18/Dez/2019
O reduzido prazo para realizar entregas de algodão em pluma ainda neste ano tem limitado a comercialização envolvendo a pluma no mercado spot. Enquanto parte das indústrias já encerrou as negociações no spot, os vendedores priorizam entregas do algodão contratado, especialmente para exportação. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de dezembro (10 dias úteis), já foram exportadas 138,1 mil toneladas de pluma, 20% acima do volume embarcado nos 10 primeiros dias úteis de novembro (114,7 mil toneladas). A média diária está em 13,8 mil toneladas, 7,8% acima das 12,8 mil toneladas de novembro/2019 e 21,2% superior à de dezembro/2018, quando o Brasil embarcou o terceiro maior volume da história (227,9 mil toneladas). Em faturamento, a média diária é de US$ 22,1 milhões, 7,5% superior à de novembro/2019 (de US$ 20,6 milhões). O preço médio de dezembro em dólar está em 72,73 centavos de dólar por libra-peso, apenas 0,3% menor que o do mês anterior (72,92 centavos de dólar por libra-peso) e 7,5% inferior ao de dezembro/2018 (78,59 centavos de dólar por libra-peso).
Em moeda nacional, a cotação média na parcial de dezembro está em R$ 3,01 por libra-peso, queda de 0,52% frente ao do mês anterior (R$ 3,03 por libra-peso) e de 1,16% se comparado ao preço médio de dezembro/2018 (R$ 3,05 por libra-peso), bem acima, portanto, do verificado no físico nacional. No mercado doméstico, os poucos lotes disponibilizados apresentam ao menos uma característica, o que faz com que os de qualidade superior sejam liquidados com facilidade, a valores mais altos. No geral, ainda que a participação de vendedores seja maior do que a de compradores, muitos estão mais firmes nos preços indicados. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra aumento de 0,91% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,68 por libra-peso. Na primeira quinzena de dezembro, o Indicador acumulou alta de 0,87%. A média da parcial deste mês, de R$ 2,66 por libra-peso, está 3,5% superior à de novembro/2019, mas 17% abaixo da de dezembro/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de novembro/2019).
As negociações futuras estão movimentadas, com registros de entregas para janeiro de 2020 aos mercados interno e externo, envolvendo a pluma da safra 2019/2020. Os aumentos nos contratos da Bolsa de Nova York e a queda do dólar frente ao Real, contudo, deixam agentes cautelosos e limitam novos fechamentos para exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,67 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York registram alta nos últimos sete dias, sustentados pela expectativa de menor produção e estoques domésticos dos Estados Unidos, pelo enfraquecimento do dólar e pelo aumento do petróleo. O vencimento Março/2020 apresenta valorização de 2,43% nos últimos sete dias, cotado a 66,97 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Maio/2020 registra avanço de 2,61%, a 68,13 centavos de dólar por libra-peso, o Julho/2020 acumula alta de 2,71%, a 68,99 centavos de dólar por libra-peso e o Outubro/2020, 2,46%, cotado a 69,08 centavos de dólar por libra-peso.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados no dia 10 de dezembro, apontam que o volume produzido mundialmente na safra 2019/2020 está estimado em 26,4 milhões de toneladas, sendo que o Brasil teve reajuste positivo de 7,8% frente ao relatório anterior, chegando a 2,72 milhões de toneladas. Com recuo de 1% frente às estimativas de novembro/2018, o consumo global deve permanecer estável se comparado à temporada anterior, em 26,19 milhões de toneladas. A comercialização pode totalizar 9,7 milhões de toneladas, com avanços de 4,4% nas importações e de 7,4% nos embarques frente à temporada anterior. O estoque mundial foi estimado em 17,49 milhões de toneladas para a temporada 2019/2020, queda de 0,6% em relação aos dados de novembro/2019, mas ainda alta de 0,8% sobre a safra 2018/2019, sustentados pelos reajustes de 1,5% nos estoques chineses e de 6,1% no brasileiro.
O consumo no Brasil permanece estagnado e representa um quarto da produção nacional. Assim, a maior demanda global em 2019/2020 impulsionou as exportações brasileiras para volumes recordes, sendo a China o principal destino. As altas tarifas impostas pelo Estados Unidos à China favoreceram esse resultado. Neste sentido, o Brasil também exportou para os principais mercados norte-americanos, como o Vietnã, Bangladesh, Indonésia e Turquia, superando as exportações dos Estados Unidos para esses países em outubro/2019. Isso mostra crescente aceitação pela qualidade da pluma brasileira e a maior competividade do produto nacional, que, por sua vez, foi favorecida pelo Real desvalorizado. O Brasil deve enfrentar desafios logísticos para atender à previsão recorde do USDA. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.