25/Jul/2019
A negociação de algodão para pronta entrega continua em ritmo lento no Brasil. Apesar de o volume de fibra disponível estar aumentando à medida que a colheita avança no País, as fábricas seguem demandando pouco algodão e esticando os estoques atuais. O indicador Cepea/Esalq está cotado a R$ 2,55 por libra-peso. No mês, a queda já chega a 6,01%. Em São Paulo, a negociação continua travada. Tem oferta de algodão, mas as fábricas não estão comprando, pois estão recebendo o que já compraram estão com muito estoque de matéria-prima por causa das vendas fracas de fios. Tradings estão ofertando milho internamente por volta de R$ 2,50 por libra-peso, enquanto os produtores estão buscando Esalq. Enquanto isso, os compradores indicam entre R$ 2,40 e R$ 2,45 por libra-peso, para entrega em agosto. Algumas fábricas reduziram a produção com a dificuldade de desovar o produto acabado.
Os participantes do mercado esperam que a aprovação da reforma da Previdência e o avanço da reforma tributária podem mudar a expectativa para a economia no País, estimulando o consumo. Na Bahia, os produtores estão colhendo e cumprindo compromissos fechados previamente. De 30% a 40% da safra foi colhida e o beneficiamento está em curso. O mercado interno está fraco e as indústrias estão em situação complicada. O preço está baixo, então os produtores estão entregando contratos. Os compradores indicam R$ 2,45 por libra-peso, posto na Região Sudeste. É difícil prever se haverá maior movimentação nas próximas semanas. Se mudar a tendência na Bolsa de Nova York, pode haver algum efeito no mercado. Os produtores acham o preço atual baixo, e a indústria considera muito alto. Para a safra 2019/2020, não há registro de negócios. Para entrega no Porto de Santos (SP), a indicação de compra está entre 100 a 200 pontos acima do vencimento dezembro do ano que vem, mas nesse nível de preço não há interesse de venda.
Os produtores indicam 80,00 centavos de dólar por libra-peso, para retirada nas regiões produtoras. Com as cotações da soja mais atrativas, pode haver manutenção ou redução do plantio. Na Bolsa de Nova York, ainda não há fundamentos para uma alta de preço neste ano. Estados Unidos e China ainda não chegaram a um acordo, e a safra norte-americana está com bom andamento. A qualidade das lavouras está bem melhor do que no ano passado, o que sugere boa produção. A questão entre Estados Unidos e China está impactando o consumo de subprodutos de algodão e a China está deixando de comprar fios. O impasse entre os dois países pode gerar problemas econômicos em vários lugares do mundo, e isso afetaria a demanda ainda mais. Os níveis atuais da Bolsa de Nova York estimulam redução na área plantada, o que pode ter influência sobre as cotações no ano que vem. Caso o mercado tenha situação de baixa demanda e menor produção, talvez o impacto não seja tão grande.
Mas, em um cenário de retomada da demanda, o mercado pode pagar mais para ampliar a produção. A posição de especuladores está perto do maior volume vendido nos últimos 10 anos. Os especuladores têm uma posição líquida vendida relativamente grande. Se tiver algum fator altista vindo de Estados Unidos e China, existe um potencial de alta rápida com recompra de posições. No Brasil deve haver maior pressão sobre o preço com a safra volumosa que está sendo colhida. Se a Bolsa de Nova York e dólar se mantiverem no mesmo nível, deve existir um pouco mais de pressão nos preços, porque, à medida que a safra for entrando, aumenta a oferta, e alguns produtores que não podem segurar vão ter que acabar ofertando a um preço um pouco mais baixo. Se houver acordo entre Estados Unidos e China, o preço na Bolsa de Nova York pode subir, mas o prêmio do algodão brasileiro no mercado internacional tende a cair. Isso poderá estimular que o algodão seja destinado ao mercado doméstico.
Do lado da demanda interna, a piora nas perspectivas para a economia brasileira neste ano e a fraqueza de vendas no varejo preocupam. Os futuros de algodão fecharam em alta pela quarta sessão consecutiva nesta quarta-feira (24/07) na Bolsa de Nova York. Os ganhos foram sustentados pela notícia de que Estados Unidos e China vão retomar as negociações comerciais na próxima terça-feira (30/07). O vencimento dezembro da pluma ganhou 59 pontos (0,93%) e fechou a 64,32 centavos de dólar por libra-peso. O representante de Comércio dos Estados Unidos e o secretário do Tesouro norte-americano vão viajar para a China para negociações com um grupo liderado pelo vice-primeiro-ministro chinês, Liu He. Os preços do algodão na ICE vêm caindo acentuadamente desde que a China impôs uma tarifa retaliatória de 25% sobre o produto norte-americano, em julho do ano passado. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.