18/Mar/2020
Depois de negociarem com um pouco mais de intensidade na primeira semana de março, agentes do setor de algodão em pluma estão afastados do mercado, especialmente os compradores. Esses demandantes estão atentos às fortes valorizações do dólar frente ao Real e às oscilações dos contratos da Bolsa de Nova York. Além disso, as efetivações no spot nacional são limitadas pela disparidade entre os preços e a qualidade. Assim, a menor demanda resulta em queda nos preços, mesmo com parte dos vendedores ainda firme nos valores indicados, especialmente para a pluma de qualidade superior. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 1,07% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,90 por libra-peso. Grande parte das indústrias trabalha com matéria-prima estocada e/ou recebida por meio de contratados. Fiações, por sua vez, avaliam como vão repassar os maiores custos, diante das recentes altas da pluma e dos insumos.
Tradings estão preocupadas com os embarques, devido a mobilizações em alguns portos no exterior, por conta do avanço do coronavírus, e à possibilidade de menor retorno de contêineres. O novo recorde nominal do dólar foi atingido na segunda-feira (16/03), fechando a R$ 5,03, aumento de 25,25% nestes primeiros meses de 2020. Assim, a paridade na condição FAS (Free Alongside Ship), no Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 3,02 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos da Bolsa de Nova York refletem a insegurança quanto ao avanço da economia, dado o crescimento de casos de coronavírus pelo mundo. Os valores do petróleo também pressionam as cotações da fibra natural. Nesse cenário, todos os vencimentos registram queda e o menor patamar desde suas respectivas aberturas. O contrato de Maio/2020 está cotado a 58,80 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3,94% nos últimos sete dias.
O vencimento Julho/2020 está cotado a 59,11 centavos de dólar por libra-peso (-4,52%); o Outubro/2020, a 59,51 centavos de dólar por libra-peso (-4,26%), o de Dezembro/2020, em 59,69 centavos de dólar por libra-peso (-3,90%); e o de Março/2021, está cotado a 60,63 centavos de dólar por libra-peso (-3,75%). Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualizados no dia 10 de março indicam produção mundial da safra 2019/2020 em 26,5 milhões de toneladas 2,5% acima da temporada 2018/2019. As produções da Índia e da China ficaram inalteradas frente às informações de fevereiro/2020, com respectivos 6,42 milhões de toneladas (+14,3% frente à temporada anterior) e 5,93 milhões de toneladas (-1,8%). Para os Estados Unidos, houve queda de 1,5% na estimativa de março/2020, ficando com 4,31 milhões de toneladas, mas ainda é 7,8% maior que a da safra de 2018/2019. Na quarta posição em volume produzido na temporada 2019/2020, a estimativa do Brasil teve aumento de 2,4% de fevereiro/2020 para março/2020, a 2,83 milhões de toneladas, estável em relação à temporada anterior.
O consumo global, por sua vez, deve recuar 1,8% frente à temporada 2018/2019, indo para 25,7 milhões de toneladas, pressionado pelo recuo de 7,6% do consumo na China. O estoque final pode somar 18,2 milhões de toneladas, alta de 4% se comparada à safra anterior. A China deve reduzir os estoques em 3,3% na safra 2019/2020, mas a previsão é de aumento de 6,7% para o Brasil, de 39,7% para a Índia, e de 5,1% para os Estados Unidos. Mundialmente, as importações estão previstas para aumentarem 2,5% na temporada 2019/2020 (para 9,49 milhões de toneladas), e as exportações, em 5,4% (para 9,49 milhões de toneladas). Para a China, especificamente, há reajuste negativo nas importações, de 3% frente ao estimado em fevereiro/2020, para 1,8 milhão de toneladas. Assim, a queda é de 14,4% se comparada à temporada 2018/2019. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.