24/Jan/2020
A baixa disponibilidade de algodão de qualidade superior mantém os preços sustentados no mercado brasileiro, e a negociação da fibra avança pontualmente. O Indicador Cepea/Esalq acumula ganho de 0,59% no mês de janeiro. Têm ocorrido negócios no disponível, mas há muito algodão com algum tipo de característica, o que vem dificultando o fechamento. Para a fibra de qualidade superior os preços estão firmes. Os negócios para pronta entrega avançam no nível do Esalq, em torno de R$ 2,70 por libra-peso. Muitos produtores pedem prêmios pelo algodão de qualidade superior ou seguram esses lotes enquanto tentam desovar a parcela da safra de qualidade inferior.
Para exportação, com embarque em fevereiro, há interesse de multinacionais, mas elas pedem para ver os testes de qualidade antes de abrir propostas. Querem primeiro verificar qualidade para depois precificar. Parte dos agentes que já havia retornado ao mercado voltou a se retrair. Os negócios têm sido limitados pela disputa quanto aos preços, visto que muitos lotes disponibilizados seguem apresentando ao menos uma característica. Boa parte dos produtores está focada nas atividades de campo e na semeadura da próxima temporada, o que colabora para que poucos deles estejam ativos e interessados em fechamentos no spot.
Para a safra 2019/2020, há ofertas para entrega no segundo semestre entre R$ 2,75 e R$ 2,80 por libra-peso, posto em São Paulo e Santa Catarina acrescido de ICMS, mas os compradores ainda hesitam em negociar por esse valor. Contudo, com futuros e dólar firme, as indústrias começam a avaliar se o mercado vai mudar até a chegada da próxima safra. Ocorrem negócios, mas não em grandes volumes. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura do algodão em Mato Grosso para a safra 2019/2020 fechou a semana passada com avanço de 15,22% ante a semana anterior, alcançando 28,09% da área prevista.
Os trabalhos ainda estão atrasados em relação à safra anterior em 25,08% e, ante a média dos últimos cinco anos, em 26,62%s. A região oeste, maior produtora de algodão de Mato Grosso, tem 15,40% da área prevista cultivada. O plantio avançou na última semana com a redução das chuvas em grande parte do Estado e o bom andamento da colheita de soja. Para a próxima semana, a previsão é de um aumento de chuvas em algumas áreas de Mato Grosso, o que deve contribuir com o desenvolvimento inicial da cultura no campo. Sobre o impacto do acordo comercial sino-americano sobre o algodão, há expectativa de uma volta das exportações norte-americanas para a China a um nível próximo do observado antes do início da guerra comercial.
Adversidades na safra da Austrália e a dificuldade da China em adquirir algodão da região de Xinjiang para a reserva estatal podem fazer com que o país asiático recorra à fibra dos Estados Unidos. Entretanto, o fortalecimento da relação comercial entre China e Brasil e a previsão de mais uma safra ampla no País podem dificultar esse movimento. Os Estados Unidos reduziram participação no mercado chinês de algodão de 31% na safra 2017/2018 para 21% na safra seguinte. Tal recuo abriu espaço para que outros exportadores da pluma aumentassem sua participação no mercado chinês, como foi o caso do Brasil. O País elevou sua participação no mercado chinês em 20%, para 27% em 2018/2019. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.