15/Ago/2019
Apesar de os estoques de algumas indústrias estarem se aproximando do fim, a negociação de algodão segue lenta no Brasil. Parte das fábricas continua fora do mercado por enquanto, esperando para ver em que patamar o dólar se estabilizará. Os produtores ainda dão preferência ao cumprimento de contratos fechados anteriormente. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 2,45 por libra-peso. No mês, o Indicador registra queda de 2,22%. Em julho ocorreram mais negócios do que junho, mas recentemente a negociação voltou a travar. De um lado, o acirramento das tensões entre Estados Unidos e China e o relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicaram amplos estoques globais de algodão, e os futuros cederam. Em agosto, o contrato dezembro acumula baixa de 6,83%. Por outro lado, o dólar subiu acima de R$ 4,00. Ainda assim, as fábricas que esticaram estoques nos últimos meses estão no limite.
As indústrias que atuam em nichos que estão com vendas melhores voltaram a sondar o mercado, enquanto as que estão em nichos de vendas desaquecidas estão reduzindo produção e dando férias coletivas. Para algodão de maior qualidade, 31.4 ou melhor, os compradores indicam de R$ 2,45 a R$ 2,50 por libra-peso, enquanto para a fibra com características inferiores, a referência de compra está em torno de R$ 2,30 por libra-peso. Nesta semana, há registro de negócios de algodão fino a R$ 2,42 por libra-peso, posto na Região Nordeste e fibra de qualidade inferior a R$ 2,35 por libra-peso, posto na Região Sul. Os produtores privilegiam o cumprimento de contratos fechados anteriormente. Enquanto isso, as indústrias também recebem contratos firmados previamente, muitos por valores bem acima do que pagariam hoje no disponível. O que tem evitado um maior volume de negócios é a volatilidade de futuros e o câmbio.
Tradings ofertam algodão no mercado interno nesta semana a R$ 2,53 por libra-peso, acima do Esalq. No Paraná, a indicação de compra está entre R$ 2,35 e R$ 2,38 por libra-peso para entrega na Região Sul. Na semana passada, haviam rodado negócios a R$ 2,38 por libra-peso, posto em fábricas de Santa Catarina. Contudo, nos últimos dias, a indicação de venda fica na faixa de R$ 2,45 a R$ 2,50 por libra-peso. Os produtores estão preocupados com entregas de contratos. Os compradores de algodão estão sem interesse em realizar novas aquisições no spot nacional. A maior parte das indústrias utiliza a matéria-prima estocada e/ou recebida e, quando há necessidade, busca pequenos volumes para reposição, mas oferta valores inferiores pela pluma. Do lado vendedor, boa parte se volta ao cumprimento dos contratos realizados anteriormente, porque o beneficiamento segue lento, devido ao atraso da colheita e à safra volumosa e porque os valores atuais são considerados pouco atrativos.
Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em leve alta nesta quarta-feira (14/08), esticando os ganhos da véspera. O vencimento dezembro ganhou 16 pontos (0,27%) e fechou a 59,57 centavos de dólar por libra-peso. Na segunda-feira (12/08), os preços haviam recuado quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou a previsão de produção de algodão no país em 2019/2020 para 4,90 milhões de toneladas, ante 4,79 milhões de toneladas projetadas no mês anterior. A área plantada foi revisada de 5,55 milhões de hectares para 5,63 milhões de hectares. Do lado da demanda, a expectativa de exportação subiu de 3,70 milhões de toneladas para 17,20 para 3,74 milhões de toneladas. A previsão de estoque final norte-americano foi elevada de 1,46 milhão de toneladas para 1,57 milhão de toneladas. O governo norte-americano também elevou a sua previsão de estoque final global de 79,27 milhões de toneladas para 80,27 milhões de toneladas. Enquanto isso, a perspectiva para 201920/20 subiu de 80,42 milhões para 82,45 milhões de toneladas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.