20/Fev/2020
O mercado de algodão no disponível registrou alguma movimentação para comerciantes, enquanto fábricas compram de forma pontual, retraídas com as altas das cotações em consequência da valorização do dólar ante o Real. O indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias subiu 0,32% na terça-feira (18/02), para R$ 2,85 por libra-peso. No acumulado do mês, a alta chega a 1,68%. Há mais negócios sendo efetivados com comerciantes do que com fábricas, que estão cautelosas com os preços, devido às altas recentes do dólar. O patamar em que rodavam negócios era de R$ 2,75 por libra-peso livre ao produtor para retirada em Mato Grosso. Mesmo os comerciantes adquirem algodão apenas para cumprir contratos. As fábricas estão comprando da mão para a boca, só o necessário para não parar operação. Ocorreram alguns negócios para indústrias de algodão de qualidade superior a R$ 2,90 por libra-peso na semana passada. Ainda teria comprador por esse valor, mas está difícil achar algodão de qualidade.
As recentes altas nos preços afastaram os compradores, que trabalham com estoques e/ou com o produto recebido por meio de contratos. Os vendedores, por sua vez, estão firmes nos valores indicados, atentos ao elevado patamar do dólar alto e às altas nos preços da pluma na China. O período atual, que no Brasil é considerado entressafra, pode ter aperto de oferta em termos de qualidade, mas não de quantidade. As ofertas que têm surgido no mercado são de algodão mais fraco. Para negociação antecipada, há mais interesse de compra para a safra 2020/2021. Os compradores indicam 150 pontos acima do vencimento dezembro de 2021 FOB no Porto de Santos (SP). O preço do contrato dezembro 2021 é considerado baixo pelos vendedores. Para a comercialização futura da safra 2019/2020, a referência de compra está entre 150 e 200 pontos acima do dezembro 2020, mas os vendedores não mostram disposição em negociar. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) acredita que as exportações do Brasil podem ultrapassar o patamar de 2 milhões de toneladas na temporada que vai de julho de 2019 a junho de 2020.
Até o começo de janeiro, a perspectiva era de 1,9 milhão a 2 milhões de toneladas. Nem todo esse algodão está vendido, mas grande parte já está comercializada e vai ser embarcada nos próximos meses. O algodão brasileiro já atingiu três marcas importantes nesta temporada. O período entre julho a dezembro já havia tido embarques recordes, de 1,1 milhão de toneladas. Em janeiro, o País bateu mais um recorde, desta vez de maior quantidade embarcada em único mês, de 309 mil toneladas. Com isso, o volume já exportado da safra 2019 no período de julho a janeiro já é maior do que o embarcado nas temporadas anteriores. O Brasil tem participado efetivamente do mercado internacional com competitividade nos principais destinos. Existe uma boa perspectiva de atingir 2 milhões de toneladas de exportação. Assim, o País se consolida não só como o segundo maior exportador, mas também com participação de mais de 20% no comércio global de algodão. O setor exportador de algodão está monitorando os desdobramentos do coronavírus na China e do acordo comercial entre Estados Unidos e China.
A relação Brasil-China é extremamente estratégica, o Brasil tem aumentado a sua participação nas importações chinesas. Historicamente praticamente 50% do que a China importava de algodão vinha dos Estados Unidos, enquanto o Brasil tinha uma presença de mais ou menos 10%. Hoje, deve ficar acima de 35%. Nos próximos meses, outros mercados devem absorver parte do algodão brasileiro, mas a expectativa é de que a China continue importando algodão. O Brasil está competitivo, tem algodão para fornecer para diferentes mercados e a capacidade de embarque para continuar atendendo à demanda nos próximos meses. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em alta nesta quarta-feira (19/02). Os ganhos foram sustentados pelo avanço do petróleo, que diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. O vencimento maio da pluma subiu 78 pontos (1,13%) e fechou a 69,65 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.