11/Set/2019
O aquecimento da demanda por parte de empresas das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste eleva um pouco o ritmo de negócios envolvendo o algodão em pluma neste início de setembro. A comercialização no spot, no entanto, acaba sendo limitada pelo fato de boa parte de produtores e de tradings estar voltada ao cumprimento de contratos. Além disso, muitos produtores estão atentos à colheita e ao beneficiamento. Os comerciantes, por sua vez, são os mais ativos na compra para lotes voltados às programações e muitos efetivam negociações “casadas”. Nesse cenário, ora compradores estão mais flexíveis em pagar preços maiores, ora vendedores cedem nos preços, resultando em oscilações nas médias diárias. No geral, no entanto, os vendedores estão mais firmes nos valores indicados, especialmente pelos lotes com melhores características. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 0,72% nos últimos sete dias. No acumulado do ano, a baixa é de expressivos 20,01%.
Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgados no dia 6 de setembro indicam que a colheita em Mato Grosso avançou 7,46% frente ao dia 30 de agosto, atingindo 98,5% da área total estimada (1,072 milhão de hectares). No mesmo período da safra 2017/2018, a colheita somava 97,5% da área e, na média dos últimos cinco anos, 94,06%. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em relatório divulgado nesta terça-feira (10/09), elevou por mais um mês a produção nacional da safra 2018/2019, para 2,726 milhões de toneladas (+1,3% frente ao relatório anterior), sendo 35,9% superior à temporada passada. A maior oferta é resultado dos reajustes positivos de 0,5% na área semeada (para 1,618 milhão de hectares) e de 0,8% na produtividade (1.685 quilos de pluma por hectare) frente aos dados de agosto/2019. Em Mato Grosso, o volume a ser colhido está projetado em 1,816 milhão de toneladas, aumento de 1,9% em relação ao relatório do mês anterior e 40,7% acima dos da safra 2017/2018.
A produtividade média em Mato Grosso passou para 1.662 quilos de pluma por hectare. Na Bahia, a previsão de colheita se manteve estável frente ao relatório anterior, em 597,6 mil toneladas, mas está 19,9% acima da temporada 2017/2018. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, em agosto/2019, foram embarcadas 46,5 mil toneladas da pluma, 11,6% inferior ao volume de julho/2019 (de 47 mil toneladas), porém, expressivos 71,2% acima das 24,2 mil toneladas de agosto/18. Na parcial de 2019 (de janeiro a agosto), o volume exportado soma 622,3 mil toneladas, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2018 (269,5 mil toneladas). No acumulado de 12 meses, as exportações somam 1,33 milhão de toneladas, um recorde. O faturamento em agosto foi de US$ 66,1 milhões, 11,11% menor do que o de julho/2019, mas 51,1% superior ao de agosto/2018 (US$ 43,7 milhões).
O preço médio de agosto foi de 72,27 centavos de dólar por libra-peso (ou de R$ 2,90 por libra-peso), ou seja, 17,9% superior ao das negociações no mercado interno, mas apenas 0,6% maior que o do mês anterior e 11,7% inferior ao de agosto/2018. As importações somaram apenas 61,7 toneladas em agosto/2019, queda de 80,9% frente ao volume de julho e baixa de 93% no comparativo com agosto/2018 (886,4 toneladas). O preço médio de importação, de 156,58 centavos de dólar por libra-peso em agosto/2019, se elevou 30,8% se comparado ao de julho/2019 e registrou alta de 78,3% sobre agosto/2018 (87,81 centavos de dólar por libra-peso). A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,49 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Os quatro primeiros contratos na Bolsa de Nova York estão em alta, influenciados pelo fortalecimento do petróleo, pelo recuo do dólar no mercado internacional (ambos podem melhorar a competividade da fibra), pelo bom desempenho das exportações norte-americanas e pela expectativa de retomada das negociações entre os Estados Unidos e a China. O vencimento Outubro/2019 registra valorização de 0,12% nos últimos sete dias, cotado a 59,12 centavos de dólar por libra-peso, e o Dezembro/2019 apresenta alta de 0,25%, a 58,98 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Março/2020 apresenta avanço de 0,25%, a 59,59 centavos de dólar por libra-peso e o Maio/2020, alta de apenas 0,08%, cotado a 60,33 centavos de dólar por libra-peso. Em relação à temporada 2019/2020 norte-americana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, em relatório divulgado no dia 9 de setembro, que em 43% da área já houve abertura de maçãs, acima dos 38% do mesmo período de 2018 e que a colheita já atingiu 7%.
Em relação à qualidade das lavouras, 43% estão em boas e ótimas condições, superior aos 38% do ano anterior; 39%, em condições medianas, acima dos 28% observados em 2018, e 18%, ruins e péssimas condições, contra 34% no mesmo período de 2018. Relatório do Comitê Internacional do Algodão (Icac), divulgado no dia 3 de setembro, estima que a produção mundial 2019/2020 deverá atingir 26,89 milhões de toneladas, 5% acima da safra anterior (25,72 milhões de toneladas), sendo que aproximadamente 43% do volume total será originado da China e da Índia. Mesmo com as barreiras comerciais em andamento, a área dos Estados Unidos poderá crescer 24%, e a produção deve aumentar 23%. As exportações norte-americanas, que foram enfraquecidas pelo impasse comercial com a China, caíram 8% na temporada 2018/19, para 3,16 milhões de toneladas. O consumo global deve crescer 1,2% na safra 2019/2020, indo para 26,66 milhões de toneladas, e as exportações poderão aumentar 2%, para 9,48 milhões de toneladas. O estoque mundial pode atingir 18,33 milhões de toneladas, 1,3% maior que o da temporada 2018/2019. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.