09/Ago/2019
A negociação de algodão para pronta entrega avança pouco no Brasil, com indústrias à espera de preços mais baixos e produtores direcionando a fibra já colhida e beneficiada para cumprir contratos. Tradings, que estão recebendo o algodão de produtores, vêm ofertando a fibra internamente por valores mais altos do que o que compradores se dispunham a pagar. O indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias encerrou julho com queda de 7,70%. Em Mato Grosso do Sul, a colheita já se aproxima do encerramento. No momento, quase a totalidade da safra está indo para cumprir contratos antecipados. A prioridade é para os contratos que foram feitos a preços bem competitivos, superiores aos valores atuais. Na medida em que produtor está entregando contratos não tem colocado produto no mercado. Do lado da indústria, a grande maioria das fábricas também adquiriu algodão antecipadamente e está recebendo esses volumes. A necessidade de compra da indústria neste momento é muito pequena.
Em Mato Grosso do Sul, o valor indicado para compra está em torno de R$ 78,00 por arroba ao produtor, mas os vendedores apontavam que valores abaixo de R$ 82,00 por arroba não cobririam custo. Os produtores fecharam alguns contratos entre 75,00 e 80,00 centavos de dólar por libra-peso e, atualmente, o preço está em 60,00 centavos de dólar por libra-peso. Os compradores indicam R$ 2,40 por libra-peso (ou menos) para entrega na Região Sudeste, mas os produtores não aceitam e preferem cumprir contratos que haviam sido fechados anteriormente entre R$ 2,65 e R$ 2,70 por libra-peso. Tradings ofertam no mercado doméstico algodão de contratos flex que estão recebendo de produtores, mas ainda a preços acima do que fábricas desejam pagar. Tradings ofertavam algodão no mercado doméstico a R$ 2,55 por libra-peso, mas nesse nível não há interesse de compra.
Com os preços fracos atualmente devido às quedas recentes dos futuros em na Bolsa de Nova York com o acirramento da guerra comercial e à perspectiva de safra volumosa no Brasil, os produtores devem continuar cumprindo contratos nos próximos meses. Após o cumprimento dos contratos, haverá oferta no mercado (a partir da segunda quinzena de outubro). Mas, no fim de agosto, pode surgir algum volume de ofertas. Quando o Índice Esalq equalizar nos níveis de R$ 2,35 por libra-peso, a indústria deve querer comprar. Como fábricas compraram a números que hoje não são interessantes e têm que honrar esses contratos, estão esperando ter pressão de oferta para que o custo médio de aquisição de algodão seja menor. Além disso, o estoque das fábricas ainda é alto, porque as vendas no varejo ainda não deslancharam. O que a indústria tinha de estoque para até agosto está estendendo para setembro e outubro. Quanto à comercialização antecipada da safra 2019/2020, não têm saído novos negócios.
A referência de compra ficaria em 300 pontos abaixo do vencimento dezembro de 2020 para retirada em Goiás e Mato Grosso do Sul. Mas, o preço na Bolsa de Nova York é considerado baixo. Os produtores argumentam que esse valor não cobre as despesas da produção. A pedida mínima de venda é de 70,00 centavos de dólar por libra-peso, mas para esse valor não há demanda de tradings. Sobre a área da safra 2019/2020, o quadro ainda é de incerteza. Enquanto alguns grandes grupos já indicaram que vão aumentar o plantio, parte dos produtores que planejava manter ou aumentar área está avaliando redução devido à queda dos futuros na Bolsa de Nova York. Para a safra 2020/2021, começa a surgir interesse de alguns compradores, mas apenas a fixar, pelo Esalq para pagamento em 8 dias da época de entrega em 2021, e em situações pontuais, em que já há um relacionamento prévio entre comprador e vendedor. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.