somente de produtos essenciais, evitando que caminhoneiros de outros Estados entrem em Santa Catarina.
Como os preços estavam subindo, muitos clientes que compraram Esalq estavam querendo acelerar os embarques para receber logo, agora não conseguem nem receber por causa do problema do coronavírus. A recomendação de distanciamento social e restrição de circulação para conter a disseminação do vírus deve afetar o desempenho do varejo, o que se reflete nas negociações de algodão entre produtores e fábricas. As indústrias não estão comprando devido às incertezas. A previsão é de, no mínimo, 15 dias de estagnação total no mercado. A negociação começou a ficar mais lenta no fim da semana passada, mas nesse período ainda rodaram poucos lotes de qualidade superior pelo Esalq. O produtor estava bem capitalizado, vendendo soja e segurando algodão. Existe falta de qualidade no mercado interno, então o preço estava firme, com o dólar dando suporte e exportações ainda em alta.
A negociação doméstica tende a continuar lenta pelo menos duas semanas, com problemas de embarques e fechamento de shoppings levando indústrias fazer paradas temporárias. Em Mato Grosso, a negociação também está paralisada. As fábricas e fiações não poderão repassar a mercadoria, pois consumidor se retraiu. A situação está totalmente indefinida. Entretanto, o que já havia sido fechado em geral está sendo embarcado. Embora algumas fábricas tenham pedido para suspender embarques, não devem ocorrer cancelamentos, e sim, atrasos. O consumidor final está recuado. É uma cadeia: se fiação não tem como repassar o produto, a fábrica não tem para quem vender, desacelerando tudo. A cada dia fica mais crítica a situação. Os últimos negócios ocorreram na semana passada, entre R$ 100,00 e R$ 102,00 por arroba a retirar em Mato Grosso. Para negociação futura, a forte queda recente dos futuros na Bolsa de Nova York está atrapalhando.
O câmbio está sustentado, mas o produtor está recuado. Há apenas indicações de compra a R$ 2,84 por libra-peso para a safra 2020, com retirada em Mato Grosso no segundo semestre deste ano, e R$ R$ 2,90 por libra-peso para a safra 2021, com embarque na segunda metade do ano que vem, no mercado diferido. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa na quarta-feira (18/03). O mercado foi pressionado pela forte queda do petróleo, que melhora a competitividade de fibras sintéticas e pode desestimular a demanda por algodão. O vencimento maio da pluma recuou 128 pontos (2,21%) e fechou a 56,64 centavos de dólar por libra-peso. Também pesou sobre as cotações o fortalecimento do dólar ante as principais moedas, que torna commodities produzidas nos Estados Unidos menos atraentes para compradores estrangeiros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.