06/Jan/2020
Com consecutivos aumentos de produção nas últimas três temporadas e volume recorde colhido na safra 2018/2019, o mercado externo foi a alternativa para o escoamento da safra. Nesta temporada, o Brasil seguiu como o 4º maior produtor mundial de algodão e passou a ser o 2º no ranking da exportação, atrás apenas dos Estados Unidos. Com maiores oferta e excedentes, após a elevação de 15% em 2018, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 15,4% em 2019. De modo geral, ao longo do ano, as negociações estiveram limitadas, devido às disparidades entre os preços e a qualidade da pluma – os lotes eram heterogêneos, apresentando ao menos uma característica (como cor, micronaire, resistência e fibra). Diante da queda de braço acirrada, os valores apresentaram poucas oscilações entre meados de janeiro e o final de março.
Em fevereiro, especificamente, uma parte dos vendedores se atentou às entregas de contratos, enquanto outra focou na colheita de soja e no semeio da nova safra de algodão. Em março, algumas empresas se mostraram abastecidas. Com isso, parte dos demandantes teve interesse por novas aquisições apenas para embarque futuro. Em abril, cotonicultores estiveram atentos ao desenvolvimento da cultura, com poucos lotes de São Paulo sendo disponibilizados no spot. Na expectativa de colheita e disponibilidade da nova safra do Cerrado, a comercialização perdeu força em maio. Os negócios efetivados envolveram lotes pequenos da temporada 2017/2018, na tentativa de liquidar os estoques. Em junho, agentes esperavam a entrada efetiva de algodão da safra 2018/19 e, com isso, compradores adquiriram pequenos volumes, apenas para atender à necessidade imediata.
Vendedores, por sua vez, estiveram flexíveis nos preços, mas compradores ofertaram valores ainda menores. Em São Paulo, várias efetivações envolvendo a pluma da 2018/2019 foram captadas ao longo de junho. Entretanto, chuvas em meados de maio e baixas temperaturas atrasaram a maturação da lavoura e, consequentemente, a colheita da safra 2018/2019 em algumas regiões de Mato Grosso e da Bahia. Mesmo com a menor disponibilidade interna, a cotação seguiu em queda em julho, mantendo fraco o ritmo das negociações. Em agosto, por sua vez, com boa parte da produção comprometida, cotonicultores permaneceram focados na colheita e no beneficiamento da safra 2018/2019. Após quatro meses em queda, os valores do algodão voltaram a subir em setembro, influenciados pela posição firme de vendedores e pela baixa oferta no spot nacional, especialmente de pluma de qualidade. Além disso, muitos agentes estiveram priorizando o cumprimento de contratos a termo destinados aos mercados externo e interno.
Diante do bom volume colhido na safra 2018/2019 e da capacidade limitada das algodoeiras, os primeiros lotes beneficiados foram destinados para o cumprimento dos contratos. Sendo assim, boa parte, quando colocada no mercado doméstico, geralmente, era de pluma não aprovada. Em outubro, os embarques de algodão estiveram intensos, atingindo o recorde de 288,1 mil toneladas. A paridade de exportação acima dos preços domésticos desde o final de agosto, por sua vez, deu suporte aos valores no Brasil, além de ter estimulado novos fechamentos para o mercado externo. Nesse cenário, em novembro, o preço da pluma subiu expressivos 6%, sendo a maior valorização mensal desde maio/2018, quando o Indicador teve alta de expressiva de 12%. Nesse cenário, compradores com necessidade de recebimento cederam e pagaram valores mais altos, principalmente em negócios envolvendo pluma de melhor qualidade.
Nos últimos meses do ano, a comercialização antecipada apresentou bom ritmo, principalmente com indústrias se abastecendo para o primeiro semestre de 2020. A produção brasileira da safra 2018/2019 atingiu volume recorde de 2,7 milhões de toneladas, alta de 36% frente à anterior, impulsionada pela elevação de 37,8% na área cultivada, já que a produtividade média caiu 1,3%, para 1.685 Kg/ha. O maior investimento esteve atrelado ao aquecimento do mercado da pluma e à maior rentabilidade frente a outras culturas e ao clima favorável. Os principais compradores do algodão brasileiro foram a China, Vietnã, Indonésia, Bangladesh e Turquia. O faturamento em 2019 foi de US$ 2,5 bilhões, 49% maior que de 2019 (US$ 1,69 bilhão). O preço médio em 2019 foi de 74,90 centavos de dólar por libra-peso, 8,5% acima do verificado no mercado interno, mas 6,2% inferior ao de 2018. Em 2019, o primeiro vencimento negociado na Bolsa Nova York (ICE Futures) acumulou baixa de 7%, fechando a 69,05 centavos de dólar por libra-peso.
No acumulado do ano, o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) recuou 5,2%. A paridade de exportação em 2019 caiu 12,1 pontos percentuais, e o Indicador ficou, em média, 0,5% inferior à paridade. A média das negociações voltadas para à exportação, envolvendo a pluma da safra 2018/2019, ficou em 76,43 centavos de dólar por libra-peso, recuo de apenas 1,5% frente à da temporada 2017/2018, que foi de 77,60 centavos de dólar por libra-peso. Agentes iniciaram o ano em posição cautelosa, devido ao fraco ritmo de vendas no atacado e no varejo. As negociações voltaram a tomar folego com a produção de verão e com a expectativa de aumento das vendas de final de ano, mas, no geral, o setor ainda apresentou desempenho aquém das expectativas. Apesar disso, os estoques foram reduzidos e algumas programações já foram realizadas até mesmo para o início de 2020 – comprometendo praticamente toda a produção. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.