27/Set/2019
Sob forte impacto da queda dos preços do algodão no mercado internacional, atualmente abaixo de 60 centavos de dólar por libra-peso contra os 80 centavos de dólar por libra-peso no pico do período de negociação, em junho de 2018, a área plantada com a pluma no Brasil, em 2019/2020, deve ficar igual ou, no máximo, 3% maior que na safra 2018/2019, que foi de 1,6 milhão de hectares. A produção esperada para o próximo período é de 3,0 milhões de toneladas de pluma, número semelhante (+3%) ao alcançado na colheita recém-concluída, um recorde de 2,9 milhões de toneladas do produto beneficiado, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), nesta quarta-feira (25/09), durante a 56ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizada na sede da Abrapa, em Brasília.
Além da Abrapa, que preside a Câmara, participaram do encontro os representantes de todos os dez estados produtores, dos exportadores, da indústria têxtil e de confecções, do Governo, dentre outros setores da cadeia produtiva, integrantes do fórum. De acordo com a Abrapa, as marcas levantadas para a safra 2019/2020 ainda são previsão, uma vez que o plantio começa a partir de dezembro. Mas o cenário não deve se alterar muito em relação às estimativas atuais. A produtividade nas lavouras deve permanecer inalterada, ou com discreta redução (-2%), sobre o total alcançado no ano agrícola de 2018/2019, que foi de 1.768 quilos por hectare. A última reunião da Câmara deste ano deverá acontecer no dia 4 de dezembro, na sede da Embrapa, em Brasília. Os preços em baixa – atribuídos majoritariamente à guerra comercial entre China e Estados Unidos – desestimulam o crescimento de área e estão impactando no ritmo dos embarques para o mercado externo. Para setembro, a expectativa da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) é de 150 mil toneladas exportadas, sobretudo, para a Ásia.
Esse mesmo volume era aguardado para os meses de julho e agosto, o que não se concretizou. De acordo com a Anea, nesses meses, a associação contabilizou, respectivamente, 41 mil toneladas e 47 mil toneladas. A discrepância entre expectativa e realidade se deve a quebras de contrato, principalmente, na China, onde os compradores questionam os valores negociados à época, ante os praticados no momento. Até o final do ano, deverão ser exportadas 700 mil toneladas de algodão, contra uma previsão inicial de 900 mil toneladas. Com isso, o estoque de passagem brasileiro deve ficar acima de 1,8 milhão de toneladas, uma pressão que recai sobre o primeiro semestre de 2020, e coincide com a colheita da safra norte-americana de 2019/2020. A tradição, até então, era de p Brasil ser fornecedor de segundo semestre. Isso se alterou com o recente aumento da produção e, consequentemente, do embarque do excedente, que elevou o Brasil à condição de segundo maior exportador mundial.
Agora, com estoques maiores, o Brasil terá que disputar mercado com os Estados Unidos. A Anea ressaltou os riscos de armazenagem da fibra para o produtor e o esforço logístico empreendido para garantir o embarque de uma produção maior, que ficou comprometido pela contenda entre as duas potências mundiais. As exportações brasileiras deverão totalizar 2,2 milhões de toneladas na safra 2018/2019, e equivalem à diferença entre a produção e o consumo do mercado interno que, há vários anos, está dimensionado em 700 mil toneladas de pluma, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit). Abrapa e Anea remeterão um ofício ao Ministério da Agricultura, solicitando intervenção da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais e Ministério de Relações Exteriores junto ao governo chinês, expondo a situação e pedindo para que os compradores cumpram os contratos, segundo a Abrapa. A entidade fará um pleito para que o Governo Federal inclua, em seu orçamento, recurso para linhas de financiamento para armazenamento, faça estudos visando a correção do Preço Mínimo e assegure a possibilidade de implantação de instrumentos de apoio à comercialização.
A Abit classifica 2019 como um ano sem perdas ou ganhos. No acumulado de 12 meses, até agosto, a produção têxtil teve queda de 2,8%, e o vestuário, de 0,7% no mesmo período. No varejo, as vendas cresceram 1,2%. Segundoa Abit, o inverno este ano não contribuiu. O frio demorou a chegar e a oscilação do clima não foi suficiente para fazer o consumidor investir em roupas para a estação. Agora faz frio em estados como São Paulo, mas as vitrines são das coleções de primavera/verão. Atualmente, a indústria têxtil nacional trabalha com 77% da capacidade instalada. Será o quinto ano consecutivo sem movimentos favoráveis. No comércio, as previsões para 2020 são um pouco melhores, segundo a Abit, mas ainda há muitas indefinições no horizonte. As importações caíram, em função do câmbio, e por conta da opção dos consumidores por produtos nacionais, menos sujeitos à volatilidade da moeda norte-americana. Fonte: Abrapa. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.