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01/Ago/2019

Tendência de recuo do preço do algodão no Brasil

Mesmo com a baixa disponibilidade, a cotação do algodão em pluma segue em queda, o que mantém o ritmo das negociações enfraquecido. Agentes indicam atraso na colheita da safra 2018/2019 e, consequentemente, no beneficiamento, devido a chuvas em meados de maio e ao clima um pouco mais frio em algumas localidades de Mato Grosso e da Bahia. Pela oitava semana consecutiva, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 2,39%, cotado a R$ 2,51 por libra-peso. No acumulado de julho, o Indicador registrou queda de 7,26%. A média parcial do mês de julho, de R$ 2,63 por libra-peso, está 5,67% inferior à média de junho/2019 e 27,02% abaixo da de julho/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de junho/2019). Do lado vendedor, os agentes estão voltados à colheita, ao beneficiamento e à entrega de contratos firmados anteriormente. Neste caso, isso ocorre à medida que os lotes atingem a qualidade contratada.

No geral, os valores foram firmados anteriormente a patamares superiores aos observados no spot. Alguns lotes da safra 2017/2018 também são ofertados, mas a maior parte apresenta características, especialmente micronaire e fibra, o que limita os fechamentos. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgados no dia 26 de julho indicam que a colheita em Mato Grosso estava em 25,36% da área total estimada (1,072 milhão de hectares), avanço de 11,57% nos últimos sete dias, acima dos 15,37% do mesmo período da safra 2017/2018, mas inferior à média dos últimos cinco anos, de 28,1%. Os compradores, por sua vez, entram no spot para aquisições pontuais e para pequenas reposições, ofertando valores inferiores a cada semana, no intuito de realizar embarques de produto contratado. Algumas empresas seguem trabalhando com o estoque de pluma e afirmam que também têm estoque de produtos acabados, mantendo, assim, postura cautelosa para aquisições de novos lotes.

Os comerciantes estão na tentativa de realizar novos fechamentos “casados”, mas as disparidades de preço e de qualidade entre os agentes ativos dificultam as efetivações. A comercialização para entrega futura, por sua vez, também está lenta. Boa parte dos negócios destinados à exportação foi firmada com base nos contratos na Bolsa de Nova York. Para o mercado doméstico, foram captados fechamentos a preços fixos (Real ou em dólar) e/ou a fixar (Indicador ou Bolsa de Nova York) envolvendo a pluma tanto da safra 2018/2019 como da 2019/2020. De acordo com dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), 74,7% da safra brasileira 2017/2018, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 30 de julho. Deste total, 58,2% foram direcionados ao mercado interno, 31,5%, ao externo e 10,3%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno).

Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 36% da produção de 2018/2019 (projetada em 2,665 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 46,3% ao mercado doméstico, 35,6%, para exportação e 18,1%, para contratos flex. Dados captados em julho/2019 indicam que as negociações para embarque ao mercado externo no segundo semestre de 2019 (do produto a ser colhido na temporada 2018/2019) tem média de 69,10 centavos de dólar por libra-peso, 4,8% acima do registrado em junho/2019 (65,93 centavos de dólar por libra-peso). Para exportação envolvendo a pluma da temporada 2019/2020, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2020 foi de 67,91 centavos de dólar por libra-peso em julho, alta de 1,05% frente à do mês anterior (67,21 centavos de dólar por libra-peso). A média do Indicador em julho esteve 7% superior à da paridade de exportação.

A média parcial de julho/2019 do Indicador com pagamento à vista em dólar está em 69,37 centavos de dólar por libra-peso. A média de julho da paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), foi de 2,46 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. No mês de julho, os contratos na Bolsa de Nova York registraram queda, influenciados pela expectativa de boa oferta global e por estoques maiores dos Estados Unidos. Ainda, houve melhora nas condições das lavouras norte-americanas e enfraquecimento da demanda, influenciado pela alta do dólar e pelo recuo do preço do petróleo no mercado internacional, ambos tendem a diminuir a competitividade do algodão. Entre 28 de junho e 29 de julho, o vencimento Outubro/2019 se desvalorizou 3,01%, a 63,77 centavos de dólar por libra-peso, e o Dezembro/2019 registrou queda de 2,83%, a 64,21 centavos de dólar por libra-peso.

O contrato Março/2020 caiu 2,25%, para 65,19 centavos de dólar por libra-peso e o Maio/2020, 2,11%, cotado a 66,03 centavos de dólar por libra-peso. Em relação à temporada norte-americana 2019/2020, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, em relatório divulgado no dia 29 de julho, que 86% da área já floresceu, apenas 1% inferior ao registrado um ano atrás e na média das últimas cinco safras. Além disso, em 45% da área dos Estados Unidos já houve formação de maçãs, abaixo dos 48% do mesmo período de 2018. Em relação à qualidade das lavouras, 61% estão em boas e ótimas condições, superior aos 43% do ano anterior; 28%, em condições medianas, 1% acima do observado em 2018, e 11%, ruins e péssimas condições, contra 30% do mesmo período do ano anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.