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09/Jan/2020

Tendência de maior demanda por algodão em 2020

O mercado de algodão começa o ano com perspectiva de exportações firmes, diante de oferta doméstica ampla e demanda aquecida pelo produto brasileiro. O País colheu uma safra de 2,725 milhões de toneladas em 2018/2019, que ainda está sendo embarcada, e tem projeção de colheita de 2,755 milhões de toneladas em 2019/2020, conforme levantamento divulgado nesta quarta-feira (08/01) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O consumo interno pode aumentar se a economia de fato se recuperar e dependendo do comportamento das fibras sintéticas nos próximos meses. Conforme a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), as exportações do Brasil na temporada que vai de julho de 2019 até junho de 2020 devem totalizar de 1,9 milhão a 2 milhões de toneladas. De julho até dezembro, saíram do país 1,039 milhão de toneladas, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A expectativa da Anea é de embarques de outros 900 mil toneladas ao longo do primeiro semestre.

Um acordo entre Estados Unidos e China deve favorecer exportações de algodão norte-americano, mas se a China não for obrigada a comprar volumes específicos dos Estados Unidos, deve continuar recorrendo à fibra brasileira. Se for por preço e qualidade, o Brasil vai disputar em condição de igualdade. Até o momento, autoridades norte-americanas indicaram que a China pode comprar de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões a mais em produtos agrícolas dos Estados Unidos, mas a China sinalizou que deve fazer aquisições de acordo com preço e necessidade de consumo. A China precisa resolver parte do déficit, e o Brasil é um fornecedor estratégico. Se tiver uma solução entre China e Estados Unidos, a China vai comprar dos norte-americanos, mas também deve continuar comprando do Brasil. O grande fluxo de algodão para a China em dezembro é destaque e o Brasil está participando de outros mercados consumidores fora a China com preço competitivo.

A participação brasileira nas importações de Vietnã e Bangladesh também tem espaço para crescer, e o País deve manter seu espaço como fornecedor na Indonésia e Turquia. Para a safra 2019/2020, cujos embarques ocorreram entre julho deste ano e junho do ano que vem, a expectativa é de que a produção de algodão seja parecida com a do ciclo anterior, o que permite que o Brasil continue embarcando grandes volumes ao exterior. O número de safra pode se repetir e, consequentemente, as perspectivas de exportação também se repetem. Se o Brasil conseguir exportar mais de 300 mil toneladas em um único mês, reforçará a sua imagem de grande fornecedor mundial, uma vez que os Estados Unidos, maior exportador, nos meses de maior fluxo se aproximaram de 500 mil toneladas mensais. Passando a exportar 2 milhões de toneladas, representando mais de 20% do comércio global e mostrando para o mercado internacional que consegue embarcar mais de 300 mil toneladas num mês o Brasil ganha credibilidade.

Do lado do mercado interno, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) projeta que o consumo de algodão no País pode crescer ante os 650 mil e 700 mil toneladas observados em 2019. Isso depende, entretanto, de que a economia brasileira cresça, o algodão continue competitivo na comparação com fibras concorrentes, como as sintéticas, e o consumidor valorize produtos finais feitos com a pluma. O algodão é uma matéria-prima importante para a indústria nacional. O setor tem expectativa de crescer de 2% a 2,5% em 2020, o que poderá se traduzir em aumento de consumo de algodão também nessa proporção, salvo se houver alteração de preços relativos ou de moda que leve à mudança na composição de artigos que vão aos consumidores finais.

É bom para a indústria que o Brasil siga produzindo o suficiente para atender ao consumo interno e que a cotonicultura local tenha na indústria local uma base de consumo extremamente relevante. A meta é aumentar o consumo de matéria-prima internamente e exportar mais produtos finais. O Brasil exporta 1 Kg de algodão US$ 1,60, 1 Kg de fio entre US$ 3,00 e US$ 3,20, 1 Kg de tecido entre US$ 6,00 e US$ 8,00 e 1 Kg de roupa a US$ 25,00. A cada bilhão de dólares de exportação, o País está preservando na indústria algo como 75 mil a 80 mil postos de trabalho formais. Apesar da última safra ter sido volumosa, há cautela quanto à disponibilidade de algodão na entressafra a partir de março por causa das vendas externas aquecidas. Existem preocupações industriais quanto ao fato de as exportações estarem muito fortes e à possibilidade de isso levar a uma oferta mais reduzida no mercado local no período da entressafra. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.