07/Ago/2019
Atentos às fortes quedas dos preços externos e internos da pluma e à valorização do dólar, os vendedores estão afastados do mercado, priorizando entregas de contratos a termo e o beneficiamento da pluma. Estes agentes indicam que as negociações antecipadas foram realizadas em valores superiores aos praticados atualmente e que, portanto, não têm interesse em comercializar no spot. Quanto às exportações, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), de agosto/2018 a julho/2019, o Brasil embarcou volume recorde de 1,31 milhão de toneladas de pluma (esse produto refere-se à colheita de 2017/2018). Em termos de preços, as cotações internas cederam 7,7% no acumulado de julho.
Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 1,44%, cotado a R$ 2,48 por libra-peso. A média mensal de julho, de R$ 2,62 por libra-peso, é a menor desde abril/2015, sendo 6,1% inferior à média de junho/2019 e 27,33% abaixo da de julho/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de junho/2019). Nesse cenário, a comercialização de algodão em pluma segue lenta, com as poucas efetivações envolvendo pequenos volumes. Empresas domésticas trabalham com a pluma recebida de contratos, enquanto comerciantes estão em busca de lotes no spot apenas para cumprimento de programações.
Embora o dólar tenha se elevado frente ao Real nos últimos dias, a queda nos contratos na Bolsa de Nova York, especialmente os com vencimento em 2019, que foram os menores patamares desde a abertura, deixou tradings mais flexíveis nos preços pedidos no mercado interno. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgados no dia 2 de agosto indicam que a colheita em Mato Grosso estava em 36,04% da área total estimada (1,072 milhão de hectares), avanço de 10,68% frente ao dia 26 de julho, acima dos 25,62% do mesmo período da safra 2017/2018, mas inferior à média dos últimos cinco anos, de 38,59%.
Dados Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, em julho/2019, foram embarcadas 46,95 mil toneladas da pluma, 24,2% inferior ao volume de junho/2019 (de 61,9 mil toneladas) e expressivamente acima das 8,7 mil toneladas de julho/2018 (+440,6%). Na parcial de 2019 (de janeiro a julho), o volume mais que dobrou frente ao mesmo período de 2018. O faturamento em julho foi de US$ 74,4 milhões, 28,1% menor do que o de junho/2019, mas quase cinco vezes a mais que em julho/2018 (US$ 16,1 milhões). O preço médio de julho ficou em 71,86 centavos de dólar por libra-peso (ou de R$ 2,71 por libra-peso), ou seja, 3,5% superior ao das negociações no mercado interno, mas 5,2% menor que o do mês anterior e 14,5% inferior ao preço de julho/2018. As importações somaram 323,9 toneladas em julho/2019, aumento de 39% frente ao volume de junho, mas queda de expressivos 95,9% no comparativo com julho/2018 (4,02 mil toneladas).
Após registrar queda por três meses consecutivos, o preço médio de importação, de US$ 119,75 centavos de dólar por libra-peso em julho/2019, se elevou 42,2% se comparado ao de junho/2019 e registrou alta de 48,5% sobre julho/2018. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,48 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos registram forte queda, pressionados pela piora nas exportações norte-americanas e pelo acirramento na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, devido à ameaça de nova tarifa sobre produtos chineses. O vencimento Outubro/2019 apresenta expressiva queda de 9,19%, cotado a 57,91 centavos de dólar por libra-peso, e o Dezembro/2019, 8,92%, a 58,48 centavos de dólar por libra-peso.
O contrato Março/2020 registra recuo de 8,39%, a 59,72 centavos de dólar por libra-peso e o Maio/2020, 7,42%, cotado a 61,13 centavos de dólar por libra-peso. Em relação à temporada norte-americana 2019/2020, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, em relatório divulgado no dia 5 de agosto, que 95% da área já floresceu, 4% superior à de um ano atrás e 2% acima da média das últimas cinco safras. Além disso, em 59% da área já houve formação de maçãs, acima dos 58% do mesmo período de 2018. Em relação à qualidade das lavouras, 54% estão em boas e ótimas condições, superior aos 40% do ano anterior; 33%, em condições medianas, 5% acima do observado em 2018, e 13%, ruins e em péssimas condições, contra 32% do mesmo período do ano anterior.
Relatório do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), divulgado no dia 1º de agosto, estima que a produção mundial 2019/2020 deverá atingir 27,2 milhões de toneladas, 6% acima da safra anterior. A China deve colher 5,9 milhões de toneladas e a Índia, 5,75 milhões de toneladas. A oferta da África Ocidental poderá atingir produção recorde de 1,3 milhão de toneladas. O consumo global deve crescer 1,7% na safra 2019/2020, indo para 26,9 milhões de toneladas, levemente menor que a oferta. O estoque mundial poderá atingir 18 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.