04/Dez/2019
Com agentes priorizando os embarques aos mercados externo e interno e diante da baixa oferta no mercado spot nacional, especialmente de pluma de qualidade, os preços do algodão subiram com força no correr de novembro. Entre 31 de outubro e 29 de novembro, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, avançou 6%. Esta foi a maior valorização mensal desde maio/2018, quando o Indicador teve alta de expressiva, de 12%. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador aumentou 3,41%, cotado a R$ 2,66 por libra-peso, este é o maior patamar nominal desde julho deste ano. No spot nacional, poucos agentes estão ativos e as negociações envolvem pequenos volumes, com lotes que possuem ao menos uma característica. A comercialização antecipada apresenta bom ritmo, principalmente com indústrias se abastecendo para o primeiro semestre de 2020.
No geral, mesmo com alguns compradores ofertando valores inferiores aos pedidos por vendedores, agentes com necessidade de recebimento estão cedendo e pagam valores mais altos, principalmente em negócios envolvendo pluma de melhor qualidade. O mercado externo que, vale lembrar, já se mostrava atrativo em outubro, quando as exportações de pluma atingiram recorde, esteve bastante favorável ao produtor brasileiro em novembro. Esse cenário foi resultado da forte valorização do dólar frente ao Real entre 31 de outubro de 29 de novembro, de 5,56%, que elevou a vantagem da exportação em detrimento do mercado doméstico. Nesse sentido, apesar de a média de novembro do Indicador, de R$ 2,57 por libra-peso ter superado em 3,04% a média de outubro/2019, ainda ficou 4,8% inferior à da paridade de exportação, que foi de R$ 2,70 por libra-peso, na condição FAS (Free Alongside Ship), no Porto de Paranaguá (PR).
Em dólar, o Indicador à vista teve média de 61,50 centavos de dólar por libra-peso em novembro, 17,9% inferior à do Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente, de 74,93 centavos de dólar por libra-peso, e 4% abaixo da do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York (de 64,06 centavos de dólar por libra-peso). Diante dos valores para exportação mais atrativos, os agentes seguiram realizando novos fechamentos para o mercado externo tanto envolvendo a pluma da temporada 2018/2019 como da 2019/2020, especialmente para entregas a curto prazo. Em novembro/2019, as negociações para embarque ao mercado externo no curto prazo (até fevereiro de 2020) tiveram média de 69,10 centavos de dólar por libra-peso, ficando 2,54% acima do registrado em outubro/2019 (67,39 centavos de dólar por libra-peso), referente à pluma da safra 2018/2019. Para exportação envolvendo a próxima temporada 2019/2020, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2020 foi de 70,15 centavos de dólar por libra-peso em novembro, alta de 3,92% frente à do mês anterior (67,50 centavos de dólar por libra-peso).
Na Bolsa de Nova York, os contratos acumularam queda em novembro, influenciados pelo avanço do dólar, pelo recuo das exportações norte-americanas, pela queda do petróleo no mercado internacional, que tende a melhorar a competitividade da fibra sintética, e pelo impasse comercial entre os Estados Unidos e a China. Entre 31 de outubro e 29 de novembro, o vencimento Dezembro/2019 se desvalorizou apenas 0,06%, fechando a 64,40 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Março/2020 caiu 0,79%, a 65,36 centavos de dólar por libra-peso, o Maio/2020 recuou 0,72%, a 66,39 centavos de dólar por libra-peso e o Julho/2020, 0,92%, para 67,02 centavos de dólar por libra-peso. Informações divulgadas pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) no dia 2 de dezembro indicam que o consumo mundial de algodão deve ficar em 26,2 milhões de toneladas na temporada 2019/2020, apenas 0,3% maior que a safra anterior.
O crescimento econômico global diminuiu para os níveis mais baixos em décadas, pois as disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China permanecem trazendo incertezas. O setor, por sua vez, tem sido impulsionado nos últimos anos pelas indústrias têxteis das regiões leste e do sudeste asiático, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou as previsões e indica desaceleração global sincronizada que deverá impedir o crescimento das atividades de manufatura da região e a demanda por bens de consumo. Segundo informações do Cotton Outlook divulgadas no dia 29 de novembro, a produção mundial da temporada 2019/2020 pode totalizar 26,25 milhões de toneladas, reajuste negativo de 0,92% frente à estimativa do mês anterior (resultado influenciado pelos Estados Unidos e pelo Paquistão), mas 3,1% superior à safra 2018/2019. O consumo global está previsto em 25,615 milhões de toneladas (+1,2% frente à temporada 2018/2019). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.